Momento crucial para ação climática: está acabando o tempo para evitar um aquecimento catastrófico

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Imagem: MINUSTAH/Logan Abassi – Pessoas cruzam rio no Haiti após ponte ter sido destruída pelo furacão Matthew | A redução temporária das emissões de carbono causada pelos confinamentos durante a pandemia não interrompeu o avanço da mudança climática; várias agências da ONU publicam relatório inédito Unidos pela Ciência e comprovam que mundo está longe de atingir compromissos do Acordo de Paris.

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Um relatório inédito publicado em 14/09/21 por várias agências das Nações Unidas mostra que as concentrações de gases na atmosfera atingiram níveis recorde e o planeta está caminhando para enfrentar um aquecimento muito perigoso.

“Unidos pela Ciência 2021” é um documento que comprova que apesar das reduções de gases durante os confinamentos da pandemia de Covid, o mundo não está nada perto de atingir as metas do Acordo de Paris.

Incêndio florestal na Califórnia em 2020
Crédito: San Francisco Fire Department

Um mundo em perigo

O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirma que o número de desastres naturais já é cinco vezes maior do que os registros de 1970, incluindo ondas de calor fatais, furacões, enchentes e incêndios.

Segundo Guterres, “essas mudanças são apenas o começo do pior que está por vir”.

Vítima do ciclone Idai na Beira
Crédito: PMA/Deborah Nguyen

O chefe da ONU faz um alerta: sem reduções imediatas e em larga escala das emissões de gases, será impossível limitar o aumento da temperatura global a 1,5° C e as “consequências serão catastróficas.”

Cenário angustiante

De acordo com cientistas, o aumento da temperatura global já está causando eventos extremos do clima, com enorme impacto nas economias e nas sociedades.

O relatório Unidos pela Ciência sugere um cenário angustiante: mesmo com ação ambiciosa para cortar as emissões de gases, o nível do mar continuará subindo e ameaçando ilhas e populações que vivem em áreas costeiras.

António Guterres é claro: “o tempo está acabando” e “é preciso agir agora para evitar mais danos irreversíveis”.

O secretário-geral vê a COP26, em novembro, como a chance de um ponto de virada na situação.

Guterres faz um apelo a todos os países, para se comprometerem em atingir emissões zero até meados do século e para apresentarem estratégias claras, de longo prazo, para que a meta seja alcançada.

Nas ilhas Seychelles, meta é melhorar a proteção costeiras e impactos do aumento do nível do mar
Crédito: NOOR/Kadir van Lohuizen

A Conferência 2021 da ONU sobre Mudança Climática, conhecida como COP26, acontecerá entre os dias 31 de outubro e 12 de novembro em Glasgow, na Escócia. A expectativa é de que os líderes mundiais decidam os rumos da ação climática para a próxima década.

Descobertas notáveis 

De acordo com a Organização Meteorológica Mundial, OMM, reduzir as concentrações de metano, CH4, na atmosfera a curto prazo poderá ajudar no alcance das metas do Acordo de Paris. Mas a medida não elimina a necessidade de reduções mais fortes e rápidas de CO2 e outros gases. 

Já o Programa da ONU para o Meio Ambiente, Pnuma, alerta que a diferença entre o nível atual de emissões e o nível estipulado pela ciência até 2030 é maior do que nunca. 

Um futuro mais quente

O relatório explica que a temperatura global será em média 1°C mais quente do que os níveis da era pré-industrial (1850-1900) em cada um dos próximos cinco anos, e é muito provável que fique entre 0,9° e 1,8°C.

Existe ainda 40% de chance de que a temperatura em um dos próximos cinco anos seja 1,5° C mais quente do que os níveis pré-industriais. No entanto, o relatório destaca que será difícil a temperatura média ultrapassar 1,5° C no período 2021-2025.

Regiões de alta latitude e o Sahel provavelmente estarão mais húmidas nos próximos cinco anos. Em relação ao nível do mar, a expectativa é de aumento entre 0,3 e 0,6 m ate 2100, mesmo se as emissões de gases forem reduzidas e o aquecimento global menor do que 2° C.

Saúde mundial em risco

A Organização Mundial da Saúde, que também assina o estudo, alerta para aumento das mortes por calor extremo. Segundo a agência, 103 bilhões de horas de trabalho foram perdidas em 2019, na comparação com os índices de 2000, com trabalhadores afetados pelo clima.

Além da Covid-19, ondas de calor, incêndios e má qualidade do ar são fatores que ameaçam a saúde humana, colocando em risco especial as populações mais vulneráveis.

O relatório Unidos pela Ciência foi produzido pela Organização Meteorológica Mundial, OMM; Programa da ONU para o Meio-Ambiente, Pnuma; Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, IPCC; Projeto Global de Carbono, GCP; Programa Mundial de Pesquisa sobre o Clima, WCRP, e Met Office, do Reino Unido.

Site oficial: https://news.un.org/pt/

Crédito:
Imprensa | ONU News

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