40 anos do Parque dos Abrolhos: Estudo inédito levanta dados sobre biodiversidade da região

Levantamento realizado pela Conservação Internacional e Instituto Baleia Jubarte, analisou a distribuição de 635 espécies de peixes, corais, invertebrados, mamíferos, aves e tartarugas marinhas na Região dos Abrolhos.

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Parque dos Abrólios | Foto: Luciano Candisani/iLCP
Parque dos Abrólios | Foto: Luciano Candisani/iLCP

Imagem: Divulgação

  • Levantamento realizado pela Conservação Internacional e Instituto Baleia Jubarte, analisou a distribuição de 635 espécies de peixes, corais, invertebrados, mamíferos, aves e tartarugas marinhas na Região dos Abrolhos.
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Maio de 2023 – Um levantamento inédito realizado na Região dos Abrolhos, no Extremo Sul da Bahia, apontou que uma em cada cinco espécies analisadas dentro do Parque Nacional Marinho (PARNAM) dos Abrolhos, encontra-se em alguma categoria de ameaça de extinção. No total, 635 espécies de peixes, corais, invertebrados, mamíferos, aves e tartarugas marinhas na Região dos Abrolhos foram analisadas no estudo realizado pela Conservação Internacional (CI-Brasil), Instituto Baleia Jubarte (IBJ) e pesquisadores do Instituto Coral Vivo e de universidades brasileiras.

“Desde 2005 que os dados sobre a biodiversidade da região dos Abrolhos não eram atualizados. Todos sabem que é a região com a maior biodiversidade marinha do Brasil, mas havia poucas informações detalhando a distribuição desta biodiversidade. O estudo atualiza os dados sobre os habitats e as espécies encontradas, e analisa as áreas onde essa biodiversidade está mais concentrada, contribuindo para o planejamento e priorização de ações de conservação na região” afirma Guilherme Dutra, diretor do Programa Marinho e Costeiro da CI-Brasil e um dos autores do estudo.

Com cerca de 88 mil hectares, o PARNAM dos Abrolhos protege pouco menos de 1% da Região dos Abrolhos. Apesar de pequeno comparado aos 9,5 milhões de hectares da região, a Unidade de Conservação é muito representativa para a biodiversidade. Das 635 espécies analisadas, 77% delas (491) são encontradas no parque. Só de espécies de peixes são cerca de 400, e outras 52 espécies do grupo dos corais.

Essa riqueza torna a Região dos Abrolhos a mais biodiversa do oceano Atlântico Sul, com os maiores recifes de coral da costa brasileira e o maior banco de algas calcárias do mundo.

Mas Dutra destaca que apesar de sua importância, o parque dos Abrolhos não é suficiente para proteger a biodiversidade da região:

“O Parque dos Abrolhos possui grande importância para a conservação de muitas espécies marinhas, mas nem todas as espécies que ocorrem no parque estão protegidas. Boa parte delas possui ampla distribuição, ou seja, transitam por toda a região ou pela costa brasileira. Se a espécie sofre ameaça na maior parte de sua área de ocorrência, uma pequena área de proteção, não será suficiente para sua recuperação.”

Eduardo Camargo, Diretor Executivo do Instituto Baleia Jubarte e co-autor do estudo complementa:

“A ampliação do Parque de Abrolhos e a definição de sua Zona de Amortecimento, bem como a criação de novas áreas protegidas de uso sustentável abrangendo toda a Região dos Abrolhos são propostas há anos por ambientalistas e podem garantir a conservação e o uso sustentável das espécies marinhas da região.”

Para além das espécies, o PARNAM dos Abrolhos também é destaque quando o assunto são habitats marinhos. O estudo coletou dados sobre essas ocorrências. Os chapeirões – grandes recifes em forma de cogumelos, são uma formação recifal única da região e podem chegar a 20 metros de altura e 50 metros de diâmetro. Lá também são encontrados recifes em franja no entorno das ilhas, recifes rasos, recifes mesofóticos, bancos de gramas e algas marinhas, bancos de algas calcárias e fundos de areia.

Essa diversidade de habitats ajuda a explicar a alta diversidade de espécies parque.

Toda essa diversidade é constantemente ameaçada. Há pelo menos três décadas tentativas de explorar petróleo e gás natural e minerar o fundo marinho dos Abrolhos cercam a região. Desastres provenientes da ação humana, como o rompimento da barragem da Samarco, em Mariana-MG, e o grande vazamento de óleo que atingiu a costa Brasileira em 2019 – com origem ainda hoje desconhecida, deixaram cicatrizes nos ambientes marinhos de Abrolhos. Da mesma forma, a sobrepesca ameaça as populações de organismos marinhos, muitas delas com risco de extinção, como mostra o estudo.

A sociedade civil organizada se une em campanhas ambientais de conservação para tentar chamar atenção para os problemas. As campanhas “Abram os Olhos”, “Adote Abrolhos” e Abrolhos sem Óleo” são exemplos.

40 anos do PARNAM Abrolhos

No dia 06 de abril de 2023, o PARNAM Abrolhos completou 40 anos de criação. Unidade de Conservação mais conhecida da região Extremo Sul da Bahia, o Parque é um dos principais destinos de mergulho do Brasil. Criado em 1983, o parque passou por muitas etapas de implementação, e hoje é um dos motores da economia na região. Parceiro da Futuri: Aliança pelo Turismo Regenerativo, a unidade vem atuando para além de suas fronteiras, por uma visão de desenvolvimento sustentável do turismo, que envolve cerca de 80 mil pessoas. O PARNAM é também uma importe área de procriação para muitas espécies marinhas, pescadas pelos mais de 20 mil pescadores artesanais de Abrolhos.

“O Parque dos Abrolhos, após 40 anos, é parte da identidade e imaginário da região é uma área que tem uma relevância ambiental consolidada, mas, também passou ser relevante para cadeia do turismo regional, gerando ocupação e renda de forma direta e indireta e impulsionando outras cadeias econômicas. Muitas experiências de gestão estão consolidadas por quem nos antecedeu. Nossa equipe segue trabalhando com firmeza para a manutenção do legado conquistado e com um olhar no futuro buscando consolidar a implementação da unidade. Estamos muito felizes com o engajamento e por poder compartilhar este momento de comemoração com a comunidade local”, afirma Erismar Rocha, chefe do NGI ICMBio Abrolhos.

A Conservação Internacional usa ciência, política e parcerias para proteger a natureza da qual as pessoas dependem para obter alimentos, água doce e meios de subsistência. No Brasil desde 1990, a Conservação Internacional trabalha em mais de 30 países em seis continentes para garantir um planeta saudável e próspero, que sustenta a todos.

Site oficial: Conservação Internacional Brasil (conservation.org)

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