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Por Adson Dutra, Colaboração para Ambiental Mercantil, em São Paulo
Especialista aponta fatores que determinam a dificuldade do brasileiro em ter consciência de consumo e apresentamos quem faz na prática
‘Como a maior parte dos brasileiros podem adotar práticas sustentáveis se não é ensinado isso a eles?’, essa pergunta quem faz é a Engenheira Ambiental, Margarida Oliveira, quando questionada sobre a pesquisa que aponta que 97% dos brasileiros tem dificuldade em adotar práticas de consumo sustentável. O estudo é da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).
A definição de consumo consciente surgiu em 1991, no relatório de Brundtland, em que o conceito de desenvolvimento sustentável é o gerador de um modelo de desenvolvimento que atenda às necessidades do presente, sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades.
“O atual cenário da sociedade global demonstra que no geral não entendemos como esse dito desenvolvimento pode ser preservado, de acordo com a forma na qual grande parte da sociedade está sujeita a subsistir. Uma vez que, a idealização de sustentabilidade é complexa ao ponto que precisamos do dinheiro para viver e mal podemos, como grupos conflitantes dos interesses político-econômicos e sociais, reagir contra grandes empresas e com potencias poluidoras,” explica a engenheira.
Com as festas de fim de ano se encerrando e um novo período se iniciando as formas de consumo passam a tomar força com datas comemorativas que servem de chamado aos consumidores para o consumo.
Essas formas de consumo têm imensa relação com os bombardeios de propagandas em que estamos diariamente sujeitos. O sistema capitalista mencionado por Oliveira, é o percussor e comandante chefe mundial em transformar data comemorativa em uma ideia de venda que supostamente vá nos satisfazer através de artifícios publicitários e de marketing.
É notável o papel da publicidade no interesse do capital para o resultado final do consumismo, como mostra a pesquisa “O valor da publicidade no Brasil”, da Deloitte e Cenp (Conselho Executivo das Normas-Padrão), que averiguou investimento de R$ 49 bilhões em publicidade pelos anunciantes.
A especialista reitera que há medidas que o cidadão comum pode adotar no dia a dia, mesmo com as adversidades do sistema que passa primeiro pela educação e o poder de grandes corporações.
“É primeiro entender de onde vem e quais os interesses de determinado produto ou serviço para pessoas ou empresas, alguns hábitos que podemos inserir no dia a dia depende do quanto temos de escolha no que consumimos,” diz.
E aqui é pontuado algumas desses exemplos:
“Dessa forma, ir em feiras, onde os alimentos são da região e que produzem conforme a estação do ano – com menos agrotóxicos, menor consumo de água na produção e de gasolina no transporte-, falando em agrotóxicos, comer menos carne – potencial bioacumulativo – ajuda o meio ambiente, o bolso e sua saúde, pontua.
Para ela há um déficit do sistema educacional do Brasil que é fragmentada em setores que não se complementam e não conversem, que colabora para atestar a pesquisa da CNDL E SPC Brasil.
“A definição de sustentabilidade é direcionada a grupos pequenos, nas bolhas socioeconômicas, que possuem o real poder de adquirir produtos e serviços que respeitem, em parte, o meio ambiente. A maioria das pessoas nem sequer podem chegar a interagir com esses, seja por não possuírem dinheiro, conhecimento e nem a possibilidade de aprender sobre como o mercado funciona”, informa.
E por fim a especialista descreve que mesmo sem uma lista de como contornar as falhas que podem ser de melhorias para o meio ambiente, pode finalizar com uma prédica. “E mesmo sem uma lista, o que posso dizer é para que aprendam sobre o que é meio ambiente e como podemos protege-lo, é importante tirar suas conclusões em livros, artigos, jornais ou vídeos, para que não caia em Fake News ou em propagandas enganosas,” finaliza.
Mulheres que fazem o consumo sustentável
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Tendo em vista que a pesquisa nesta matéria, mostra que há um obstáculo do brasileiro na falta de consumo com mais consciência, vemos que no meio desses 97% há pessoas conscientes, como é o caso da artesã, 31, Diana Fagusa,
Fagusa já é adepta do consumo sustentável há anos ao realizar a reciclagem dos plásticos que consomem. Ela faz a separação para enviar à coleta seletiva. Além da reciclagem, a profissional do artesanato, é adepta de uma vida mais consciente em termos de consumismo.
“Compro alimentos locais, frescos do lugar. Evito produtos com embalagens excessiva, busco selecionar os produtos de certificação, escolher produtos biodegradáveis que tem menos tempo e pode reciclar mais fácil, economizar energia, desligar as luzes, os eletrônicos que não estamos utilizando, utilizo lâmpadas de baixo consumo que aproveita a maior hora da luz do sol, abrir janelas para não tentar não ligar as luzes que consomem muita energia,” relata.
Engajada na causa do minimalismo, temos a psicóloga Silvana Cabrera, 34. Desde na época da faculdade, já percebia sua inclinação para este modelo de vida em que os poucos elementos materiais são presentes em sua vida. Observava a relação entre o cuidado com a saúde física e emocional e nunca se sentiu preenchida com os bens materiais.
“Vamos falar que você para de consumir quando percebe o que realmente já tem e que não precisa mais coisas, quando você está cheio. Eu encontrei essa sensação de estar cheia quando comecei a me conectar mais com a natureza, foi aí que eu realmente senti que não precisava mais das coisas de fora. Há uma questão-chave que me acompanhou durante esse processo de vida mínima e também o processo de não ser um comprador compulsivo, a questão-chave é você realmente precisa disso?” declara.
O minimalismo é um termo que surgiu nos Estados Unidos por americanos que questionaram o conceito de “sonho americano”, (Original: ‘american dream’, parte da premissa de obter sucesso em todas as áreas da vida, principalmente financeira). E que mais tarde estendeu-se para a Europa e outras partes do mundo e possui o ponto chave de adquirir um estilo de vida mínimo, principalmente ao desapego de elementos concretos de lucro e materiais.
A psicóloga defende que não precisamos de muito para viver bem e com boa saúde mental. E desta forma consegue se manter crítica e adepta as práticas de consumo mínimo freando as propagandas imposta pelo sistema capitalista de consumo de que sempre precisamos de um produto novo para estarmos bem com nós mesmos.
“Podemos perceber que o marketing tradicional fez as pessoas acreditarem que comprar uma televisão nova, comprar um telefone, vestir as melhores roupas, é o que realmente vai lhes trazer felicidade, é o que os preenche, então passa muito pouco tempo e eles percebem que saiu um novo estilo de roupa, saiu um iPhone de última geração e tudo o que até um mês atrás lhes dava felicidade já não lhes serve e nesse ciclo contínuo sem fim é onde se encontram as pessoas que querem colocar. felicidade nas coisas,” conta a psicóloga que adota um consumo sustentável totalmente voltado a preservar o meio ambiente.
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