Derramamento de óleo no Nordeste continua uma incógnita

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@Mateus Morbeck
Foto: @Mateus Morbeck

Ainda não há uma confirmação sobre a responsabilidade do derramamento de petróleo no Nordeste. Segundo a Petrobrás, o óleo é proveniente da Venezuela. Voluntários não têm poupado esforços para tentar salvar os locais atingidos. Um grupo no Instagram se mobiliza para organizar mutirões. Especialistas alertam para o contato com o óleo sem equipamentos de proteção.

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No dia 25 de outubro, a Petrobrás informou que o petróleo é originário de três campos da Venezuela.

“A origem do vazamento é outra coisa. A origem do vazamento a gente entende que é da costa brasileira”, afirmou o Diretor de Assuntos Corporativos da Petrobrás, Eberaldo Neto, durante entrevista coletiva com o objetivo de comentar os resultados da Petrobrás no terceiro trimestre. As informações são do g1.globo.com.

Voluntários têm se mobilizado para limpar as praias. Devido à alta toxicidade do produto, os pesquisadores alertam para a necessidade do uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).

“É importante dizer que a saúde delas está em risco e o cuidado com a vida de todos deve ser prioridade, em todo e qualquer momento”, disse a organização não governamental WWF Brasil, em sua página no Facebook.

De a acordo com a matéria publicada pela BBC, há possibilidade do óleo ter vindo de um petroleiro recarregado com petróleo venezuelano, pois a maior parte do petróleo bruto da Venezuela está seguindo para a Ásia, por uma rota que passa perto da área costeira do Brasil, região drasticamente afetada pelo derramamento. As exportações de petróleo bruto da Venezuela são atualmente a mais importante fonte de receita deste país. Porém, nos últimos meses, novas e mais duras sanções foram impostas pelos Estados Unidos a este comércio. Então, os mercados asiáticos tornaram-se os principais destinos de exportação da Venezuela, fazendo do Atlântico a principal rota de transporte.

Uma teoria é que houve um acidente no mar e o navio, possivelmente com os sinalizadores de localização desligados, os “Transponder“, não fez a comunicação devida do acidente. A Venezuela afirma não ter recebido quaisquer notícias de um derrame de petróleo dos seus clientes ou filiais. Outra especulação, é que a carga de óleo tenha sido de um navio naufragado. Uma terceira teoria é que o vazamento veio de uma transferência de carga de óleo de um navio para navio, que deu errado.

O governo brasileiro diz que está investigando uma série de navios que estavam passando por sua costa no momento em que o derramamento foi detectado pela primeira vez.

Membro do movimento voluntário da Guardiões do Litoral, a engenheira química Edisiene de Souza Correia é a responsável pela articulação entre o grupo e pessoas ligadas ao Governo Federal e ao Ministério Público Estadual. O grupo, que começou no dia 11 de outubro com menos de 20 amigos, hoje conta com 98 pessoas no grupo de WhatsApp que funcionam como olheiros e voluntários em várias praias. “Temos quase 32 mil seguidores no Instagram”.

“Repasso as informações que coletamos na nossa rede de contatos: surfistas, moradores, pescadores, biólogos, professores, donos de pousadas”, disse ela.

As ações do Guardiões do Litoral são postadas no perfil @guardiões_do_litoral, no Instagram.

“Organizamos os mutirões, solicitamos EPIs e doações, conforme gravidade e área atingida no litoral da Bahia”. Segundo Edisiene, existe uma separação de atribuições no grupo. “Tenho atuado nas articulações institucionais, atendimento e orientação de algumas pessoas interessadas em ajudar, usando até o espaço de minha empresa para receber alguns EPIs”. Os equipamentos são separados e encaminhados até as comunidades atingidas, como Moreré, Garapuá e Poças.

Algumas impressões exclusivas do acidente nas praias de Bahia

Crédito: @Mateus Morbeck

Origem e destino do petróleo

Edisiene está em contato com algumas instituições governamentais, e afirma que existe uma mobilização.

“Mas precisamos entender a gravidade e a dimensão do que estamos lidando. São mais de 2.000 km de costa atingidos. O panorama delineado pelo derrame exigiu um constante alerta e mobilização pulverizada em cada praia, pois não sabíamos onde o óleo iria aparecer. A cada mudança de maré vivíamos um sobressalto”.

            Em meio à discussão sobre a origem do óleo, pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) estudam transformar o petróleo cru, encontrado nas praias, em carvão.

“Conforme informação da professora [Zenis Novais da Rocha, responsável pela pesquisa], a universidade só tem capacidade de receber pequenas quantidades, usa 50kg por batelada. Seria como um piloto, validando o processo para que algum investidor possa implementar no futuro. Ou seja, para as quantidades que estão sendo coletadas nesta emergência, não podemos contar isto como uma solução”, afirmou Edisiene.

A engenheira química, que se graduou na UFBA, faz um alerta. “Devido à toxicidade do material coletado, um ponto que exige observação é o acondicionamento e a disposição final com certa brevidade, para que possamos evitar contaminação em outros locais, por lixiviação, ou até a disposição em lixões, principalmente em cidades menores que não possuem aterros industriais ou empresas de coprocessamento”.

Trabalhando com meio ambiente e sustentabilidade desde 1998, Edisiene de Souza Correia é Mestre em Pesquisa e Desenvolvimento de Processos Químicos pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). De 2001 a 2016, gerenciou equipe multidisciplinar do SENAI-Bahia na execução de projetos ambientais para atender diferentes demandas, tais como avaliação de impacto ambiental, gerenciamento de resíduos, estudos e monitoramento ambientais e cooperação internacional. Atualmente é sócia da consultoria ambiental Correia & Prestes Tecnologia Ambiental.

Por Ângela Schreiber,
Comunicação Ambiental Mercantil

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