Importação ilegal das Girafas de Mangaratiba completa um ano e segue sem solução

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Fez um ano que 18 girafas selvagens foram trazidas da África do Sul para o Brasil .
Fez um ano que 18 girafas selvagens foram trazidas da África do Sul para o Brasil .

Imagem: Divulgação | Os animais selvagens foram capturados na África do Sul para serem comercializados no Brasil

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Novembro de 2022 – No dia 11 de novembro fez um ano que 18 girafas selvagens foram trazidas da África do Sul para o Brasil em um processo de importação altamente questionável, autorizado pelo IBAMA. Sob o argumento falacioso de um projeto conservacionista que não se sustenta. 

O responsável pela importação foi o BioParque Zoo, uma das empresas do poderoso grupo Cataratas.

O destino dos animais, que foi decidido apenas poucos dias antes da chegada ao Brasil, foi o Portobello Resort & Safari, um espaço luxuoso, frequentado por turistas, celebridades e pessoas de classe social alta, na cidade de Mangaratiba (RJ).

Em dezembro de 2021, um mês após a chegada, seis girafas fugiram por uma das cercas, foram capturadas, mas três morreram em seguida. Após autópsia constatou-se a presença de substâncias associadas a estresse profundo nos animais.

O Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, em parceria com outras entidades similares, ajuizou diversos processos e recursos na esfera cível e criminal, e seguem na luta para que essas girafas sejam libertadas da exploração e dos maus tratos constantes a que estão submetidas desde a captura na natureza e vendidas como mercadorias ao BioParque.

Entenda o caso

Após o episódio da fuga e morte das girafas, denúncias chegaram até as autoridades, e com isso, em uma operação, o IBAMA e PF realizou o flagrante do crime de maus tratos a animais, que culminou na prisão de dois funcionários do BIOPARQUE, na apreensão dos animais, aplicação de diversas multas e o início de uma investigação que concluiria que esse seria o maior caso de tráfico de animais retirados de vida selvagem que se tem notícia.

Dentre as diversas ilegalidades e irregularidades, podemos apontar: ausência de recintos adequados para recebimento dos animais, animais machucados, microchipagem inconsistente, importação de animais de vida livre, projeto conservacionista sem lastro, falsidade nos relatórios dos fiscais do INEA e IBAMA que autorizaram a importação.

São mais de 2 mil páginas de documentos da PF e IBAMA comprovando os absurdos ocorridos. Da conclusão da investigação da PF, 4 pessoas foram indiciadas, sendo dois funcionários do BioParque, um do INEA e um do IBAMA.

Desde a chegada as dependências do resort, as girafas são mantidas em cubículos de concreto, sem acesso a luz solar, em local insalubre, onde cada 3 indivíduos ocupam 31 m² e além de tudo, passaram por um processo de “DOMA’ para que elas possam aceitar o contato com humanos e assim virarem atração nos parques zoológicos.

Todo o conjunto probatório comprova que o objetivo do BioParque em trazer os animais para o Brasil, foi meramente comercial. O plano seria usar o hotel de Mangaratiba como um “entreposto” para armazenamento e depois a distribuição dos animais pelo país. Porém, a fuga e morte dos animais, acabou atrapalhando o plano inicial, jogando luz a situação.

Em razão da violação do direito desses animais, onde suas dignidades estavam claramente violadas, o FNPDA em parceria com outras associações de defesa dos animais, ajuizou diversas ações nas esferas cível e criminal, na justiça estadual e federa. Todas as ações com o objetivo, de que tais abusos fossem cessados. Apesar de obter liminar assegurando que as girafas deveriam sair da clausura em 48 horas, sob pena de aplicação de multa de 5 mil reais por dia, a decisão que é de fevereiro de 2022, nunca foi cumprida e a multa que já ultrapassaria 1 milhão de reais jamais foi aplicada.

Com as ações judiciais, pressão da sociedade, da mídia e a atuação da PF e IBAMA, o BIOPARQUE se viu obrigado a fazer o mínimo pelas girafas, e hoje elas contam ao menos, com algumas horas ao ar livre, mesmo sendo um ambiente totalmente inóspito, cercado com madeiras verdes para simular a natureza. O que é algo extremamente cruel e deprimente para quem nasceu livre nas savanas africanas.

“As girafas sofrem maus-tratos constantes e não podemos normalizar tal situação. São 18 vidas arrancadas da natureza, trancafiadas em caixotes e vendidas como se fossem mercadorias, em meio a um processo de importação ilegal e imoral” dia Ana Paula Vasconcelos, Diretora Executiva do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal.

Crédito:
Imprensa | Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal

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