
Imagem: Will Recarey | Rodrigo Tavares, gerente de Meio ambiente do aeroporto Salvador Bahia Airport concede entrevista exclusiva para Ambiental Mercantil Notícias
- Por Ângela Schreiber
Junho de 2020 – O Aeroporto Internacional de Salvador foi reconhecido pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) como o “Aeródromo Mais Sustentável do Brasil em 2019”. A conquista, além de ser motivo de orgulho para a equipe, é o resultado da adesão do aeroporto à Air Pact, política ambiental da VINCI Airports, operadora que administra o Salvador Bahia Airport. De acordo com o site www.salvador-airport.com.br, os aeroportos participaram de forma voluntária do “Aeródromos Sustentáveis”. Atendendo a 33 dos 36 quesitos avaliados, o aeroporto alcançou a pontuação de 88,85% e suas ações sustentáveis foram consideradas de nível avançado. Gestão de resíduos, gestão organizacional e educação ambiental foram alguns dos 36 indicadores levados em conta.
“Estamos muito felizes com esse reconhecimento e orgulhosos por colocar o Salvador Bahia Airport e a VINCI Airports como referência em sustentabilidade no Brasil”, declarou o gerente de meio ambiente do aeroporto, Rodrigo Tavares, em entrevista ao canal de notícias Ambiental Mercantil.
Entre os aeroportos participantes estão: Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Galeão, Aeroporto de Joinville, Aeroporto Internacional de Manaus, Aeroporto de Campina Grande, Aeroporto Internacional de Maceió e Aeroporto Internacional de Brasília. Júlio Ribas, diretor-presidente do Salvador Bahia Airport, afirmou que a equipe está alinhada à Air Pact, política ambiental global da VINCI.
“Apostar no uso de novas tecnologias, aperfeiçoar os processos e engajar os colaboradores em prol da sustentabilidade são pilares que fazem parte do nosso compromisso desde que assumimos a concessão do terminal”, disse ele. As informações foram publicadas no site www.aeroin.net.
A VINCI Airports pertence ao grupo francês VINCI e obteve a concessão do Salvador Bahia Airport em 2017. As operações no aeroporto brasileiro iniciaram em janeiro de 2018. De acordo com o site www.vinci-airports.com, a empresa foi a primeira do setor aeroportuário a criar uma estratégia ambiental global, e planeja atingir suas metas sustentáveis em 30 anos.
“Os principais objetivos até 2030 são reduzir pela metade o consumo de água, ter 100% dos aeroportos Aterro Zero, eliminar 100% do uso de pesticidas, reduzir em 50% a pegada de carbono e, ainda, zerá-la até 2050”, explicou Rodrigo.
Sustentabilidade e desafios
O primeiro projeto sustentável implementado no aeroporto, segundo o gerente de meio ambiente, foi a Estação de Tratamento de Efluentes (ETE).

“Desativamos uma estação com 30% de eficiência e a substituímos por outra com eficiência de 99,5%, atendendo aos parâmetros de reuso de água para usos não nobres, como vasos sanitários e torres de resfriamento. Sendo assim, inserimos na nossa gestão de efluentes o conceito de economia circular, em que utilizamos o efluente como matéria-prima para um processo produtivo, e o transformamos em algo extremamente nobre, que é a água. Cem por cento da água de reuso produzida pela nossa ETE abastece os vasos sanitários e torres de resfriamento do aeroporto, reduzindo em 37% o nosso consumo de água potável”.
De acordo com Rodrigo, a implementação da ETE rendeu ao Salvador Bahia Airport o título de primeiro Aeroporto Zero Efluentes do Brasil e da VINCI Airports.
“Acho que o maior desafio desse projeto foi a quebra de paradigma, ao construir algo que ainda não existia em aeroportos do Brasil e do Grupo [VINCI]. Além de mudar o conceito que se tem do esgoto, deixando de enxergá-lo como um rejeito de fim de processo e sem valor, e passando a olhá-lo como um insumo importante para a produção de água de reuso”.
O projeto de gestão da água no Salvador Bahia Airport tem ainda bicos arejadores nas torneiras do terminal, o que reduz a vazão da água sem afetar a percepção do usuário.
O conceito de economia circular também foi aplicado na gestão de resíduos sólidos. Em 2017, apenas 1% dos resíduos do aeroporto eram reciclados.
