- André Galuppo Fernandes Felix, Diretor do Escritório Brasil e Supervisor de Projetos da América Latina na STADLER Anlagenbau GmbH, explica em entrevista exclusiva, como a digitalização está impulsionando a performance e a produtividade das plantas de triagem no Brasil e países da América Latina, e o que isso representa na valoração de resíduos.
Imagem: Divulgação | Por Simone Horvatin, jornalista (MTB 0092611/SP), Redação Ambiental Mercantil
Maio de 2025 – O Brasil vive um impasse de infraestrutura, logístico e ambiental que demonstra a necessidade urgente de modernização na gestão dos resíduos sólidos urbanos (RSU). Em 2023, o país gerou aproximadamente 81 milhões de toneladas de RSU — uma média de 382 kg por habitante ao ano, segundo o Panorama 2024 da ABREMA. A região Sudeste liderou a geração, com 49,3% do total nacional, enquanto a região Norte representou apenas 7,5%.
A reciclagem no Brasil é regulada por um conjunto de legislações federais e estaduais que buscam estruturar o setor, promover a economia circular e estimular o reaproveitamento de resíduos. Apesar dos avanços, o país ainda enfrenta desafios para ampliar sua taxa de reciclagem, que segue abaixo das metas estabelecidas. Apenas 8,3% dos resíduos gerados foram reciclados em 2023, o equivalente a 6,7 milhões de toneladas. A maior parte desse volume — cerca de 67% — veio do esforço de catadores informais, evidenciando a dependência de uma cadeia informal ainda pouco valorizada e estruturada.
A coleta de RSU no Brasil, por sua vez, alcançou 93,4% de cobertura, com 87,8% realizada por serviços públicos e 5,6% por catadores autônomos. No entanto, 6,6% dos resíduos ainda não são coletados, sendo queimados ou enterrados irregularmente nas propriedades dos próprios geradores. Este quadro reflete as desigualdades regionais no acesso a infraestrutura básica, com Norte e Nordeste apresentando os piores índices de coleta formal — ambos abaixo de 84%.
Quando observamos a destinação final dos resíduos, os números são ainda mais preocupantes. Mais de 28,7 milhões de toneladas — cerca de 41,5% dos RSU coletados — ainda foram enviados a locais de disposição final inadequada, como lixões e aterros controlados, contrariando as metas da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), em vigor desde 2010. O prazo legal para o fim dos lixões expirou em agosto de 2024, mas cerca de 3 mil ainda estão ativos no país, de acordo com o levantamento.
Outro indicador alarmante é o desperdício econômico: o Brasil ainda perde mais de R$ 14 bilhões por ano com o descarte de materiais recicláveis em aterros e lixões. Tudo isso num contexto em que os municípios brasileiros gastaram R$ 34,7 bilhões com gerenciamento de RSU em 2023 — número que sobe para R$ 37 bilhões se somarmos investimentos públicos e privados.
Ainda assim, esses recursos não têm se traduzido em eficiência operacional nem em avanços tecnológicos sistemáticos.
Contudo, há uma brecha de oportunidade. O mesmo relatório da ABREMA indica que 33,6% dos RSU têm potencial real de reciclagem, ou seja, mais do que o triplo do que é atualmente reaproveitado. Iniciativas voltadas à coleta seletiva, rastreabilidade, automação e digitalização de processos são apontadas por especialistas como caminhos promissores para reverter esse cenário.
É justamente neste contexto que surge o papel estratégico da tecnologia da STADLER Anlagenbau GmbH
Soluções digitais de ponta, como as desenvolvidas pela STADLER Anlagenbau GmbH, empresa alemã com atuação global, têm contribuído de forma concreta para alavancar a economia circular e acelerar o cumprimento das metas de sustentabilidade. A empresa, que atua no Brasil e na América Latina, oferece um sistema capaz de monitorar, prever falhas e otimizar a produtividade de plantas de triagem de resíduos sólidos com base em dados e inteligência artificial — um salto necessário rumo ao chamado “aterro zero”.
Entrevista exclusiva com o Diretor da STADLER do Brasil e Supervisor de Projetos para a América Latina
Na entrevista a seguir, conversamos com André Galuppo Fernandes Felix, Diretor da STADLER Brasil e Supervisor de Projetos para a América Latina. Ele nos contou como o sistema STADLERconnect transforma a eficiência das plantas de triagem de resíduos. Através da digitalização, torna as plantas de triagem tecnicamente mais previsíveis, por isso, muito mais produtivas e rentáveis.
