Imagem: SÉRIE TRILOGIA – ESG: ORIGEM, PRESENTE E FUTURO | Redação em 08/03/2021 – Revisão em 21/11/2022
- Por Isabelle Carvalho Gonçalves, Advogada, Mestra em ciências-jurídico ambientais pela Universidade de Lisboa e especialista em direito constitucional, atuando no Direito Ambiental com um viés internacional aos aspectos ESG (Environmental, Social e Governance) e Mudanças Climáticas. Escreve como colunista para editorial AMBIENTAL MERCANTIL ESG.
A trilogia é composta por três publicações: origem, presente e cenário futuro:
::: TRILOGIA ESG | ORIGEM: PARTE 1
Apresentação e história, os movimentos ambientais e o envolvimento das instituições internacionais.
Publicado: https://noticias.ambientalmercantil.com/08/03/2021/trilogia-esg-origem-passado-e-historia/
:::TRILOGIA ESG | PRESENTE: PARTE 2
A transformação atual das empresas, que estão buscando cada vez mais atingir os critérios ESG.
Publicado: https://noticias.ambientalmercantil.com/15/03/2021/trilogia-esg-presente-atualidade-scores-de-riscos-e-oportunidades/
::: TRILOGIA ESG | FUTURO: PARTE 3
Reflexão sobre o futuro desse acrônimo, que promete mudar a visão global sobre o desenvolvimento sustentável e transformar o mundo corporativo.
Publicado: https://noticias.ambientalmercantil.com/18/05/2021/trilogia-esg-futuro-perspectivas-sobre-as-transformacoes-no-desenvolvimento-sustentavel-do-mundo-corporativo/
::: PARTE 3 | SÉRIE TRILOGIA ESG | FUTURO
Como já explicado nos outros dois artigos da trilogia, o acrônimo ESG veio para mudar e para ficar. Assim como todos novos assuntos, temos mais dúvidas do que respostas. Como sociedade, estamos experimentando uma mudança significativa, o que nos resta é refletir e tentar visualizar algumas perspectivas futuras.
Em todos os novos assuntos, ainda mais sobre questões socioambientais, é essencial compreendermos todo um contexto passado, para compreender como e porque chegamos aqui.
O despertar socioambiental não é recente, e justamente por isso precisamos, desde já, compreender se o ESG é motivado por questões econômicas ou de consciência socioambiental. Estarmos atentos aos “temidos” (4) greenwashing e (5) socialwashing também se mostra crucial nesse momento.
Atualmente, existem uma série de mecanismos para ajudar a identificar esses tipos de “lavagens”[1]. Isso porque, com a crescente cobrança por maior responsabilidade socioambiental, muitas empresas realizam ações pontuais, isoladas, sem nenhum compromisso duradouro e efetivo no papel de superação das desigualdades sociais ou de preservação e proteção ambiental.
Ademais, a integração do ESG é um processo gradual e de longo prazo [2], precisaremos de muito tempo para mudar, de fato, a visão de mundo que se têm atualmente.
No entanto, o sistema regulatório cresce diariamente, em alguns países com mais força, outros com menos.
No Brasil por exemplo, já temos diversas resoluções do Conselho Monetário Nacional (CMN), da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e diversas iniciativas de adesão voluntária, como da FEBRABAN e da B3[3].
Todavia, importante ressaltar que as regulações do setor financeiro são apenas um dos pilares que impulsionam o ESG.
Outras iniciativas, leis e ações governamentais, são também essenciais para o andamento do processo. O setor público é peça chave nesse desenvolvimento e efetivação.
Dessa forma, o princípio da cooperação é fundamental neste processo. Iniciativa privada, setor público e sociedade civil precisam caminhar juntos.
Que a covid-19 acelerou a busca pela sustentabilidade não há dúvidas. A pandemia destacou a importância crescente das questões sociais, juntamente com as questões ambientais e, mais especificamente, a questão climática. É preciso agora aproveitar essa aceleração e transformar em ações concretas.
É PRIMORDIAL A PADRONIZAÇÃO DAS DIVULGAÇÕES E MÉTRICAS ESG
Enquanto isso não acontece, a sociedade civil tem um papel fundamental. Para isso, algumas perguntas precisam se tornar comuns antes comprar ou de investir em uma empresa:
- Essa empresa respeita o meio ambiente?
- Essa empresa promove ações efetivas de proteção socioambiental ou é apenas (4) greenwashing /(5) socialwashing?
- Essa empresa tem um bom relacionamento com seus (6) skateholders?
De todo modo, a tendência é que a evolução das práticas sustentáveis, proposta pelo ESG, faça parte de uma nova visão das empresas. Ainda não se vislumbra a velocidade com que todas as métricas empresariais em ESG serão efetivadas, portanto, não há como prever com precisão quando essas métricas serão “obrigatórias”.
No entanto, o que parece inegável é que esse movimento em direção à sustentabilidade é um caminho sem volta. Ainda há um longo caminho a percorrer em termos de conscientização e sensibilização de toda a sociedade em relação à temática, mas após tanta dificuldade que o mundo vem passando, precisamos ser otimistas.
Ao contrário do slogan ame-o ou deixe-o, no caso do ESG, faremos o inverso: não deixem de amá-lo.
SOBRE A AUTORA
Isabelle Carvalho Gonçalves é Advogada, Mestra em ciências-jurídico ambientais pela Universidade de Lisboa e especialista em direito constitucional, atuando no Direito Ambiental com um viés internacional aos aspectos ESG (Environmental, Social e Governance) e Mudanças Climáticas. Como profissional especializada nas áreas citadas, sua coluna ESG E MUDANÇAS CLIMÁTICAS tem como proposta principal ampliar os fundamentos e conceitos, e expandir as discussões para maior audiência possível.
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REFERÊNCIAS:
[1] Gestores sociais aplicam o ESG para prevenir o socialwashing (observatorio3setor.org.br)
[2] ESG: Tendências e preferências para 2021 – XP Investimentos
[3] https://conteudos.xpi.com.br/esg/panorama-do-marco-regulatorio-de-investimentos-esg-no-brasil/
- (4) Greenwashing: pode ser traduzido como “lavagem verde”. Consiste em uma prática de promover discursos, anúncios, propagandas e campanhas publicitárias com características ecologicamente/ambientalmente responsáveis e sustentáveis. No entanto, na prática, tais atitudes não ocorrem. Ações, práticas e observância à legislação ambiental não são incorporadas pela empresa – Wikipédia.
- (5) Socialwashing: tentativa de mostrar que a empresa está incluindo nas suas pautas ações em relação às minorias e populações vulneráveis, questão da superação, do enfrentamento racial, empoderamento feminino, questão LGBT, mas tudo não passa de marketing pois não incorporam ações e essa mentalidade na empresa.
- (6) Stakeholder: uma pessoa, grupo ou entidade que tenha interesse ou preocupação em uma organização. As partes interessadas podem afetar ou ser afetadas pelas ações, objetivos e políticas desta organização. Alguns exemplos das principais partes interessadas são: credores, diretores, funcionários, governo (e suas agências), proprietários (acionistas), fornecedores, sindicatos e a comunidade da qual a empresa extrai seus recursos – Wikipédia.
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