“Cem por cento dos nossos resíduos passaram a ser considerados como insumos para processos produtivos”.
Isto foi possível graças à reestruturação do fluxo operacional de resíduos e a criação da nova Central de Resíduos.

na Central de Resíduos própria do aeroporto.
“Iniciamos a implantação de uma cultura de coleta seletiva no aeroporto. Na nossa nova Central de Resíduos, implementamos a segregação dos resíduos sólidos e lhes damos a destinação correta para empresas licenciadas, as quais os utilizam como matéria-prima para a reciclagem e geração de energia”.

Aeroportos do Brasil e do exterior estão cada vez mais sustentáveis. Em fevereiro do ano passado, a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) inaugurou a Central de Resíduos Sólidos (CRS) no Aeroporto de Goiânia/Santa Genoveva. Alinhada com os aspectos ambientais da área aeroportuária, a Infraero elaborou a publicação “Aspectos Ambientais em Aeroportos”, a qual está disponível para download gratuito na página da empresa. A política de meio ambiente da Infraero começou em 2018.
O site www.viagens.sapo.pt listou os aeroportos mais ecológicos do mundo. Entre eles está o Aeroporto de Seymour, no Equador. Localizado nas Ilhas Galápagos e construído em 2012, o aeródromo conta com materiais reciclados em cerca de 80% de sua infraestrutura. Projetado para funcionar completamente a energia solar e eólica, o Aeroporto de Seymour tem 35% do total de sua energia vinda de painéis fotovoltaicos e 65% fornecida por moinhos de vento.
A preocupação com a sustentabilidade rendeu também ao Salvador Bahia Airport o título de Primeiro Aeroporto Aterro Zero do Brasil. A conquista, segundo Rodrigo, aconteceu em menos de dois anos e em meio a muitos desafios.
“Revisão do fluxo operacional de resíduos, desde a geração, coleta, transporte interno, segregação, até a destinação final”.

Segundo o site https://aeroin.net, o Aeroporto de Salvador pretendia ter 100% de reaproveitamento dos resíduos até 2022, mas a meta foi atingida em janeiro deste ano. O índice de reaproveitamento de resíduos chegou a 34% no final de 2018, e a 69% no final de 2019. Antes da VINCI Airports iniciar sua operação, 99% dos resíduos do Salvador Bahia Airport eram destinados para aterro sanitário.
Na opinião de Rodrigo, mais importante do que recuperar os resíduos é evitar a sua geração.
“Estamos trabalhando para evoluir nossa cultura para a redução da produção de resíduos, e isso significa envolver ainda mais toda a comunidade aeroportuária, as companhias aéreas e nossos passageiros”.
Na tentativa de reduzir ao máximo o lixo gerado pelas concessionárias de serviços, o Aeroporto Internacional de São Francisco, nos Estados Unidos, lançou em 2018 o Zero Waste SFO. Como parte da estratégia, em agosto do ano passado o aeroporto proibiu lounges de companhias aéreas, bares, restaurantes e lojas de vender ou distribuir garrafas de água plásticas descartáveis para os passageiros e funcionários. As informações estão no site www.conexaoplaneta.com.br.
A sustentabilidade do Salvador Bahia Airport conta ainda com a instalação de uma usina solar. De acordo com o site www.salvador-airport.com.br, o investimento é de R$ 16 milhões. Além de suprir mais de 30% do consumo atual do terminal de passageiros, a usina vai diminuir em 30% a pegada de carbono do aeroporto.
O ambicioso projeto envolveu alguns desafios, como posicionar a usina fora do limite de segurança da pista e respeitar as distâncias mínimas e alturas máximas da regulamentação do setor aéreo.

“A usina solar é um projeto feito com muito carinho, mas que ao mesmo tempo é bastante complexo e envolve outra quebra de paradigma. Para instalarmos os painéis fotovoltaicos, buscamos uma área que atendesse aos requisitos da Agência Nacional de Aviação Civil e às normas da aviação civil, aliados à eficiência e à segurança das operações – uma prioridade para o grupo VINCI Airports”.
Para minimizar o reflexo das placas solares, o que poderia diminuir a eficiência energética e atrapalhar as operações por aproximação visual, o aeroporto recorreu à tecnologia.
