ODS 11: Família se muda para casa compartilhada adquirida pelo Projeto Social Compartilha

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A escolha veio a partir da colaboração do Compartilha com a Cooperativa Empreendedoras Sin Fronteras.

Imagem: Divulgação – Yaneth com seus filhos, Diana e Juan. Saindo de um quarto de 9m² em um cortiço, aos poucos, estão montando a nova casa.

A primeira casa do projeto acaba de ser entregue para famílias de costureiros de uma cooperativa de São Paulo. A iniciativa é parte do FICA, fundo que viabiliza moradias para famílias de baixa renda do centro da cidade, com contratos regulares e aluguéis abaixo do preço de mercado

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No final de dezembro aconteceu a entrega da primeira casa do Compartilha, projeto do fundo imobiliário de propriedade comunitária FICA, que visa a aquisição de imóveis para destinação a moradores de cortiços da região central de São Paulo, estabelecendo-os como uma casa compartilhada.

Localizada no bairro no Bom Retiro, a casa de 88m² foi entregue reformada.

Os moradores do primeiro compartilhado são a família estendida de Yaneth Blanca (32). A escolha veio a partir da colaboração do Compartilha com a Cooperativa Empreendedoras Sin Fronteras, que reúne 23 famílias bolivianas e paraguaias que trabalham no bairro. Yaneth, assim como seu marido Ovídio Callaú (32), são costureiros na cooperativa e ocupavam um pequeno quarto em um pensionato com seus dois filhos, Diana (9) e Juan (4), além dos pais de Yaneth e o irmão.

O antigo quarto, de 3x3m, abrigava dois adultos e duas crianças, mais as máquinas de costura usadas para trabalhar.

“O quarto era subterrâneo, então recebia pouca iluminação e muita umidade. Meu pai, que alugava um quarto no mesmo local, desenvolveu problemas de saúde lá. Já o banheiro era único para sete pessoas”, conta.

A nova casa na rua Jaraguá tem três quartos e dois banheiros. Em um dos quartos (o maior, de 15m²), estão agora Yaneth, o marido e as duas crianças. O irmão de Yaneth é o locatário do segundo quarto, e o terceiro ficou para os pais.

“Agora estamos em uma casa arejada, com janelas que entram muita luz. Temos uma sala espaçosa para caber as máquinas de costura, e o corredor e quartos grandes para as crianças correrem e brincarem”, comemora a costureira.

A iniciativa

Lançado em setembro, o Compartilha é gerido por meio de investimentos de impacto social, que visam a aquisição de imóveis para realocar moradores de cortiços e de pensionatos da região central de São Paulo, estabelecendo-os como uma casa compartilhada.

A operacionalização inclui a reforma das casas para produzir um ambiente de qualidade e de salubridade, respaldados por contratos de locação que impeçam reajustes e despejos arbitrários, e a diminuição dos aluguéis pagos em até 30% abaixo da média cobrada no mesmo bairro, conforme levantamento realizado pelo FICA.

O projeto, que faz parte da Wealth Inequality Initiative, rede global de esforços destinados ao combate a desigualdades sociais, é inédito no Brasil por introduzir a figura do proprietário social não especulativo (quando o dono do imóvel não prioriza o lucro e destina sua operação para demandas sociais), a partir de investimentos de impacto social.

A iniciativa contempla modelos financeiro, jurídico, administrativo e social, baseado em investimento de impacto social com retorno financeiro. A rentabilidade inicial foi desenhada para ser de 4% ao ano em até 10 anos, a depender do valor do imóvel. O financiamento coletivo acontece com valores a partir de R$ 10 mil e é garantido pelo próprio imóvel.

A casa piloto foi adquirida por R$ 280 mil pelo Compartilha, após dez investidores de impacto social investirem no projeto.

De acordo com Roberto Fontes, coordenador do Compartilha, esta é a primeira entrega de um cronograma que pode viabilizar lares seguros para outras 50 famílias até 2025, em uma primeira fase do projeto.

Yaneth e Ovídio vão pagar R$ 550,00 por mês pelo quarto deles, e as despesas como água e luz, que serão divididas entre todos os moradores da casa. É a primeira vez que terão um contrato de aluguel, com direitos e deveres entre inquilino e locatário.

Cortiço – O m² mais caro da cidade

Segundo dados da SEADE/2004, registrados no relatório geral do Programa de Atuação em Cortiços do governo de São Paulo, cerca de 160 mil famílias, aproximadamente 596 mil pessoas, viviam em cortiços na região central de São Paulo, o que correspondia a 6% da população do município.

Para Fontes, os cortiços representam atualmente um dos investimentos imobiliários mais lucrativos da cidade. Ele cita o exemplo de um quarto de 12 m² com banheiro compartilhado em um cortiço no bairro do Glicério, cujo aluguel pode custar R$ 800, equivalente a 80% do salário mínimo.

“O m² de um cortiço no centro pode ser mais caro que de um apartamento de classe média alta em São Paulo. O valor contrasta com o péssimo estado da maioria dos edifícios, sem retorno na qualidade da construção, segurança de posse ou qualidade de vida, nos quais os inquilinos são frequentemente ameaçados de despejos”, explica.

O coordenador completa que o Compartilha propõe produzir mudanças qualitativas. “Apresentamos aqui modelos de tecnologia social e de investimento de impacto social, além de alternativas de habitação, com potencial para demonstrar para o Estado a viabilidade de políticas públicas que saiam do convencional”, frisa.

Sobre o FICA

O Compartilha faz parte do FICA, fundo imobiliário de propriedade coletiva que nasceu em 2015 para promover o acesso igualitário a moradias, baseado no modelo de propriedade comunitária e aluguéis acessíveis para famílias com renda entre dois e três salários-mínimos. É o primeiro fundo do gênero no Brasil.

Em 2017, o FICA adquiriu em comodato seu primeiro imóvel: um apartamento no centro de São Paulo no qual reside uma família que paga mensalmente um aluguel 50% abaixo do valor do mercado. Em maio de 2021, adquiriu seu segundo imóvel, viabilizado por crowdfunding, com cerca de 200 doadores. As doações para o imóvel 3 já atingiram 63% do valor necessário para a compra e sua aquisição está prevista para o primeiro semestre de 2022. Em setembro de 2021, o FICA ganha nova frente de ação – o Compartilha, que que busca alterar a realidade dos moradores dos cortiços em São Paulo.

Mais informações em Fundo Compartilha Investimentos – FICA

Site oficial: https://fundofica.org/

Crédito:
Imprensa | FICA Compartilha

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