Imagem: Daniel Ghiringhello, CEO da TOMRA Recycling Brazil | Entrevista por Simone Horvatin, colaboração para AMBIENTAL MERCANTIL NOTÍCIAS
- Daniel Ghiringhello, CEO da TOMRA no Brasil, nos conta um pouco da sua experiência profissional e apresenta pontos de vista sobre as legislações vigentes de resíduos e reciclagem.
- Fala sobre as tecnologias de sensores da TOMRA para o aumento de produtividade e qualidade.
- Compartilha com a gente, quais são suas próximas metas sob sua gestão e liderança.
Setembro de 2022 – A TOMRA Brasil está sob novo comando desde janeiro deste ano: Daniel Ghiringhello assumiu a liderança da empresa e espera contribuir com melhorias internas e crescimento da empresa no mercado brasileiro.
CEO Responde: 10 Perguntas para Daniel Ghiringhello
1- O que te faz especial como profissional para assumir esta função tão importante, com tantos desafios?
“Em 2022 assumi toda a operação da TOMRA Brasil como Diretor Comercial. Hoje sou responsável pela área comercial e gestão de toda a operação Brasileira. Acredito que a escolha se deu pelo fato de que possuo uma combinação única de habilidades, que juntam capacidade gerencial, vivência internacional, domínio de línguas estrangeiras (inglês, italiano, espanhol e português), conhecimento dos equipamentos e sua tecnologia além de conhecimento do mercado Brasileiro para o segmento. Esse ‘pool’ específico de habilidades e capacitações me fizeram o profissional ideal para assumir esta função.”
2 – A TOMRA está no Brasil quase que o mesmo tempo em que a Lei PNRS foi instituída. Nestes aproximadamente 12 anos no Brasil, você pode acompanhar a evolução na gestão de resíduos sólidos urbanos. Na sua opinião, quais foram os tropeços e avanços do setor nestes 12 anos?
“Entendo que tivemos pouca evolução no setor, com exceção de alguns casos. Felizmente, na última década a TOMRA Brasil pode contar com alguns clientes inovadores, que visionaram um futuro e investiram em tecnologia de ponta para modernizar seus processos. Estes clientes migraram da prestação de serviços logísticos, coleta e despejo de resíduos, e entraram efetivamente na indústria automatizada e eficiente de processamento e gestão de resíduos. Trata-se de um setor fundamental na cadeia de reciclagem e economia circular, por isso, acredito que melhorias podem sempre ser feitas, seja no aprimoramento da legislação em vigor, seja na aplicação de tecnologias de ponta que resulte no maior aproveitamento possível dos resíduos como recicláveis. A TOMRA Recycling Brazil procurou também desde o início se posicionar como key-player do mercado. Com um espírito de inovação e liderança associados aquilo que é o nosso DNA, procuramos perceber as necessidades dos nossos clientes, colocar a nossa tecnologia de ponta à disposição e através de um serviço personalizado garantir não só qualidade, mas também confiabilidade e redução de custos a médio e longo prazo através dos processos de automação.”
“A meta no Brasil é o fim dos lixões, mas há demora.“
“O governo federal publicou este ano no Diário Oficial da União o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares), que prevê acabar com os lixões e aterros controlados nos próximos dois anos – ainda há cerca de 3 mil unidades desse tipo no País. Conforme o documento, a meta até 2040 será reciclar ou recuperar 48,1% dos resíduos sólidos urbanos. Hoje, pouco mais de 2% passam por reaproveitamento. Esse plano era esperado desde 2010, quando foi instituída por lei a Política Nacional de Resíduos Sólidos. O Planares representa a estratégia de longo prazo para colocar a política em prática. Além de diagnóstico, o Planares traz metas, projetos e ações para as próximas duas décadas. O documento deve ser atualizado a cada quatro anos.”
3 – Como é e poderá ser a contribuição da TOMRA no Brasil neste sentido?
“O problema da gestão de resíduos sólidos urbanos (RSU) é complexo e para uma resolução eficiente temos de considerar os vários atores envolvidos: Público, Privado e Sociedade. Aqui rege a responsabilidade compartilhada na gestão dos resíduos sólidos urbanos: essa é a base do sucesso e traz benefícios para todos – sem cooperação, nenhuma das partes é capaz por si só de resolver essa questão. A TOMRA já contribui há mais de 10 anos no Brasil (desde 2011) e já fornecemos nossos equipamentos a dezenas de clientes desde então. Com isso, estamos diretamente elevando a qualidade dos processos produtivos e produtos, através de linhas mais eficientes e processos mais modernos. Hoje, a TOMRA vem contribuindo ainda mais, seja com Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) de tecnologias, seja dando suporte à resolução de parte destes problemas. Nossos equipamentos são altamente capazes de distinguir e separar de forma automatizada e com alta precisão os diversos materiais recicláveis, valorando-os assim como matéria prima para reuso na cadeia de reciclagem e fechando o ciclo (um dos princípios da TOMRA, que é ‘Closing the loop’).”