“Investimos em uma tecnologia inovadora chamada anti-glare piramidal, que ajuda a reter a energia nos painéis, aumentando sua eficiência e evitando reflexos”.
A primeira usina solar em um aeroporto brasileiro tem o potencial de gerar 6,2 milhões de quilowatts de energia ao ano. O projeto, que tem um tamanho equivalente a três campos de futebol, conta com dez milhões e oitocentos mil painéis solares antirreflexo e seis mil cabos de ligação. Os dados foram publicados na Revista do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (CREA-BA).
A pandemia de coronavírus não vai alterar a data do início das operações, segundo Rodrigo.
“Os projetos ambientais são essenciais no Salvador Bahia Airport, e assim como nos outros aeroportos da rede VINCI Airports, estão no core das nossas operações. Então, apesar dos desafios decorrentes da pandemia, conseguimos dar continuidade ao trabalho com segurança, e manter a data prevista para o início do funcionamento da usina solar para junho”.
O Aeroporto Internacional de Brasília/Presidente Juscelino Kubitschek também está de olho na produção de energia. A usina fotovoltaica, que teve as obras iniciadas em janeiro deste ano, deve começar as operações em julho. O projeto, que não parou mesmo com a chegada da pandemia de coronavírus, tem o objetivo de reduzir a pegada de carbono da operação aeroportuária. As informações estão no site https://aeroin.net.
De acordo com o site www.viagens.sapo.pt, a maior central de energia solar de um aeroporto comercial nos Estados Unidos está no Aeroporto Internacional de Denver, no estado do Colorado. A eletricidade gerada pelos quatro painéis solares é o suficiente para abastecer 2.500 casas, ainda segundo o site.
O Salvador Bahia Airport foi também reconhecido como “aeroporto verde” pelo Conselho Internacional de Aeroportos – América Latina e Caribe (ACI – LAC), conquistando as Certificações de Acreditação em Carbono (ACA, na sigla em inglês) tanto no primeiro quanto no segundo nível. A utilização de lâmpadas de LED e a instalação de sensores de presença nas escadas, elevadores e banheiros foram algumas das ações nessa frente. As informações são do site www.aeroin.net
Avaliações
A estrutura aeroportuária no Brasil vive um momento muito feliz, segundo Rodrigo. As concessões dos aeródromos trouxeram investimentos significativos, como modernização e melhoria das instalações, ainda de acordo com ele.
A primeira etapa das obras de modernização e ampliação do Salvador Bahia Airport foi inaugurada no dia 11 de dezembro de 2019. A capacidade de passageiros por ano foi ampliada de 10 milhões para 15 milhões e as duas pistas foram completamente reformadas. O terminal ganhou mais 22.000 m² de área construída, no total. As informações estão no Blog do Servidor do Correio Braziliense.
Segundo o Secretário Nacional de Aviação Civil, Ronei Glanzmann, as obras fazem com que o Salvador Bahia Airport se desvincule de sucessivas avaliações negativas, feitas pelos usuários. Segundo o secretário, o aeroporto figurou na última posição, em várias pesquisas. A expectativa de Glanzmann é grande.
“O turista vai perceber que está chegando em um aeroporto totalmente diferente”, disse o secretário, em entrevista ao programa “Isso é Bahia”, da Rádio A TARDE FM. As informações foram publicadas no site www.atarde.uol.com.br
Sobre as avaliações, o gerente de meio ambiente do Salvador Bahia Aeroporto declarou:
“Desde que a VINCI Airports assumiu a concessão do Aeroporto Internacional de Salvador, em janeiro de 2018, nos mantivemos com nota acima de 4 na Pesquisa de Satisfação de Passageiros, um indicador considerado “bom” e que atende à meta estabelecida pela Comissão Nacional de Autoridades Aeroportuárias (Conaero). Em 2019, nos destacamos como o aeroporto que mais cresceu em relação ao próprio desempenho. Essas conquistas foram fruto de investimento nas instalações, nos equipamentos, da melhoria nos processos e de toda uma expertise trazida pela maior administradora privada de aeroportos no mundo. Além disso, essa evolução também resulta do empenho de cada membro da equipe em proporcionar uma experiência de viagem positiva para os nossos passageiros. Por outro lado, temos que observar que a posição no ranking não é mais tão importante”.
