É possível ficar na moda e ser sustentável?

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Por Patrícia GuarnieriDra. Prof. Adjunta FACE/Universidade Federal de Brasília e colaboradora do canal Ambiental Mercantil / Opinião de Especialista – Imagem: Pixibay

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Muito se fala no contexto de sustentabilidade em reduzir o consumo e comprar produtos ambientalmente e socialmente mais corretos. Mas o que exatamente isso significa? E ainda mais, como isso funcionaria em setores em que a obsolescência dos produtos ocorre a cada estação? 

Esse é o caso da indústria da moda, ou indústria fashion!

Quando falamos em indústria da moda ou fashion nos referimos às indústrias têxteis, de vestuário e também de calçados e acessórios, além de todos os canais que fazem com que esses produtos de moda, primeiramente sejam “desejados” pelo consumidor e depois “distribuídos”, para que efetivamente possam ser “comprados”. Nesse contexto, frequentemente esquecemos de discutir como eles são “descartados” e também,  em que condições eles são “produzidos”

Quando pensamos em todos os processos que são necessários para levar as roupas, calçados e acessórios até os consumidores, temos que considerar desde a matéria-prima que é utilizada, ou seja, algodão, seda, couro, metais, plástico, entre outros. E nesse sentido, temos que falar de ECONOMIA CIRCULAR, que é um modelo alternativo à atual ECONOMIA LINEAR. 

No conceito de economia linear, as matérias-primas são extraídas do meio ambiente, sem pensar muito na sua escassez futura e nos impactos ambientais da sua extração, depois são enviadas para a indústria, manufaturadas, distribuídas, entregues ao consumidor e descartadas. Esse tipo de modelo de negócios é conhecido como do BERÇO ao TÚMULO (cradle to grave). O berço sendo o meio ambiente e o túmulo sendo os aterros sanitários. 

No caso da ECONOMIA CIRCULAR, que é uma alternativa sustentável ao modelo linear tradicional, se pensa na utilização dos recursos do BERÇO ao BERÇO (cradle to cradle), em um ciclo infinito. Idealmente sem resíduos, ou reduzindo ao máximo os rejeitos, já que resíduo ZERO é quase impossível considerando o contexto atual. Dessa forma, se prioriza usar tudo aquilo que sobra ao final dos processos produtivos e de negócios como matéria-prima nos mesmos ou em outros processos industriais e de negócios.

Nesse conceito devemos pensar na sustentabilidade desde o design do produto, planejando seu design para facilitar a desmontagem ou reciclagem, na extração sustentável das matérias-primas e a eventual substituição de alguns insumos por outros que causam menos impacto, por exemplo, no caso da energia, a energia renovável causa menos impacto do que a energia não renovável. 

Mas não para por aí…

Temos que pensar também em desenvolver os fornecedores locais, os de pequeno porte, os da comunidade, e também aqueles que têm práticas mais sustentáveis para inserí-los nesse processo. É necessário também saber se os trabalhadores são respeitados, se tem as condições adequadas de trabalho, se recebem uma remuneração justa, se têm qualidade de vida, se seus direitos humanos básicos são respeitados. Vamos ainda além, e quanto aos processos industriais? será que eles são pensados para reduzir as emissões de poluentes, sejam estes gasosos, sólidos ou líquidos? E a distribuição? será que é feita em menores distâncias? Utilizando veículos que usam combustíveis renováveis ou com controle de emissões de poluentes? 

E a fase do consumo? Aí entra um ator importantíssimo! Você, consumidor!

Será que você tem comprado somente por impulso? Será que realmente necessita daquele produto? Será que  esse produto que você está escolhendo tem uma vida útil mais longa ou será descartado em seguida ao primeiro, ou poucos usos? E quando você não deseja mais essa roupa, calçado ou acessório, o que faz com estes itens? Será que esses itens podem ser doados, reutilizados, reciclados? 

Podemos ainda pensar: Será que eu preciso deter a propriedade do produto de moda, seja uma roupa, calçado ou acessório? Será que eu não poderia apenas emprestá-lo ou ainda alugá-lo? Nesse caso estamos falando da economia compartilhada. 😉 E enfim… existem canais de logística reversa para levar esse resíduo dos produtos de vestuário, calçados e acessórios a uma destinação adequada, ou ainda melhor, revalorizá-los, para que eles sejam reinseridos no sistema como matéria-prima novamente? No conceito de ECONOMIA CIRCULAR, o resíduo é visto como alimento para novos processos ou produtos. E quando falamos de resíduos, devemos pensar em resíduos gasosos, líquidos e sólidos! Ou seja, há uma infinidade de tipos de resíduos e opções de redução de consumo e geração, e também de revalorização!

Você quer saber se é possível ficar na moda e ao mesmo tempo ser sustentável? Então esse episódio do podcast Eu quero saber! é para você! A profa. Eluiza Watanabe entrevistou a profa. Patricia Guarnieri e a aluna Maísa Farias, do curso de Administração da UnB. Se você quer saber mais sobre o que é envolvido no termo “sustentabilidade”, como incluir a sustentabilidade na moda, tanto em nível de consumo como de produção e, conhecer exemplos de iniciativas de moda sustentável, vem com a gente! Deixamos também alguns links para quem quiser saber mais sobre o assunto! Para acessar o episódio CLIQUE AQUI

LINKS Relacionados

::: Artigo científico que trata sobre o tema: CLIQUE AQUI
::: Grupo de Pesquisa GEALOGS CLIQUE AQUI
(liderado pela Prof. Patricia Guarnieri)
::: Aplicativos de consumo sustentável:
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SOBRE A AUTORA

PATRICIA GUARNIERI, 
Dra. Prof. Adjunta FACE/UnB
Universidade de Brasília
Curriculum Lattes: http://lattes.cnpq.br/7909091619260597
Autora do Livro:
Logística Reversa - Em busca do equilíbrio econômico e ambiental
:: Grupo de Estudos e Pesquisas Avançadas em Logística e SCM http://profpatriciaguarnieriunb.blogspot.com.br/ 
:: Grupo de Pesquisas em Gestão de Pessoas e Clientes gpegpc.blogspot.com 
:: Grupo de Pesquisas em Operações, Logística e Métodos de Apoio à Decisão http://gometaunb.blogspot.com.br/

Informamos que os artigos são de inteira responsabilidade dos autores colaboradores da seção Opinião de Especialistas. Respeitamos suas dissertações, perspectivas e opiniões; porém atuam de forma independente e não representam a Ambiental Mercantil.

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