CORONAVÍRUS MUDA CENÁRIO ECONÔMICO – ENTREVISTAS COM EMPRESÁRIOS BRASILEIROS

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Por Ângela Schreiber Foto: Pixibay

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Ninguém tem dúvidas de que o coronavírus abalou a economia mundial. Empresas precisaram se reinventar de forma muito rápida, não importando se são pequenas, médias ou grandes. Quem trabalha na área ambiental também sentiu os impactos da mudança e tenta driblar a crise.

Conforme matéria da CNN Brasil publicada no site https://24horas.com.br/ no dia 21 de março, o comércio nas principais cidades do Brasil estava fechado, e metade dos estados brasileiros havia declarado calamidade pública. Tudo por causa da pandemia de coronavírus.

Mesmo que a economia seja prejudicada, algumas empresas defendem o distanciamento social e o reforço das medidas drásticas, como forma de conter o coronavírus. As informações foram publicadas no dia 01 de abril no site https://economia.uol.com.br/.

Em meio a tantas dificuldades, profissionais de diversas áreas fazem o que podem.

OMEGA RBO – RECICLAGEM DE ÓLEO USADO

Fabrício Brito e sua esposa Andréia dos Santos Bizerra comandam a Omega RBO, empresa de coleta e reciclagem de óleo usado, em Salvador (BA). Com o fechamento de bares e restaurantes, a Omega RBO ficou sem matéria-prima. Fabrício e Andréia acreditam que, de forma gradativa, tudo volte ao normal depois que a pandemia passar

“Fomos tão afetados quanto. Reduzimos a carga horária [dos funcionários]. Infelizmente, alguns dos nossos clientes podem não aguentar e fechar”, diz Fabrício Brito.

As recomendações do governo mencionadas por Fabrício estão na Medida Provisória (MP) 936, criada para preservar o emprego e a renda do trabalhador durante a pandemia do coronavírus, bem como garantir a continuidade das atividades laborais e empresariais. A MP 936 também tem por objetivo reduzir o impacto social resultante da emergência na saúde pública e do estado de calamidade pública.

SMO AMBIENTAL CONSULTORIA

A pandemia do coronavírus trouxe uma mudança de agenda para Suliany Marcelino Ordakowski. Proprietária da SMO Ambiental, microempresa de consultoria, assessoria e treinamentos na área ambiental em São Leopoldo (RS), ela precisou reagendar cursos programados para março e abril. Ela também presta atendimento a uma multinacional e confidenciou que o lado financeiro foi um pouco afetado. A tecnologia ajudou a microempresária a seguir trabalhando.

A pandemia do coronavírus trouxe uma mudança de agenda para Suliany Marcelino Ordakowski (à direita, com o Técnico em Meio Ambiente Luiz Henz). 

“Pesou em parte [o lado financeiro], porque deixei de realizar novos trabalhos. Ainda não deu para sentir um grande impacto. Estou me organizando para ministrar um curso pelo Skype. Vai ser minha primeira experiência”, disse ela, que trabalha em parceria com o técnico em meio ambiente Luiz Henz.

No dia 7 último, o Senado aprovou o Projeto de Lei (PL) 1282/2020, o qual cria uma linha de crédito para micro e pequenas empresas durante o período da pandemia do coronavírus. As estimativas apontam que serão destinados R$ 13,6 bilhões ao programa, sendo que R$ 10,9 bilhões serão repassados pelo Tesouro à Caixa Econômica Federal e ao Banco do Brasil. O valor de R$ 2,7 bilhões será aportado pelos bancos

“As instituições financeiras públicas e privadas possuem os recursos para empréstimos, mas não os concedem porque, temporariamente, os riscos dos tomadores de empréstimos não podem ser adequadamente calculados”, declarou a senadora Kátia Abreu (PP-TO), relatora do projeto.

ECOLBIO CONSULTORIA AMBIENTAL

Quem também está se beneficiando da tecnologia, nestes tempos de pandemia, é o consultor, assessor e auditor ambiental Reginaldo dos Santos Almeida. O trabalho de campo foi substituído pelo método home office e pelo escritório.

Proprietário da Ecolbio – Consultoria e Assessoria Ambiental em Salvador (BA) e auditor da Ecolmeia – Organização Socioambiental , empresa de certificações ambientais com sede em São Bernardo do Campo (SP), Reginaldo teve contratos para os meses de março e abril suspensos. Para o período pós-quarentena, ele não demonstra otimismo. Sobre às perdas profissionais e financeiras, Reginaldo diz:

“Não tenho nem ideia de como seria para mensurar estes danos. Acho que a economia não vai deslanchar. A longo prazo, lá por janeiro [2021], acredito que as coisas voltem ao normal”.