Ainda segundo Rodrigo, os investimentos em melhorias, feitos pelas concessões, mudam o quadro.
“Pequenos detalhes passaram a fazer a diferença e levar [o aeroporto] para o topo ou para o fim do ranking”.
Na Pesquisa de Satisfação do Passageiro e de Desempenho Aeroportuário realizada no segundo trimestre do ano passado, todos os aeroportos pesquisados receberam notas médias acima de 4 (bom). Desde o início da série, em 2013, é a primeira vez que os números superam a meta estipulada pelo Conaero.
Realizada pelo Ministério da Infraestrutura, por meio da Secretaria Nacional de Aviação Civil, a pesquisa contou com a participação dos 20 principais aeroportos brasileiros e ouviu 24.320 usuários, entre abril e junho. Estas informações e o ranking de satisfação geral por aeroporto estão no site https://www.aeroflap.com.br.
Rodrigo disse que a operação do Salvador Bahia Airport sofreu algumas mudanças, com a chegada da pandemia de coronavírus. Os projetos de sustentabilidade continuaram, porém com cuidados redobrados na higiene e segurança, seguindo todas as diretrizes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Ministério da Saúde.
“Para Gestão de Resíduos, além das lixeiras de recicláveis e não-recicláveis, incluímos lixeiras para resíduos infectantes, como máscaras e luvas usadas. Também revisamos a frequência de coleta de resíduos nas lixeiras e nos demais pontos de coleta, destinando-os às empresas licenciadas para o seu processamento. Todos colaboradores que realizam a operação das nossas iniciativas ambientais, seja coleta de resíduos, manejo de fauna ou tratamento de efluentes – assim como nas demais atividades do aeroporto – utilizam os equipamentos de proteção necessários, têm acesso ao álcool em gel e materiais de higiene para que realizem seu trabalho em segurança”.
De acordo com o gerente de meio ambiente, o Salvador Bahia Airport conta hoje com uma infraestrutura modulável, adaptada ao volume de operação.
“Isso contribuiu para que, neste período de pandemia em que recebemos menos voos, o impacto ambiental fosse ainda mais reduzido, pois não temos que manter todas as áreas do aeroporto operacionais”.
Sobre o Salvador Bahia Airport
O Salvador Bahia Airport está localizado na capital baiana, no limite com o município de Lauro de Freitas, e conecta a Bahia a mais de 30 destinos nacionais e internacionais. Figurando na lista dos 10 aeroportos mais movimentados do país, o Salvador Bahia Airport assinou um Contrato de Concessão com a rede VINCI Airports no dia 02 de janeiro de 2018. Com a assinatura do contrato, o aeroporto incorporou padrões globais de operação, proporcionando o melhor para os seus passageiros. O Salvador Bahia Airport mantém um compromisso com o desenvolvimento econômico da Bahia, dando apoio e estímulo ao turismo. A Política Ambiental do Salvador Bahia Airport está disponível para download no site https://www.salvador-airport.com.br/pt-br
Sobre a Vinci Airports
A VINCI Airports pertence ao Grupo VINCI e opera 45 aeroportos presentes no Brasil, Estados Unidos, Chile, Reino Unido, França, Japão, Camboja, Portugal, República Dominicana, Costa Rica, Suécia e Sérvia. O papel da empresa é financiar, construir e operar aeroportos. Com o seu know-how e a sua capacidade de investimento, a VINCI Airports otimiza a gestão e o desempenho dos aeroportos, realiza ampliações e melhorias.
Site oficial: https://www.vinci-airports.com/en
Sobre Rodrigo Tavares
Rodrigo Tavares é gerente de meio ambiente do Salvador Bahia Airport é graduado em Engenharia Ambiental pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Paraná e possui um MBA de Sistemas de Gestão Ambiental pela mesma universidade.

Suas experiências profissionais na área ambiental incluem a de Consultor Ambiental do Projeto Quatro Elementos (Paraná), Projeto Eco Parques de Reciclagem (Paraná), Gerente de Meio Ambiente na AmBev (São Paulo) e encarregado pelo Sistema de Gestão Ambiental e Prevenção de Riscos Industriais na Renault do Brasil (Paraná).
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