Brasil se prepara para liderar a indústria global do hidrogênio de baixo carbono

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Imagem: Divulgação | Com projetos prestes a sair do papel, o webinar apontou caminhos para o Brasil liderar a produção e fornecimento de tecnologias para o hidrogênio de baixo carbono.

Junho de 2025 – A transição energética global colocou o hidrogênio de baixo carbono no centro das atenções como alternativa estratégica para descarbonizar a economia. Com esse pano de fundo, o Conselho de Hidrogênio da ABIMAQ promoveu o webinarOportunidades no setor de Hidrogênio de Baixo Carbono para as indústrias de máquinas, equipamentos e componentes“, reunindo especialistas e representantes de empresas líderes no setor, como Voltalia e Qair Brasil.

Marcelo Veneroso, coordenador do Conselho de Hidrogênio da ABIMAQ, abriu o evento destacando a importância do debate para aproximar os projetos em desenvolvimento das oportunidades concretas de fornecimento industrial.

“Um marco para o Conselho, pois pela primeira vez apresentaremos, de forma clara, oportunidades concretas e empreendimentos próximos de serem iniciados”, resumiu Alberto Machado, diretor de Petróleo, Gás Natural, Bicombustíveis e Hidrogênio da ABIMAQ. Segundo o diretor, o Conselho teve papel ativo na construção do marco legal do hidrogênio e dos sistemas de incentivo e agora busca consolidar a participação da indústria nacional no fornecimento de tecnologias e soluções para a nova cadeia de valor.

O país está entrando em uma nova fase, saindo do campo da regulamentação e entrando no estágio de execução, com projetos prestes a se concretizarem e gerarem demanda direta por equipamentos e soluções nacionais. Durante o evento, foram apresentados projetos em estágio avançado de desenvolvimento, principalmente no Ceará, estado pioneiro na criação de um hub de hidrogênio verde. Entre os destaques estão os projetos da Voltalia, com previsão de produção de até 700 mil toneladas/ano de amônia verde, e da Qair, que investe em soluções integradas com energia renovável, baterias e gestão energética.

“Temos um projeto pronto para avançar, mas precisamos de segurança regulatória e autorização de acesso à rede elétrica para concretizar os investimentos”, reforçou Everton Emanuel Calixto, gerente sênior de projetos da Voltalia. De acordo com Calixto, o Brasil ocupa hoje uma posição estratégica nos planos globais da companhia, sendo responsável por mais de 50% do faturamento do grupo. No Ceará, a empresa já reservou uma área de 100 hectares no porto do Pecém para a instalação de uma planta de hidrogênio, voltada à produção de amônia verde para exportação.

O executivo informou ainda que, apesar de a demanda global por hidrogênio verde se manter firme, especialmente na Europa, o ritmo dos investimentos depende de definições rápidas sobre infraestrutura energética no Brasil. “A questão não é mais ‘se’ o hidrogênio vai acontecer, mas ‘quando’. E esse ‘quando’ depende da celeridade com que avançarmos na conexão e nos marcos regulatórios.”

Na sequência, Gustavo Silva, diretor de operações da Qair Brasil, apresentou os projetos da empresa no país, com destaque para o hub industrial que está sendo estruturado no porto do Pecém. Com atuação em quatro continentes e presença consolidada na Europa, a Qair tem apostado na combinação entre geração renovável, armazenamento com baterias e gestão energética para garantir confiabilidade e competitividade na produção de hidrogênio.

“O hidrogênio verde é uma peça-chave para a transição energética e para a descarbonização da indústria e dos transportes pesados. É mandatório para que o mundo atinja as metas climáticas assumidas diz Gustavo Silva.

Gustavo também chamou atenção para a urgência do Brasil em criar condições competitivas para atrair investimentos e garantir que a produção nacional não perca espaço no mercado internacional. “Temos potencial abundante, mas é preciso avançar com regulação clara e estímulos para que a cadeia produtiva se desenvolva aqui, com valor agregado, empregos e inovação”, completou.

Para Monica Saraiva Panik, especialista no setor, mentora da SAE Brasil e curadora do Movimento BW1, o hidrogênio deixou de ser uma promessa distante. “O que vemos hoje são projetos reais, com licenças ambientais, áreas reservadas e previsão de compras de equipamentos já para os próximos 12 a 18 meses”, descreveu. Com 27 anos de experiência no tema, Monica mapeou 74 projetos de hidrogênio verde no Brasil, que somam mais de US$ 68 bilhões em investimentos anunciados até 2030.

Além dos avanços tecnológicos e do detalhamento das plantas industriais, ela chamou atenção para a importância de conectar a indústria brasileira de máquinas e componentes a essa nova cadeia produtiva.

“Os maiores projetos de produção de hidrogênio anunciados estão concentrados na região Nordeste, enquanto a base industrial de máquinas e equipamentos está majoritariamente no Sudeste. Nosso objetivo é justamente construir essa ponte entre quem vai demandar e quem pode fornecer. Além disso, a capacitação da indústria nacional é essencial: entender as necessidades específicas de cada projeto, adaptar seus produtos e estar pronta para atender essa nova cadeia”, observou Monica.

De acordo com a especialista, esses desafios são dinâmicos e fazem parte da evolução de qualquer setor. “O que vejo aqui na Alemanha, por exemplo, é que, independentemente das flutuações nas políticas públicas ou orçamentos governamentais, a indústria se estruturou ao longo dos últimos 25 anos e hoje está pronta para atender à demanda global. Queremos incentivar isso no Brasil, para que nossa indústria participe ativamente dessa transformação e seja protagonista no atendimento aos projetos de hidrogênio”, concluiu.

A ABIMAQ, em parceria com o Sindipeças, a SAE Brasil e o Grupo MiBi Hidrogênio, do MDIC, está mapeando a indústria nacional com o objetivo de identificar os fabricantes que já podem atender a essa nova demanda. A iniciativa visa ampliar o conteúdo local nas plantas de hidrogênio e transformar o Brasil não apenas em produtor de energia limpa, mas também em fornecedor global de tecnologia e equipamentos.

“Nosso objetivo é justamente esse: abrir espaço para que a indústria nacional participe não só dos projetos locais, mas também dos internacionais, levando tecnologia, soluções e valor agregado para uma cadeia completa. Colocamos uma espinha dorsal sobre os sistemas e as plantas, oferecendo uma visão clara do que é possível dentro de um projeto de hidrogênio”, finalizou Marcelo Veneroso.

Site Oficial: https://www.abimaq.org.br

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