Em entrevista à CNN Brasil, o presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, disse que a economia deve começar a melhorar no último trimestre deste ano, e que 2021 “é um ano de recuperação boa”. Para a maioria das economias mundiais, a retomada dos níveis de produção anteriores à pandemia deve acontecer em dois ou três anos. A informação foi publicada em um relatório emitido por Nariman Behravesh e Elisabeth Waelbroeck-Rocha – economista-chefe e economista-chefe internacional, respectivamente – da IHS Markit.

ECOPOTECNCO ENERGIA SUSTENTÁVEL

As dificuldades encontradas pelo cofundador da ecoPotenco Energia Sustentável em Salvador (BA), Sérgio Vieira (acima, à esquerda), são compensadas por outros trabalhos, tais como projeto de energia solar fotovoltaica, projeto elétrico e reuniões técnicas. Apesar de assustado com uma possível prorrogação da quarentena, ele mantém o otimismo e aposta em melhorias contínuas. A equipe vem trabalhando na modalidade home office desde meados de março.

“Atividades que não obrigatoriamente requerem presença física com os clientes. Seguimos atentos para ofertar ao mercado regional tecnologia como forma de antecipar o futuro, e complementando este cenário, temos os vetores da segurança, da qualidade e da sustentabilidade”, disse ele.

Otimismo e mudanças

Uma matéria publicada no https://g1.globo.com/ mostra que o presidente do Sistema Federação das Indústrias no Estado do Mato Grosso (Fiemt), Gustavo de Oliveira, está otimista. No último dia 3 de abril, durante uma transmissão pela internet, ele disse:

“A pandemia tem início, meio e fim. A gente tem que salvar a economia porque é algo temporário. Não faz sentido deixar ninguém quebrar.”

Para o presidente da Fiemt, é importante que os donos de grandes empresas ajudem os pequenos empresários, e que o governo federal abra linhas de crédito, socorrendo assim grandes e pequenos empresários. A transmissão, da qual participou  o economista e jornalista Luís Artur Nogueira, teve como objetivo debater o aspecto econômico no Mato Grosso e no Brasil, após a pandemia de coronavírus.

INSTITUTO ÁGUA SUSTENTÁVEL

O Instituto Água Sustentável (IAS) em Cotia (SP), também foi pego de surpresa. Segundo a presidente e conselheira Bruna Soldera (com Dr. Everton de Oliveira, diretor do IAS), o lançamento do projeto “Professor Água” só foi possível graças a um patrocínio.

“Fomos de certa maneira prejudicados e prolongamos um pouco mais nossos objetivos. Estamos fazendo um melhor planejamento de nossas ações”, disse ela.

            O IAS também está preocupado com outra questão.

“As áreas mais vulneráveis do país já sofrem com falta de água e/ou saneamento. Acho que o coronavírus veio para evidenciar esta situação”.

            Como forma de ajudar a alavancar a economia, o IAS está buscando parcerias para ações sustentáveis e em prol do meio ambiente e da comunidade.

“Nossa equipe é composta de profissionais bastante qualificados, que não hesitam em unir forças para não sofrermos tanto com a crise econômica que pode vir a se instalar. Acho que este é o momento de estabelecer parcerias, buscar apoio para criar soluções e planejamento para o futuro”.

            De acordo com matéria publicada no site https://exame.abril.com.br/, em 25 de março último, auxílio financeiro e plataformas para facilitar o home office são algumas das soluções disponibilizadas por startups e grandes empresas. Como exemplo está a Apponte.me, plataforma de registro de ponto, que ofereceu seus serviços de forma gratuita por 60 dias. Os 350 contatos recebidos em uma semana eram, em sua maioria, de pessoas e empresas que não conheciam a Apponte.me.

“O brasileiro não está acostumado a fazer home office. Mas, com essa crise, muitas pessoas vão descobrir que o modelo funciona e pode até aumentar a produtividade. É uma descoberta boa desse período difícil”, disse Daniel Godoy, presidente da Apponte.me.

QUINTAL URBANO – SÃO LEPOLDO – RS

Correria é a palavra que mais define o Quintal Urbano, restaurante e loja de produtos naturais e orgânicos em São Leopoldo (RS). Martin Sander e a esposa, Suélen Almeida Garcia, começaram a receber ligações.

