Imagem: Divulgação #9 | Daniel Lima é Presidente da ANNESOLAR – Associação Norte e Nordeste de Energia Solar escreve periodicamente sua coluna “Sol e Energias: Daniel Lima discute sobre Políticas Públicas, Eficiência Energética e Geração Distribuída”
Julho de 2023 – Li com muita preocupação o “Estudo” apresentado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), intitulado “Diagnóstico da Rede Básica de Fronteira das Regiões Norte e Triângulo de Minas Gerais (MG)”. Ele aponta que o sistema elétrico de Minas está em colapso e, adivinha de quem é a culpa? Antes de responder, vamos aos fatos:
1. Segundo informações do “Estudo” e da Aneel, MG tem uma carga (consumo de energia) máxima de 10,2 GW e uma Capacidade Instalada de geração de 22,3 GW, incluindo a geração Distribuída (GD).
2. São 16,3 GW (73%) provenientes de fontes despacháveis (13,5 GW Hídrica, 2,0 GW Biomassa e 0,8 GW Fósseis), e 5,9 GW (27%) de fontes intermitentes (3,0 GW GC + 2,8 GW GD Fotovoltaicas e 0,15 GW Eólica).
3. O sistema de transmissão interliga a carga de MG, além dos estados de Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia, servindo, ainda, de escoamento da energia excedente do subsistema Nordeste.
4. Nos últimos anos têm sido verificado um crescimento exponencial de projetos de fonte fotovoltaica, o que motivou a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) a realizar estudos para a expansão da rede elétrica visando propiciar margem para a instalação de novos empreendimentos de geração.
5. As avaliações tiveram como referência as previsões de carga e de geração enviadas pela CEMIG D, conforme abaixo:
5.1 Todas as usinas que se encontram em operação, que possuem CUSD assinado, com Parecer de Acesso válido e as que estão em fase de conexão ao sistema da CEMIG D, com exceção das usinas fotovoltaicas, foram consideradas com geração igual a 100% do valor de potência contratada; e,
5.2 As usinas fotovoltaicas foram consideradas com um fator de capacidade de 90% em relação à potência instalada e as com GD 70%.
6. A conclusão do “Estudo” é que, mesmo com toda a solução estrutural proposta pela EPE, o sistema previsto apresenta gargalos sistêmicos e restrições ao escoamento de geração, não havendo capacidade remanescente para o escoamento de novas plantas de geração.
Alguns questionamentos:
1. Será que não houve um hiper dimensionamento da geração?
2. Baseado em que, foi considerado 100% de fator de capacidade para uma hidrelétrica ou mesmo uma termelétrica?
3. Qual o estudo em âmbito mundial, que considera 90% como fator de capacidade para uma usina fotovoltaica centralizada?
4. Onde uma micro usina em GD vai alcançar 70% de fator de capacidade?
5. No “Estudo” foi considerado pela CEMIG D um crescimento para 2023 de 21,0% para Micro GD e 229,2% para Mini GD. Bem como, um crescimento médio no período de 2023 à 2029 de 48,5% ao ano para Mini GD e de apenas 8% para a Micro GD. Então, porque não se limitar o crescimento da Mini GD que é onde está o problema?
6. Foram consideradas 38 GW de outorgas concedidas nos últimos anos para empreendimentos fotovoltaicos que dificilmente ficarão de pé?
7. Se fizerem os cálculos corretos, será que o colesterol bom irá causar o infarto?
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Sobre o colunista
Daniel Lima é economista pela Universidade Federal de Alagoas, Presidente da ANERSOLAR – Associação Nordestina de Energia Solar e Diretor Comercial da RDSOL Rede de Negócios em Energia Solar, empresa de fomento e investimento em ativos de energia limpa, criando negócios atrativos e sustentáveis, estabelecendo conexão com diversos atores, para por em prática as soluções mais inteligentes e eficientes em geração de energia.
Perfil no Linkedin | Site oficial: https://rdsol.pro.br
Através da sua observação pessoal, Daniel Lima escreve periodicamente sobre o que acontece nos setores de Energias, Energias Renováveis e Geração Distribuída. Todas as publicações do Daniel Lima podem ser acessadas diretamente no link abaixo:
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Crédito:
AMBIENTAL MERCANTIL ENERGIAS | Por Daniel Lima, colunista e colaborador