O ano é 2021, mas a conta de luz ainda é a internet discada dos anos 90

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O ano é 2021, mas a conta de luz ainda é a internet discada dos anos 90
O ano é 2021, mas a conta de luz ainda é a internet discada dos anos 90

Imagem: Divulgação | Por Dani Paes, fundadora da Fohat Corporation

PRÊMIO INTERNACIONAL 2023

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Mais do que um serviço, ter um telefone fixo ou algumas linhas telefônicas era símbolo de status e bons negócios nos anos 80. Já um celular era quase um objeto de luxo antes da privatização das teles no final da década seguinte, quando se pagava milhares de reais por aparelhos que faziam somente ligações, e o serviço era centralizado em operadoras estatais, que variavam de acordo com o estado da federação.

Para quem não viveu aquela época, pode parecer algo arcaico ou pouco palpável hoje em dia em que o mundo anda tão digitalizado em todas as instâncias.

Mas, o que vimos no cenário das teles há 30 anos é parecido com o que acontece hoje, no setor energético onde temos um modelo predominantemente centralizado na geração, preços altos na tarifação e existência de reserva de mercado na ponta de comercialização. Isso fica mais evidente agora com o aumento das contas de luz, reflexo da crise hídrica (que avança sobre o país) e que pode vir a ser a maior dos últimos 90 anos no Brasil.

Entretanto, é possível virar essa chave e transformar esse cenário. Uma das principais pontas do tripé para a modernização do nosso sistema energético é uma eventual mudança na atual regulamentação ou a falta dela em alguns pontos. As outras duas, são inteligência energética com infraestrutura tecnológica e, claro, vontade política.

Dependendo da aprovação do projeto de lei 414/2021, que já está na Câmara Federal, depois de já ter passado pelo Senado, a abertura total do Mercado Livre de Energia deve facilitar a migração de mais de 80 milhões de consumidores para um modelo de compra e venda de livre escolha. O projeto também permite portabilidade da conta de luz, semelhante ao que já existe na telefonia, onde consumidor é livre para escolher o serviço contratado,  fornecedor  e preço. Hoje estima-se que comprar energia Ambiente de Contratação Livre (ACL) é 34% mais barato.

Se toda a energia produzida no país, em especial a originada de fontes renováveishidráulica, eólica, solar e biomassa — pudesse ser vendida livremente, haveria maior concorrência de preços.

Dessa forma, a lei de oferta e procura determinaria um preço final mais interessante para o consumidor, além de favorecer toda a cadeia. É o que já acontece em países como Portugal, Estados Unidos e Canadá, por exemplo, onde todo o mercado é livre, inclusive para o consumidor residencial.

Ao passar, a 414/2021 colocaria o Brasil em um outro patamar de competitividade porque a energia é um item básico na composição de preços de praticamente toda a indústria, comércio e agronegócio. Além do preço no custo de produção, na ponta do mercado consumidor, a nova lei pode provocar o desenvolvimento de um setor inteiro com novas empresas e postos de trabalho na área de geração. Sim, porque destravando a comercialização, amplia-se a atratividade na geração, inclusive, de fontes renováveis num processo que pode acelerar a descarbonização da economia, apenas para citar um dos benefícios.

Mas para que isso possa ser uma realidade, tirando o aspecto regulatório, é necessário a integração em todas as partes envolvidas: da geração até o consumidor que recebe a energia em sua empresa ou casa.

E isso só é possível com uma infraestrutura tecnológica para conectar e digitalizar todos os processos do fluxo energético, desde a fonte geradora, passando pelos aspectos contratuais e financeiros no lado da venda, até a distribuição.

Numa comparação simples, esse processo no setor energético seria tão disruptivo quanto transformar a internet discada em fibra ótica. Essa inteligência de negócio, apoiada por uma tecnologia de ponta, viabilizaria o consumidor comprar e receber eletricidade no seu interruptor, de forma rápida, simples e barata.

Menor dependência de hidroelétricas também entra na conta

Com opção de escolha por tipo de energia, preço e fornecedor, o consumidor  poderia contribuir para um maior equilíbrio do sistema brasileiro.

Como? Optando por comprar energia de uma fonte mais próxima de sua localização, por exemplo. Isso evitaria a necessidade de investimentos exponenciais no aumento de linhas de transmissão e distribuição dentro de um país de dimensões continentais, o que  impacta  nos custos para entregar a commodity para a população.

Atualmente, como se sabe, quando as chuvas diminuem, o impacto sobre o preço é imediato porque se completa um efeito dominó: as hidrelétricas geram menos energia, sendo necessário aumentar o uso das termelétricas, cujo custo de produção é bem maior. 

Como estamos no período de seca na maior parte do país, o anúncio da elevação nos preços das contas de luz acende, mais uma vez, um alerta para o modelo defasado que é adotado no setor energético no país. Sem repensarmos esse cenário sob a ótica de transição energética, veremos que a regulamentação acompanhada por maior diversidade na geração, modelos que promovam autossuficiência e digitalização de ponto a ponto, podemos mitigar e evitar o risco de desabastecimento e de ter picos de preços.

É preciso urgentemente discutirmos se queremos pagar uma conta de luz parecida com as contas de celular dos anos 90, cheia de salgadas chamadas DDDs, restrições e falta de autonomia ou ter acesso e poder de escolha para ligações ilimitadas por preços competitivos dos tempos atuais.

Sobre Dani Paes

Dani Paes, 38, é pesquisadora de desenvolvimento humano, professora e fundadora da Fohat Corporation, think tank brasileira de energy intelligence, que pesquisa e cria modelos de negócios digitais e soluções de inovação que resolvem demandas em mercados globais em transição energética. A empresa conta com duas energytechs, a Fohat eTech Global e Fohat eTech Australia, que desenvolvem soluções digitais para os segmentos de geração e comercialização com base tecnológica avançada em alinhamento integral às diretrizes descarbonização, descentralização e digitalização em processos energéticos.

Site oficial: https://fohat.co/pt/

Crédito:
Imprensa | Fohat Corporation 

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