André Galuppo Fernandes Felix é engenheiro mecânico formado pela UFMG e atua há mais de uma década no setor de gestão de resíduos sólidos urbanos. Sua trajetória começou em 2014, no escritório da STADLER na Espanha, onde mergulhou no universo da separação automatizada de resíduos, adquirindo conhecimento técnico e vivência prática na avançada gestão europeia do setor.
Com essa bagagem, voltou ao Brasil para assumir o desafio de fundar e liderar a filial brasileira da STADLER Anlagenbau GmbH, empresa global referência em soluções para economia circular. Essa versatilidade o levou a supervisionar projetos em toda a América Latina, incluindo Estados Unidos, além de liderar o crescimento da operação brasileira, hoje referência continental em plantas de triagem automatizada. Perfil profissional e contato disponível no LinkedIn.
Como o sistema STADLERconnect pode modernizar e otimizar a produtividade da reciclagem no Brasil e na América latina?
“Atualmente, é muito difícil pensar em processos em larga escala que não utilizem soluções digitais para otimização da produtividade e melhoria nos resultados. Plantas de classificação e triagem de resíduos não seriam diferentes. O Brasil está iniciando, dando os primeiros passos para melhorar a gestão de resíduos sólidos urbanos, após muitos anos de atraso. Felizmente, os gestores de usinas de triagem podem ser beneficiar das tecnologias e soluções digitais desenvolvidas por indústrias globais mais experientes, como a da empresa alemã STADLER Anlagenbau GmbH. Isso poupa o Brasil de investir tempo e recursos, já que as soluções estão disponíveis globalmente. As plantas de triagem de resíduos no Brasil e na América Latina podem contar com essa vantagem: a digitalização inteligente para promover a gestão e tratamento inteligente dos resíduos, com alta taxa de reciclabilidade. A digitalização oferece melhorias reais e imediatas, desde o início do processo, com maior aproveitamento dos recursos.”
O que a digitalização com o STADLERconnect agrega às plantas de triagem em termos de produtividade, eficiência, previsibilidade e controle?
“A digitalização das plantas de triagem é o fator chave para, de forma correta, potencializar o maior aproveitamento dos recursos. Todo e qualquer processo, demanda muita energia, e na reciclagem não é diferente. A digitalização permite que parâmetros de eficiência, assertividade e qualidade sejam monitorados em tempo real. Isso possibilita a detecção precoce de desvios, evitando desperdícios e permitindo ajustes rápidos. Além disso, o sistema consegue prever falhas mecânicas antes que elas ocorram, o que garante o cumprimento das metas de processamento, mantendo o plano de negócios pontual e viável.”
Quem são os principais beneficiados do sistema STADLERconnect? Quais são os impactos diretos no setor de reciclagem e para a sociedade?
“Por conta do melhor reaproveitamento dos recursos, os grandes beneficiados são o meio ambiente e a população (pois o descarte adequado e o tratamento dos resíduos sólidos urbanos são questões de saúde pública). O setor da reciclagem também se beneficia. Isso porque o operador da planta passa a contar com um processo mais eficiente de triagem, com manutenção preditiva, reduzindo paradas inesperadas e custos desnecessários. A organização ou empresa recicladora é favorecida com maior padronização e constância na qualidade das matérias-primas recicladas, o que facilita o atendimento aos padrões exigidos e amplia a reutilização dos recursos em novos produtos.”
Como o STADLERconnect melhora o desempenho e a produtividade das plantas, possibilitando a manutenção preditiva e inteligente, contando ainda com detecção de bloqueios? Explique.
“Os recursos da tecnologia STADLERconnect podem reduzir drasticamente as paradas inesperadas. O sistema monitora os equipamentos e emite alertas antes que falhas ocorram. Isso permite antecipar o pedido de peças de reposição, agendar manutenções fora do horário de produção e evitar interrupções longas e custosas. A detecção de bloqueios também é fundamental. Ela permite identificar rapidamente obstruções causadas por materiais inadequados, reduzindo o risco de danos aos equipamentos e evitando a propagação do problema que aumentaria ainda mais o tempo de parada da planta.”
Quais são os benefícios concretos que a digitalização do STADLERconnect proporciona às plantas brasileiras, através do monitoramento remoto e ganhos de eficiência?
“O STADLERconnect permite monitorar remotamente a qualidade de funcionamento das plantas, independentemente de sua localização. Com a detecção prévia de problemas, consegue-se antecipar o envio de peças e programar a substituição sem interromper o processamento. Outro ganho é na qualidade do material produzido. A análise permite identificar contaminantes, ajustar classificadores e alcançar maior pureza nas frações. Isso evita a devolução de cargas e aumenta o valor do produto final.”
