Mercado de biogás e biometano em acelerada expansão no país

Foto: Ralf Geithe - Shutterstock
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Imagem: Divulgação | Iniciativas e projetos de bioenergia e biocombustíveis aumentam após incentivo do governo federal ao uso sustentável.

Abril de 2025 – O Brasil é um dos países que está buscando incentivar o uso sustentável de biogás e biometano. Com a aprovação do Decreto Federal nº 11.003, de 21 de março de 2024, foi instituída “Estratégia Federal de Incentivo ao Uso Sustentável de Biogás e Biometano”, visando fomentar o uso dos mesmos como fonte renovável de energia e combustível e incentivar programas e ações voltados a reduzir as emissões de metano. Esta medida visa contribuir para que o país cumpra os compromissos assumidos no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU) em prol do meio ambiente e da redução da poluição.

“Nos termos do decreto, o biogás consiste em um combustível cuja composição contem metano obtido de matéria-prima renovável ou resíduos orgânicos, enquanto o biometano é um derivado do biogás, mas composto essencialmente de metano”, explica Nahima Razuk, sócia do escritório Razuk Barreto Valiati. “Quem estabelece as especificações técnicas desses combustíveis é a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, a ANP”, ressalta.

Uma pesquisa realizada pela consultoria SNS Insider mostrou que o mercado de “Waste to Energy Market” deve ter um crescimento global de 4,7% até o fim desta década. Em 2022, esse mercado era estimado em US$ 33,6 bilhões e deve chegar a US$ 48 bilhões em 2030. Esta abordagem visa eliminar resíduos, gerando eletricidade ou calor a partir de várias fontes: resíduos sólidos urbanos, industriais, agrícolas e até mesmo perigosos.

“Cria vantagem na gestão de resíduos sólidos e na geração de energia limpa”, resume Razuk.

Na visão de representantes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o potencial do biogás e do biometano é “igual ou maior do que o do hidrogênio no Brasil”. A afirmação é do gerente setorial de Gás, Petróleo e Navegação do BNDES, André Pompeo, em evento realizado pela Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (Abren).

Projetos que saíram do papel no Brasil

Em 2023, o Paraná se destacou como maior produtor de biogás do Brasil, contando com 426 plantas, segundo levantamento da Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás).

Nahima Razuk
Foto: Nahima Razuk

“No setor de saneamento básico, no qual temos larga atuação, tivemos a oportunidade de contribuir no projeto da Usina de Termoelétrica a Biogás (UTB), em operação em Ponta Grossa, desde 2021,” explica Nahima.

De acordo com ela:

“A usina faz o tratamento dos resíduos orgânicos da coleta pública, transformando-os em biogás por meio do processo de biodigestão. Dessa forma, o empreendimento, que gera energia limpa para abastecer prédios públicos, se tornou referência no cenário brasileiro“.

Dados da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema) apontam que o país, em 2022, gerou 81,8 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos. Isso representa 224 mil toneladas diárias – ou 1,043 kg de resíduos por dia por habitante do país.

“Estamos falando de uma matéria-prima que está disponível em todo o país de forma ampla e irrestrita”, afirma Nahima, que atua na assessoria jurídica de empresas do setor.

O fato de o país ter buscado mecanismos para incentivar ações para redução de emissão de metano e fomentar o uso de biogás e biocombustíveis contribui para o aumento do número de projetos. Um deles foi lançado oficialmente no meio de junho de 2024 pela Itaipu Binacional, que inaugurou a primeira planta piloto do país voltada à produção de combustível sintético a partir do biogás, com capacidade de geração de 6 quilos de combustível sustentável destinado à aviação.

“Neste tipo de projeto, mais do que a capacidade de execução e de produção inicial, é importante observar seu potencial econômico e de alinhamento com a agenda ESG. Tratam-se de iniciativas importantes para diversificar a oferta de combustíveis de fontes renováveis, com opções mais sustentáveis e de encontrar caminhos para o aproveitamento energético de resíduos diversos, que podem ser de aterros sanitários, de tratamento de esgoto e agricultura e pecuária”, destaca Nahima Razuk, que também é advogada especialista e certificada em Investimentos Sustentáveis.

Site Oficial: https://razuk.adv.br

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