Imagem: Divulgação

  • Período: Governos de João Figueiredo (1979-1985), o último presidente do regime militar, iniciou o processo de abertura política; e José Sarney (1985-1990), como primeiro presidente civil após o regime militar. Assumiu após a morte de Tancredo Neves. Seu governo foi marcado pela hiperinflação e pela promulgação da Constituição de 1988.
  • A década de 1980 ficou conhecida como a “década perdida” devido à profunda crise econômica e hiperinflação que assolou o país.

2024 – A década de 1980 foi um período importante para a questão ambiental no Brasil, marcado por intensos desmatamentos, degradação ambiental e o início de uma maior conscientização sobre os problemas ecológicos. Durante os governos de João Figueiredo e José Sarney, o país enfrentou diversos desafios ambientais, enquanto também passava por uma transição política e econômica turbulenta. Por um lado, o país enfrentou um desmatamento sem precedentes e graves crises ambientais. Por outro, viu nascer uma maior conscientização sobre a importância da preservação ambiental e o início de políticas públicas voltadas para a proteção do meio ambiente. Este período estabeleceu as bases para os debates e ações ambientais que se seguiriam nas décadas posteriores.

Desmatamento acelerado

O desmatamento na Amazônia atingiu níveis alarmantes durante a década de 1980. Entre 1988 e 1999, foram perdidos 19,18 milhões de hectares somente na Amazônia Legal. Este período foi marcado pela expansão da fronteira agrícola e pecuária, incentivada por políticas governamentais que visavam a ocupação e o desenvolvimento econômico da região. A construção de grandes obras de infraestrutura, como usinas hidrelétricas e rodovias, também contribuiu significativamente para o aumento do desmatamento. A usina de Tucuruí, no rio Tocantins, no Pará, é um exemplo emblemático desse processo. Além disso, a exploração mineral em larga escala, como a extração de ferro em Carajás e de bauxita em Trombetas, intensificou a pressão sobre a floresta.

Crises ambientais e econômicas

A década de 1980 ficou conhecida como a “década perdida” devido à profunda crise econômica e hiperinflação que assolou o país. Esta instabilidade econômica teve reflexos diretos na questão ambiental, pois muitas vezes a proteção do meio ambiente era vista como um obstáculo ao desenvolvimento econômico. A repercussão internacional da destruição da floresta amazônica tornou-se tão séria que instituições como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a União Europeia chegaram a suspender financiamentos de projetos no Brasil. Este cenário evidenciou a necessidade de uma mudança na abordagem das questões ambientais pelo governo brasileiro.

Início da conscientização e ações governamentais

Apesar dos graves problemas ambientais, a década de 1980 também marcou o início de uma maior conscientização sobre a importância da preservação ambiental. Em 1988, foi criado o Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), e em 1989, foi fundado o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A Constituição de 1988, promulgada durante o governo Sarney, dedicou um capítulo inteiro ao meio ambiente, atribuindo maior poder aos estados para legislar sobre questões ambientais. Este foi um marco importante na legislação ambiental brasileira.

Com base nas informações fornecidas, as principais consequências internacionais do desmatamento na Amazônia nos anos 1980 foram:

  1. Aumento da pressão e críticas internacionais sobre o Brasil em relação às políticas para a Amazônia, especialmente após o assassinato do líder sindical Chico Mendes em 1988, considerado um “divisor de águas” na história da região.
  2. Suspensão de financiamentos de projetos no Brasil por instituições como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a União Europeia, devido à repercussão internacional da destruição da floresta amazônica.
  3. Transformação dos problemas ambientais da Amazônia em uma questão política internacional, com grandes ONGs conservacionistas norte-americanas e europeias fazendo campanhas contra projetos financiados pelo Banco Mundial na região, como o Polonoroeste e o Carajás.
  4. Aumento do desejo de países desenvolvidos de estabelecer controle sobre a região, manifestado na ideia de “soberania relativa” do Brasil sobre a Amazônia.
  5. Apresentação da proposta do PPG-7 (Plano Piloto do G-7 para Florestas Tropicais) ao governo brasileiro em 1989 pelos países do G-7, como uma forma de “salvar” a Amazônia.
  6. Intensificação do debate sobre o papel das florestas tropicais no aquecimento global, com o Brasil sendo apontado como um dos principais vilões ambientais devido às emissões de CO2 provenientes das queimadas na Amazônia.
  7. Aumento da conscientização internacional sobre a importância da preservação da Amazônia, com a questão ganhando destaque na mídia global através de filmes e vídeos sobre as queimadas e a biodiversidade da região.
  8. Início de uma maior intervenção do ambientalismo internacional na Amazônia, que se estenderia até o início dos anos 2000.

Essas consequências demonstram como o desmatamento na Amazônia durante os anos 1980 transformou a região em um foco de atenção e preocupação internacional, levando a pressões políticas e econômicas sobre o Brasil e a um aumento do debate global sobre a importância da preservação das florestas tropicais.

O governo de José Sarney (1985-1990) O governo foi criticado por não conseguir equilibrar adequadamente as necessidades de desenvolvimento econômico com a preservação ambiental. Com políticas de desenvolvimento conflitantes devido à grave crise econômica e hiperinflação do período, as questões ambientais, muitas vezes ficaram em segundo plano nas prioridades do governo, que por um lado, incentivou a expansão da fronteira agrícola e pecuária na Amazônia, além de grandes obras de infraestrutura, como usinas hidrelétricas e rodovias, que contribuíram significativamente para o aumento do desmatamento. Por outro lado, tomou algumas medidas importantes em relação à questão ambiental no Brasil, embora enfrentasse diversos desafios econômicos e políticos:

  1. Criação do Ministério do Meio Ambiente: Em 1985, Sarney criou o Ministério do Desenvolvimento Urbano e do Meio Ambiente, transferindo para a nova pasta as atribuições que antes pertenciam à Secretaria Especial de Meio Ambiente.
  2. Enfrentamento de temas polêmicos: O governo Sarney teve que lidar com questões delicadas como a problemática da Amazônia e o assassinato de Chico Mendes, uma importante liderança ambiental na região. A morte do líder ambientalista em 1988 expôs a falta de proteção adequada para ativistas ambientais e líderes comunitários na Amazônia.
  3. Criação do IBAMA: Em 1989, foi fundado o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), uma instituição crucial para a gestão ambiental no país. No entanto, a implementação efetiva de políticas de proteção ambiental foi considerada lenta e insuficiente.
  4. Diplomacia ambiental: O Brasil ganhou relevância internacional ao se oferecer para sediar a Rio-92, consolidando sua posição na diplomacia ambiental.
  5. Constituição de 1988: Durante o governo Sarney, foi promulgada a nova Constituição, que dedicou um capítulo inteiro ao meio ambiente, atribuindo maior poder aos estados para legislar sobre questões ambientais.
  6. Desafios no desmatamento: Em 1988, o Prodes/Inpe registrou o maior índice de área desmatada desde que começou a fazer medições, com mais de 29 mil quilômetros quadrados desmatados.

Apesar dessas iniciativas, é importante notar que o governo Sarney enfrentou sérios problemas econômicos, como a hiperinflação, que muitas vezes desviavam a atenção e os recursos de questões ambientais. Além disso, a crise econômica e a instabilidade política do período dificultaram a implementação de políticas ambientais mais efetivas.

Algumas Referências

Anos 1980-2000

2020-2024

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