Araras-azuis correm risco de voltar à lista de espécies ameaçadas

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Observatório do Pantanal entrevistou a bióloga Neiva Guedes, do Instituto Arara Azul. Crédito da imagem: Instituto Arara Azul

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Incêndios, desmatamentos, mudanças climáticas e tráfico são as maiores causas da pressão sobre estes frágeis animais. Ano após ano, o Observatório Pantanal informa notícias sobre a crescente devastação que ocorre no Pantanal, seja ela representada pela perda de sua vegetação nativa, pelo desmatamento, pelos incêndios e até mesmo a redução de populações de espécies, que antes eram abundantes no bioma e agora correm risco e aumentar a lista das ameaçadas de extinção.

Entre os animais que sofrem com tamanha devastação, estão as frágeis araras-azuis, símbolos do Pantanal, que por conta da exploração florestal e a caça, pelas mudanças climáticas e pelos incêndios recorrentes na região, têm sua sobrevivência ameaçada.

O Observatório Pantanal entrevistou a bióloga Neiva Guedes, do Instituto Arara Azul, organização-membro do Observatorio Pantanal (OP), para saber um pouco mais sobre a situação das araras-azuis neste momento, após os recentes episódios de incêndios que chegaram ao maior refúgio natural da espécie no país – Fazenda São Francisco do Perigara, no município de Barão do Melgaço, no Mato Grosso.

Acompanhe a entrevista

OP: Temos visto que os incêndios que assolam o Pantanal também chegaram a um dos maiores refúgios de araras azuis do mundo, na Fazenda São Francisco do Perigara. Assim como no ano passado, no qual as araras sofreram muito com os impactos, este parece ser um ano difícil para as araras. Como podemos avaliar os danos deste ano até o momento? Como elas foram atingidas?

“As araras foram atingidas principalmente pela perda de habitat, em especial neste último evento, na Fazenda Perigara, onde 70% das palmeiras de acuri e bocaiúva queimaram, ou seja grande extensões de área com palmeiras foram tomadas pelo fogo. A falta de comida afetará certamente as araras agora e no futuro. Além disso, há um segundo impacto que pode afetar na saúde das araras, que é a morte por herpevírus, que já aconteceu em 2015 e 2017. Já vemos que no dormitório, as araras estão com comportamento alterado, estão mais espalhadas, seja por questão de escassez de alimento e escassez de água. Felizmente, o dormitório não foi afetado, somente o entorno, e a proprietária da fazenda está planejando fazer um poço para sanar este problema da água. Por sorte, a fazenda é grande e possui uma parte que não foi queimada e uma grande população de araras encontrou refúgio nessa área, e tem se alimentado com o gado, mas por se tratar de uma grande concentração de araras, pode ser que a demanda por alimento seja muito alta e muitas não sobrevivam à falta de alimento”, disse a bióloga Neiva Guedes.

OP: À médio e longo prazo, quais são as consequências dos efeitos das mudanças climáticas e também dos incêndios no Pantanal na sobrevivência dessa espécie?

“A arara-azul é extremamente frágil, mais do que as outras espécies, pois ela tem uma dieta muito especializada, uma vez que se alimenta basicamente somente de duas palmeiras, desde que nasce até quando morre. E por ocuparem grandes árvores como ninhos para se reproduzir, na falta dessas palmeiras, não há sobrevivência à longo prazo. Infelizmente, a expectativa é que nos próximos anos, haja uma diminuição dessas populações, no caso dessa fazenda por exemplo. Mas somente saberemos dos reais impactos quando formos monitorar os ninhos. As mudanças climáticas afetam muito as araras principalmente na estação reprodutiva porque temos variações muito bruscas de temperaturas”, respondeu a bióloga Neiva Guedes.

OP: As araras azuis correm o risco de voltarem à lista vermelha brasileira de extinção com os impactos, tanto das queimadas do ano passado, quanto essas? Isso porque o o período mais crítico dos incêndios em tese ainda nem começou…

“Muito provavelmente, as araras-azuis serão reavaliadas para a próxima lista de espécies ameaçadas, já que o desmatamento, as queimadas, as mudanças climáticas e o tráfico (que também voltou a ocorrer) aumentaram muito a pressão sobre a espécie”, afirmou a biológa.

Saiba mais sobre o trabalho de conservação dessa espécie, feito pelo Instituto Arara-Azul neste link.

Crédito:
Observatório do Pantanal

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