“Iniciamos as entregas de pequenas cestas. Reunimos tudo o que o cliente precisa e alguém leva para ele. Para nós está sendo um momento muito grande de aprendizagem e adaptação”, disse Martin.

Segundo ele, a loja se transformou num depósito online. Existe também a opção de retirar na loja. Porém, as longas conversas, regadas a chá ou chimarrão, acabaram. Envolvido com a higienização da loja, mudança de layout e muitas planilhas, o casal pretende continuar com as vendas online, depois que passar a pandemia.

“Agora a loja vai até o cliente. De preferência, gostaríamos de manter o atendimento [presencial], mas neste momento, atendemos na porta. A pessoa praticamente não entra”.

A crise provocada pelo coronavírus mudou a forma de se relacionar com o cliente. O chef Dan Barber, que comanda o restaurante-fazenda Blue Hill at Stone Barns, na região de Nova York, inovou ao criar caixas de entrega. Dentro delas estão os ingredientes que ele próprio cultiva e produz. Segundo ele, as caixas são uma “versão desempacotada” do seu restaurante.

Para não perder matéria-prima e insumos estocados, o chef Marcelo Schambeck, do Capincho em Porto Alegre (RS), usou a criatividade. Carne de panela, arroz de camarão, estrogonofe e costela ao molho de carne são algumas das opções. As informações sobre os dois restaurantes estão no site https://www.uol.com.br/ .

“Com todo o mundo em casa de repente tendo que cozinhar, porcionamos tudo, congelamos e vendemos kits para os nossos clientes apenas finalizarem”, disse ele.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

                Professor Titular da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEAC) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Reynaldo Rubem Ferreira Júnior disse que, nos 30 anos em que acompanha a conjuntura econômica nacional e internacional, nunca viu uma crise desta proporção no Brasil.

“Diferentemente da crise financeira de 2008, que se transformou em uma crise nos setores produtivos, a singularidade dessa crise em relação às demais está em seu gatilho. O lockdown do setor produtivo no caso atual, em escala global, está sendo determinado pela estratégia de isolamento social (quarentena) adotada pelos governos para minimizar o contágio da população”, disse ele.

            Entre os economistas, segundo Reynaldo, há um relativo consenso sobre a necessidade de mobilização de recursos orçamentários, com o objetivo de fortalecer o sistema de saúde.

“Na aquisição de testes, respiradores, ampliação do número de leitos nas UTIs, máscaras faciais de proteção, contratação de profissionais de saúde, etc. Sem falar da reconversão industrial para a produção interna desses itens”.

ENGENHEIRO, CONSULTOR EMPRESARIAL E COACH DE CARREIRAS

Na opinião do consultor de sustentabilidade corporativa e coach de gestores e carreiras Abraão Rodrigues Lira, voltaremos ao que ele chama de “novo normal” ou “nova realidade”, porém nada será como antes.

“Não voltaremos mais à normalidade, quem hoje está dizendo isso está equivocado”, disse ele, complementando que usaremos a expressão “Pós-Covid-19”.

Ainda segundo Abraão, as empresas, independente do porte econômico, precisam resetar sua forma de operar.

“Esse é o momento do empresariado brasileiro e mundial repensar seu negócio e se fazer a seguinte pergunta: devo continuar fazendo tudo do mesmo jeito que fazia antes ou devo inovar em tudo o que faço?”

Perguntado se podemos comparar este período com a Grande Depressão dos anos 1930, Abraão disse que sim. “Mas agora a fonte e a causa do problema são outros”. Também conhecida como Crise de 1929, a Grande depressão persistiu ao longo da década de 1930. As taxas de desemprego eram altas e diversos países tiveram uma queda radical no Produto Interno Bruto (PIB). Estados Unidos, Alemanha, Itália, França e Reino Unido foram alguns dos países duramente atingidos.

Abraão disse que, neste momento, é fundamental manter-se positivo, bem como mudar alguns hábitos da rotina. “Procurar ler um livro, ao invés de ler as mesmas notícias negativas sobre a Covid-19”. Para ter mais otimismo, ele recomenda.

“Exercite a ressignificação de suas emoções e das atividades da sua empresa. Veja qual o seu papel na sociedade e com os seus empregados”.

Ângela Schreiber, Relações Públicas e Jornalista freelancer, escreve para os canais AMBIENTAL MERCANTIL. Contato:
angela.usa.brasa@hotmail.com 

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