Critérios para a escolha de projetos ambientalmente corretos

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Uma das coisas que sempre me chamou a atenção foi a ênfase dada a critérios econômicos, em detrimento de critérios ambientais, sempre que se opta por um projeto relacionado ao meio ambiente. Assim, as tomadas de decisão sobre quais investimentos deverão ser priorizados, focam, quase sempre o “pay-back” que se obterá com eles. Ou seja, de uma forma simplificada, calcula-se quanto se irá investir, e em quanto tempo se terá o retorno do capital investido, acrescido dos pertinentes encargos financeiros.

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Só que, em termos ambientais, meros critérios econômicos não garantem que os investimentos efetuados serão os melhores. Como exemplo, pensemos em uma simples reciclagem de plástico: será que, em termos ambientais, a energia gasta na coleta, na triagem, na lavagem (e no tratamento da água de lavagem), na compactação, no transporte até ao processador final e no processo produtivo por este aplicado terá algum ganho ambiental quando comparada à simples incineração dos plásticos com aproveitamento do calor gerado? Ou, quando comparado ao tratamento pirolítico dos mesmos plásticos, obtendo-se líquidos de alto valor comercial, além de gases combustíveis?

Pensemos, agora, em algo mais complexo, tal como a instalação de um gerador eólico de grande porte. O “pay-back” econômico é fácil de ser calculado:

Total dos investimentos com os respectivos custos financeiros, divididos pelos KWH produzidos anualmente e multiplicados pelo seu preço unitário. Mas, e o “pay-back” ambiental?

Imaginemos que toda a energia gasta na construção do gerador eólico foi fóssil; assim, teremos de calcular quanta energia foi necessária para a obtenção dos metais utilizados na confecção do equipamento, desde a mineração dos mesmos, quanta energia se gastou no seu transporte até aos fabricantes dos diferentes componentes, a energia gasta na destinação dos possíveis resíduos e efluentes gerados, a energia gasta no transporte dos funcionários das empresas envolvidas, a energia necessária para se levarem todos os componentes até ao local onde será feita a montagem do gerador eólico, a energia gasta durante esta montagem, e, finalmente, o mesmo cálculo em relação ao sistema de transmissão da energia que o gerador irá produzir.

Somada toda esta energia “investida”, e conhecida qual será a energia produzida pelo gerador eólico, ter-se-á, ao se dividir uma pela outra, o “pay-back” ambiental, ou seja, quantos anos de geração de energia limpa serão necessários para se compensar a energia fóssil gasta no processo de montagem do gerador eólico.

À luz destas considerações, e referindo-nos ao gráfico em que se comparam os dois “pay-baks”, o ambiental e o econômico, ter-se-á como critério de decisão, entre vários possíveis projetos, aqueles que tiverem menos tempo de “pay-back” ambiental, em detrimento daqueles em que o “pay-back” econômico possa até ser baixo.

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Dr. Miguel Spohr é diretor da ECOSPOHR e escreveu com exclusividade para o portal AMBIENTAL MERCANTIL Notícias. http://www.ecospohr.com.br/

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