Retrospectiva 2021: Profissionais do meio ambiente discutem o passado e as perspectivas de futuro da biodiversidade brasileira

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Imagem: Michael Vite, Pixabay | Rio Amazônia

Por Adson Dutra, Colaboração para Ambiental Mercantil, em São Paulo

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AMBIENTAL MERCANTIL

“O Brasil encerra 2021 com parte de sua biodiversidade em risco”. É o que apontou e vimos nas pesquisas e manchetes de jornais durante o ano passado.

Bem, temos a divulgação que entre janeiro e novembro de 2021, a Amazônia Legal perdeu 10.222 km² de floresta. Esse é o maior número acumulado nos últimos dez anos, de acordo com os dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (Imazon). Assim como a reportagem já publicada no canal de notícias, Ambiental Mercantil, sobre o cerrado ser o bioma mais destruído com queimadas perdendo 41% de sua área nos últimos anos (pesquisa da Mapbiomas).

E tantas outras notícias sobre as perdas que o Brasil sofreu em sua rica e vasta diversidade biológica.

O Dia Mundial da Biodiversidade é comemorado no dia 29 de dezembro. Diante dessa data e todo um novo ano que se inicia, 2022, afinal há o que se comemorar?

Conversamos com a bióloga, Betina Alves, e a engenharia ambiental, Margarida Oliveira, que nos contou as respectivas reflexões e análises do que houve ano passado e o que podemos esperar para o futuro.

Betina Alves – doutora em Biologia

Doutora em Biologia, Betina Alves – Arquivo pessoal

O que podemos analisar a partir de estudos como da Imazon e Mapbiomas sobre o desmatamento dos nossos biomas?

Trata-se de um crime o que está acontecendo com nossas florestas. As florestas são economicamente mais importantes preservadas! Enquanto a realidade for a da destruição pelo “progresso”, iremos sofrer com o desmatamento. O Brasil precisa entender que a conservação também é viável economicamente, também traz lucro e rentabilidade.

Quais os riscos que enfrentaremos se não frearmos essas realidades?

Os riscos são enormes. Entre eles estão a própria degradação dos habitats, mudanças no clima, o aumento de eventos climáticos extremos, a erosão, que afeta diretamente o agronegócio e seus derivados, além de impactos sociais, já tão conhecidos no Brasil.

Fale sobre a biodiversidade brasileira!

O Brasil é o país com a maior biodiversidade de flora e fauna do planeta. Possui mais de 103 mil espécies animais e 43 mil vegetais conhecidas pela ciência. Essa biodiversidade também trabalha constantemente para nossa manutenção no planeta, oferecendo gratuitamente os seus serviços ecossistêmicos. As florestas protegem as nascentes de água potável que consumimos, amenizam as mudanças climáticas e regulam as chuvas. Metade da chuva que irriga as plantações na região sul do Brasil, por exemplo, vem do bioma Amazônico.

E os danos causados pelo desmatamento, agronegócio na diversidade biológica no nosso país?

A maior parte das nossas culturas agrícolas depende do serviço de polinização oferecido por abelhas, vespas, mariposas, besouros e muitos outros animais. Sem eles a produção agrícola ficaria seriamente comprometida. Outro exemplo é o serviço de decomposição da matéria orgânica desempenhado pelos fungos e microrganismos, silencioso e fundamental. A ciclagem de nutrientes do solo realizada por esses agentes, geralmente invisíveis a olho nu, é o que mantém a nossa capacidade de produzir alimentos.

A manutenção da biodiversidade na agricultura, com manejos e práticas de conservação do solo, é determinante para frear o processo de desgaste e perda deste precioso recurso. 

Como manter nossa fauna e flora e toda a diversidade biológica? 

É essencial que medidas sejam tomadas para que as taxas de desmatamento diminuam. Entre essas medidas está a educação. É fundamental que as pessoas saibam a importância da vegetação natural, como as florestas, conheçam todos os benefícios gerados por elas, ambientais, econômicos e sociais, para que, assim, compreendam a necessidade de sua conservação. Além disso, políticas de reflorestamento, manejo sustentável, proteção e fiscalização são essenciais para o controle do desmatamento e a preservação do meio ambiente.

Margarida Oliveira – Engenheira Ambiental

Eng. Ambiental Margarida Oliveira – Arquivo pessoal

Os impactos ambientais no Brasil têm chamado a atenção do mundo e até mesmo o comércio-economia são afetados. É um sinal que algo não vai bem?

As coisas não vão bem há muito tempo e poderíamos fazer mais um filme sobre como o mundo está. Mas vamos por partes, no Brasil a questão do desmatamento é de extrema importância e isso chama a atenção do resto do mundo, por vários motivos, os quais tem ou não relação com o a proteção do meio ambiente.

Vamos novamente para as leis, me baseio nelas pois existe uma série de artigos flexíveis e que são alterados de acordo com os interesses da federação em adquirir dinheiro e acordos internacionais, sejam eles para a proteção do ambiente em âmbito global ou relacionado aos impostos e obtenção de lucros empresariais (nacionais e internacionais). Ainda assim, acordos como o Acordo de Paris possuem regras e o Brasil vem descumprindo algumas dessas relacionados ao controle de emissões de gases.

A Lei 6.938 é a Política Nacional do Meio Ambiente e embora o Brasil tenha uma série de leis sobre o meio ambiente existe essas flexibilidades, que estão sendo alteradas durante esse governo com maior força. Algumas pessoas vão lembrar quem em governos anteriores ocorreram picos de queimadas que depois desceram, começou a ser monitorado, houveram alterações em leis e chamou atenção novamente.

Estamos em 2021 e esse monitoramento foi desmoronado. Ainda para agravar a situação o mundo consome mais, onde a produção de carne é o cenário relacionado com o desmatamento e a poluição atmosférica, uma vez que a monocultura (poluição, desmatamento e agrotóxicos) avança para produzir o que o animal come, depois o matamos, desossamos e embalamos (processos que gastam água) e transportamos. Do início ao fim desse ciclo há um consumo alto de recursos e poluição envolvidos.

Devido ao desmatamento e a situações sanitárias o Brasil vem sofrendo com embargos comerciais cada vez. A agropecuária representa 48% das exportações brasileiras (2020), movimentando o comércio nacional e sendo a fonte de renda de centenas de brasileiros. Os resultados desses embargos serão sentidos pelos brasileiros em 2022.

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Crédito:
Imprensa | Ambiental Mercantil

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