4 – O que você teria a dizer sobre as legislações e a realidade do mercado, e como a TOMRA Brasil pode participar e contribuir para o sucesso da economia circular brasileira neste sentido?
Pergunta: “Este ano, o Certificado de Crédito de Reciclagem, Recicla+ também foi instituído no âmbito dos sistemas de logística reversa pelo novel decreto federal nº 11.044, de 13 abril de 2022. Na implementação e na operacionalização de sistemas de logística reversa poderão ser adotadas soluções integradas que contemplem, entre outros: os pontos de entrega de resíduos recicláveis; as unidades de triagem manual ou mecanizada; as unidades de reciclagem; e comercialização de produtos ou de embalagens descartadas; e o Recicla+. Isso demonstra que a economia circular no Brasil é um caminho sem volta. Comente.”
Daniel Ghiringhello: “A meu ver, circularidade da economia não é um caminho, mas é o futuro de todo o mundo. Vivemos em um planeta com recursos finitos e o reaproveitamento destes recursos será a única via no longo prazo.”
“A TOMRA vem liderando globalmente este ideal.”
“Nós entendemos que precisamos revolucionar a maneira com que utilizamos os recursos e é essa a nossa premissa há 50 anos na gestão de resíduos como líderes e o nossa forte contribuição para a economia circular, que está reforçada no nosso compromisso até 2030. Esta revolução passa pelos vários pontos citados na pergunta, desde a entrega de resíduos recicláveis; seguindo às unidades de triagem manual ou mecanizada; as unidades de reciclagem; até a comercialização de produtos ou de embalagens descartadas, entre outros. Quando olhamos para algumas cadeias de reciclagem, como a do alumínio ou PET, vemos um segmento bastante avançado no Brasil. Temos recicladores de grande porte, trabalhando com os principais ‘brand-owners’ globais. Isso deixa evidente a importância e expressividade do segmento. A TOMRA Recycling Brazil tem participação ativa na separação automatizada de muitos destes materiais recicláveis, garantido maior eficiência e qualidade as empresas recicladoras, contribuindo para que elas possam atingir seus objetivos e obter maior lucratividade.”
5 – Conte para gente, qual cenário futuro você projetaria para o tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos nas próximas duas décadas? E como você vê a demanda de matérias-primas de plásticos e metais reciclados, comparando cenário atual e futuro?
“As próximas décadas devem ver uma grande expansão no setor de tratamento de resíduos sólidos. Seja pelas exigências do PLANARES, seja pela crescente demanda por materiais plásticos e metálicos por parte das empresas recicladoras. Hoje já temos grande demanda por alguns tipos de plásticos e alumínio. Isso fica evidente quando conversamos com nossos clientes e percebemos o interesse que eles demonstram em conhecer a nossa tecnologia. Os empresários do setor estão cada vez mais profissionais e sentem necessidade de melhorar cada vez mais seus processos de reciclagem. Além disso, a exigência de certos processos de logística reversa de embalagens podem exigir determinados percentuais de material reciclado. Esse tipo de exigência pode potencializar ainda mais o segmento. Esse é um movimento já visto em vários países como é o caso da meta de 30% de material plástico reciclado visto na União Europeia até 2030.”
6 – A TOMRA é uma empresa pioneira na economia circular global e assumiu para si um papel de agente de transformação para o nosso mundo: desenvolvendo tecnologias de inteligência artificial e “deep learning” para valorar os resíduos plásticos com maior precisão possível, poupando assim, nossos recursos. Como você vê a participação da TOMRA no Brasil nesta revolução pelos recursos?
“A maior e mais importante contribuição da TOMRA é a alta escalabilidade que nossas tecnologias podem proporcionar à Coleta Seletiva, aumentando a recuperação e volume de recicláveis, de forma precisa, eficiente e de alta qualidade final.“
“Atualmente, o mercado brasileiro sofre uma crise de oferta e a demanda por materiais recicláveis é alta.”
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