Cerca de 1.500 onças foram mortas ou desabrigadas nos últimos anos na Amazônia

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Imagem: Pixabay

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Dia da Onça-Pintada é lembrado no próximo dia 29. Desafios para a conservação da espécie ainda são grandes no País

A perda de habitat natural – provocada sobretudo pelo desmatamento – e a caça são hoje as principais ameaças para a sobrevivência das onças-pintadas, espécie-símbolo em situação de vulnerabilidade no País. Segundo um estudo publicado em junho deste ano por cientistas brasileiros na revista “Conservation Science and Practice”, realizado entre 2016 e 2019, um total de 1.422 onças foram mortas ou deslocadas, considerando somente a região amazônica, onde a espécie é considerada vulnerável.

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre agosto de 2020 e julho de 2021, meses em que se mede a temporada do desmatamento, a Amazônia Legal perdeu mais de 10 mil quilômetros quadrados de floresta, um aumento de 57% em relação ao período anterior e o pior desflorestamento dos últimos dez anos. Esse cenário, além de agravar o risco de extinção na região, provoca o deslocamento de animais.

“Onças são animais selvagens, que necessitam de um ambiente preservado amplo e robusto, capaz de suprir suas necessidades de deslocamento e alimentação. Tais condições são essenciais à sua sobrevivência”, explica o biólogo Roberto Fusco, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN).

De acordo com a avaliação do risco de extinção da onça-pintada do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a onça-pintada é amplamente distribuída na Amazônia, ocorrendo em aproximadamente 89% do bioma. Apesar da ampla distribuição, estimativas apontam que o tamanho populacional da espécie é inferior a 10 mil indivíduos. Nos últimos 27 anos, houve um declínio de pelo menos 10% da população devido à perda e fragmentação de habitat e à eliminação de indivíduos por caça ou retaliação.

A preocupação com a espécie não se restringe à Amazônia. Ivan Baptiston, também integrante da RECN e analista ambiental do ICMBio, lembra que, no Brasil, as onças estão consideradas extintas no Pampa e criticamente ameaçadas na Mata Atlântica e na Caatinga.

Segundo o especialista, restam aproximadamente 300 indivíduos na Mata Atlântica, espalhados pelos fragmentos que restaram do bioma.

“Exceto na ecorregião do Alto Paraná, no corredor verde entre Brasil e Argentina, onde a população resiste e tem aumentado, no restante do bioma a população de onças-pintadas se mantém a duras penas ou segue em decréscimo. Há muito a fazer para a garantia da existência de populações viáveis desta belíssima espécie”, explica. A onça-pintada (Panthera onca) é o maior felino das Américas e o terceiro do mundo.

Ações de conservação

Para divulgar a importância ecológica, econômica e cultural da onça-pintada, o Ministério do Meio Ambiente criou, em 2018, o Dia Nacional da Onça Pintada. A data – que agora será celebrada pela terceira vez no calendário oficial do País – também é reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) como um dia internacional de proteção da espécie.

Em razão do declínio populacional das onças-pintadas, projetos têm buscado a conservação do animal.

“O desaparecimento desses predadores pode gerar impacto em todo o ecossistema, por meio de um efeito cascata, que começa com o aumento de suas presas, geralmente herbívoros, que por sua vez impacta a composição e estrutura da vegetação. Essa bagunça no ecossistema pode trazer efeitos imprevisíveis, como a perda de biodiversidade, alteração na composição do solo, aumento de espécies exóticas e até mesmo na liberação de patógenos, o que pode potencialmente afetar a saúde humana“, alerta Fusco.

O especialista lançou, em 2020, juntamente com outras pesquisadoras, o Programa Grandes Mamíferos da Serra do Mar, que busca justamente monitorar a população desses animais ao longo de uma grande porção de Mata Atlântica e, assim, gerar dados mais sólidos sobre sua relação com os ecossistemas e subsidiar ações de conservação mais eficazes. O projeto é realizado pelo Instituto de Pesquisas Cananéia (IPeC) e Instituto Manacá, com apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, WWF-Brasil e banco ABN AMRO.

Além dessa iniciativa, outras ações têm ajudado na conservação das onças-pintadas no Brasil, como o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros, o Instituto Onça-Pintada, o Projeto Onças do Contínuo de Paranapiacaba, o Onças do Iguaçu, o Projeto Felinos, a Associação Onçafari, o Programa Amigos da Onça, o Panthera Pantanal, o Ecologia e Conservação de Felinos na Amazônia e o Detetives Ecológicos do Instituto de Pesquisas Ecológicas.

Marion Silva, gerente de Ciência e Conservação da Fundação Grupo Boticário, reforça a importância de projetos e pesquisas que contribuam com a conservação dos habitats de espécies ameaçadas de extinção.

“Além de gerarem conhecimento importante sobre as espécies, muitas dessas pesquisas destacam as oportunidades econômicas sustentáveis que a natureza preservada pode proporcionar, como a observação de fauna, que vem crescendo em nosso país e gerando emprego para populações tradicionais”, afirma.

Características

Originalmente, a onça-pintada podia ser encontrada desde o sudoeste dos Estados Unidos até o centro-sul da Argentina e Uruguai, habitando diferentes tipos de ambientes, de florestas tropicais e subtropicais até regiões semidesérticas, de preferência ambientes próximos de curso d’água.

Contudo, devido principalmente à perda de habitat por fatores antrópicos, atualmente a espécie é considerada extinta nos EUA, se restringindo às planícies costeiras do México, países da América Central (com exceção de El Salvador) e na América do Sul (exceto Uruguai). No Brasil, ela originalmente ocupava todos os biomas, mas não há mais relatos da espécie na região do Pampa.

A espécie tem a mordida mais forte entre todos os felinos do mundo. O corpo é revestido por pintas negras, formando rosetas com diferentes tamanhos, geralmente grandes com um ou mais pontos negros no seu interior. O aparecimento de indivíduos melânicos (onça-preta) não é raro, e mesmo nesses casos as rosetas podem ser vistas em contraste com a luz.

As onças têm hábito solitário, podendo ser ativas durante o dia e à noite. É um animal terrestre, mas escala árvores e nada muito bem. Se alimenta de vertebrados de médio e grande porte, como anta, porco-do-mato, veado, tamanduá, capivara, jacaré, quati, entre outros.

Machos e fêmeas encontram-se apenas no período reprodutivo; geram em média dois filhotes que permanecem com a fêmea até os dois anos de idade. Os machos possuem territórios maiores, que podem se sobrepor aos de várias fêmeas. Assim como outros grandes felinos, a onça-pintada requer uma grande área para sobreviver. Sua presença em grande densidade, portanto, serve como um indicador da qualidade de conservação daquele ecossistema.

Crédito:
Imprensa | Fundação O Boticário

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