Técnicas de criação controlada com moluscos e macroalgas impulsionam sequestro de carbono e sustentabilidade marinha

Foto: Divulgação/Moluscos e Macroalgas carbono inpo
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Imagem: Divulgação | Aquicultura cresce com potencial ambiental e impacto na qualidade da água dos oceanos.

Julho de 2025 – O oceano é um grande sumidouro de carbono: cerca de 30% do CO₂ da atmosfera é capturado pelo mar, minimizando os efeitos do aquecimento global. O fitoplâncton é o organismo microscópico mais atuante na absorção de carbono, mas moluscos, como ostras, mexilhões, vieiras, e as macroalgas também desempenham papel essencial nesse processo. A aquicultura, produção em ambiente controlado, é uma forma de potencializar a contribuição deles para os chamados serviços ecossistêmicos — como a captura e o armazenamento de carbono.

No Brasil, projetos-pilotos já estão utilizando espécies nativas de macroalgas para a recuperação de áreas como a Lagoa de Marapendi, no Rio de Janeiro. Ao lado das algas, os moluscos também têm seu papel. Suas conchas, formadas por carbonato de cálcio, acumulam CO₂ de forma mais duradoura. Pesquisas estimam que a aquicultura de moluscos pode sequestrar de 0,5 a 1 tonelada de CO₂ equivalente por hectare/ano.

Produção multitrófica: sinergia entre peixes, moluscos e algas

A aquicultura evoluiu para sistemas mais sustentáveis, como a aquicultura multitrófica integrada, que associa espécies de diferentes níveis tróficos. Um exemplo é o cultivo conjunto de peixes com moluscos e macroalgas.

“O cultivo de peixe pode se tornar mais sustentável quando feito junto com organismos filtradores, como os moluscos, e com algas”, explica o pesquisador. “Os resíduos dos peixes alimentam os moluscos, e as macroalgas ajudam a absorver o CO₂, inclusive o que é liberado pelos peixes”, comenta.

Essa integração aumenta a circularidade do sistema e pode ampliar o sequestro de carbono para até 10 toneladas de CO₂ equivalente por hectare/ano. A adoção de tecnologias “ômicas”, da biologia molecular, também está transformando o monitoramento da aquicultura, permitindo análises em nível celular e metabólico.

Produção de moluscos em queda; macroalgas em ascensão

Apesar do seu potencial ambiental, a produção de moluscos no Brasil está em declínio. Já chegou a 20 mil toneladas, mas os dados mais recentes do IBGE apontam uma redução para cerca de 8 mil toneladas.

“Em que pese o enorme potencial do Brasil, infelizmente, a produção de moluscos vem diminuindo”, afirma Cavalli. “E um dos motivos é justamente o crescimento da produção de macroalgas, que são mais estáveis e não enfrentam os mesmos riscos sanitários que os moluscos”, reforça.

Segundo ele, o cultivo de moluscos sofre com limitações associadas à poluição e às florações de algas nocivas, que afetam a segurança alimentar e interrompem as vendas. Já as macroalgas não apresentam esse tipo de risco e têm maior viabilidade comercial.

Mesmo com a queda na produção de moluscos, a aquicultura segue sendo uma atividade importante para o meio ambiente e para a economia local. “A aquicultura tem um papel fundamental no desenvolvimento sustentável das comunidades costeiras e pode ser uma importante aliada na mitigação das mudanças climáticas”, conclui Cavalli.

Site Oficial: https://inpo.org.br

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