Como o sistema STADLERconnect impacta na vida útil estendida dos equipamentos?
“Uma falha inicial não identificada pode gerar efeitos em cascata, não previsíveis, e consequentemente perdas reais no desempenho e produtividade. O STADLERconnect atua de forma preditiva, evitando que pequenos problemas evoluam para falhas maiores. Isso estende a vida útil e disponibilidade de equipamentos, além de reduzir o tempo de inatividade da planta.”
O sistema STADLERconnect é modular, flexível e acessível para todos os portes de plantas? Plantas de triagem de menor porte também podem se beneficiar desta solução digital?
“Sim, o STADLERconnect é oferecido por assinatura e em módulos. Isso torna o sistema modular e acessível, inclusive para plantas menores, que podem contratar apenas os módulos que fazem sentido para sua aplicação e realidade. Ele também pode ser instalado em equipamentos individuais, como um separador balístico.”
Como digitalização pode acelerar a modernização na gestão de resíduos sólidos urbanos (RSU) dos municípios e cooperativas de reciclagem?
“Como solução digital, o STADLERconnect oferece operações simples e de previsibilidade. Isso permite um planejamento mais aprimorado das operações, considerando custos e investimentos. O sistema STADLERconnect oferece dados precisos que ajudam os tomadores de decisões a calcular estrategicamente o retorno de investimento (ROI), inclusive para expansão, se houver aumento da demanda no processamento.”
Por que os indicadores de desempenho para plantas de reciclagem (conhecidos como KPIs – Key Performance Indicators) tendem a melhorar com soluções digitais?
“Ainda existe a visão equivocada de que a triagem de resíduos deve ser ou é algo rudimentar. Hoje, para alcançar metas operacionais e ambientais ao mesmo tempo, é necessário tratar o processo como uma operação industrial. Por isso, o sistema STADLERconnect segue essa lógica: aumentar a previsibilidade, controlar parâmetros e garantir que falhas não paralisem o funcionamento pleno da planta. Isso impacta diretamente os principais indicadores de desempenho.”
Como você enxerga a evolução das plantas no Brasil nos próximos cinco anos? Quais os ganhos operacionais que tornam o investimento no STADLERconnect vantajoso?
“Futuramente, as plantas de reciclagem no Brasil serão mais eficientes e trabalharão com mais disponibilidade com o sistema STADLERconnect. Podemos dizer que a lista de ganhos operacionais é extensa: aumento da disponibilidade dos equipamentos, maior facilidade no planejamento da manutenção, maior controle de estoque, melhor aproveitamento e melhor qualidade dos materiais reciclados, redução de perdas, controle preciso do fluxo de materiais e, consequentemente, maior aceitação dos produtos recicláveis no mercado.”
Que tipo de apoio, incentivo e regulamentação seria essencial, na sua opinião, para destravar o setor e impulsionar o uso de tecnologias de eficiência e produtividade, como STADLERconnect, no Brasil?
“Na minha opinião, o grande facilitador é o apoio à cadeia como um todo. Isso inclui regulamentação, logística reversa, definição clara das responsabilidades de cada ator, fiscalização, e incentivos fiscais ao uso de recicláveis e sua cadeia produtiva.”
Sobre a STADLER
STADLER® dedica-se ao planejamento, produção e montagem de sistemas e componentes de triagem para a indústria de tratamento e reciclagem de resíduos sólidos em todo o mundo. Sua equipe com cerca de 600 funcionários qualificados oferece um serviço completo personalizado, do projeto conceitual ao planejamento, produção, modernização, otimização, montagem, comissionamento, reformas, desmontagem, manutenção e assistência técnica de equipamentos para completar os sistemas de reciclagem e classificação. A sua gama de produtos inclui separadores balísticos, esteiras transportadoras, peneiras giratórias, removedores de rótulos e removedores de arame de fardos. A STADLER pode também fornecer estruturas metálicas de suporte e quadros elétricos para as plantas que instala. Fundada em 1791, a operação e estratégia desta empresa familiar são sustentadas por seu espírito de oferecer qualidade, confiabilidade e satisfação ao cliente, sendo um bom empregador e fornecendo forte apoio social.
Contato | STADLER no Brasil
A Stadler Anlagebau GmbH está presente no Brasil e lidera projetos de grande porte, como a maior planta de triagem mecânica já construída no Brasil, em parceria com a Orizon Valorização de Resíduos, com capacidade inédita para processamento de resíduos sólidos urbanos e geração de empregos locais.
Conheça os casos de sucesso da STADLER Anlagenbau GmbH para gestão de RSU e Reciclagem da Stadler Anlagebau GmbH.
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