OPINIÃO DE ESPECIALISTA: Ainda temos catadores em lixões, porque temos lixões no Brasil

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Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
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Imagem: Divulgação | Artigo de Roseane Maria Garcia Lopes de Souza, Engenheira Sanitarista e Ambiental, diretora da ABES e coordenadora das Câmara Técnicas de Resíduos Sólidos e Saúde Pública para seção Opinião de Especialista AMBIENTAL MERCANTIL NOTÍCIAS

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Junho de 2023 – O Brasil é um país conhecido por suas belas paisagens, natureza exuberante, praias e rios que se estendem por todas as regiões. No entanto, enfrentamos um desafio sério: a persistência dos lixões. Por que ainda temos lixões no Brasil? Infelizmente, essa é uma questão complexa e os números exatos são incertos, tornando difícil fornecer uma resposta precisa. O fato é que muitos municípios brasileiros ainda dependem de lixões como forma de descarte de resíduos, devido à falta de infraestrutura adequada, recursos financeiros limitados e problemas relacionados à gestão de resíduos. Essa situação evidencia a necessidade de investimentos em políticas públicas eficazes, educação ambiental e soluções sustentáveis para reduzir e eliminar os lixões em todo o país. É um desafio que requer a participação de todos os setores da sociedade, visando um futuro mais limpo e sustentável.

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
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O que é necessário para erradicá-los de uma vez por todas, quais os desafios?

Um dos principais desafios que enfrentamos é a falta de infraestrutura adequada para lidar com os resíduos sólidos em muitas cidades brasileiras. A ausência de aterros sanitários e de sistemas eficientes de coleta e tratamento de lixo dificulta a erradicação dos lixões. Além disso, a desigualdade social também desempenha um papel importante na persistência desses locais.

Os lixões muitas vezes se tornam uma fonte de subsistência para os catadores de materiais recicláveis, que enfrentam dificuldades socioeconômicas significativas.

A falta de oportunidades de emprego e o acesso limitado a serviços básicos dificultam a melhoria da saúde e qualidade de vida desses catadores. Para superar esses desafios, são necessários investimentos em infraestrutura adequada, políticas públicas eficazes, educação ambiental e programas de inclusão social. Somente assim poderemos trabalhar rumo a uma gestão de resíduos mais sustentável e garantir um futuro melhor para todos.

Outro aspecto preocupante é a precariedade das condições de trabalho enfrentadas pelos catadores nos lixões. Eles ficam expostos a produtos químicos, materiais cortantes e doenças, muitas vezes sem ter acesso a equipamentos de proteção adequados.

A falta de políticas públicas efetivas também representa um desafio significativo.

É fundamental a implementação de legislações claras e abrangentes que incentivem a reciclagem e promovam a gestão adequada dos resíduos sólidos. Além disso, é essencial fornecer apoio financeiro e técnico para as cooperativas de catadores, visando fortalecer seu trabalho e melhorar suas condições de vida. As campanhas de conscientização e educação ambiental são igualmente importantes para engajar a população e promover uma mudança de comportamento em relação ao descarte e à separação correta dos resíduos. Somente com a implementação de políticas públicas abrangentes e o envolvimento de todos os setores da sociedade, poderemos enfrentar esse desafio e trabalhar rumo a um país com uma gestão de resíduos mais sustentável.

A educação e a conscientização da população desempenham um papel fundamental na melhoria da gestão de resíduos sólidos.

Investir em programas de educação ambiental nas escolas e promover campanhas de conscientização podem gerar mudanças de comportamento e estimular a correta separação de resíduos, assim como ressaltar a importância da reciclagem e da economia circular.

A participação do setor privado também é crucial nesse processo. Empresas responsáveis pela geração de resíduos devem ser incentivadas a adotar práticas sustentáveis. Estabelecer parcerias público-privadas e oferecer estímulos econômicos pode contribuir para a erradicação dos lixões e melhorar a saúde dos catadores.

É fundamental que o governo assuma a responsabilidade de implementar políticas públicas efetivas, como a criação de aterros sanitários adequados e sistemas eficientes de coleta e tratamento de resíduos. Além disso, é necessário promover a inclusão social dos catadores, fornecendo-lhes condições de trabalho seguras e dignas, bem como oportunidades de capacitação e acesso a melhores condições de vida.

Somente por meio de um esforço conjunto, envolvendo governo, setor privado, sociedade civil e população em geral, podemos enfrentar esse desafio e alcançar uma gestão de resíduos mais sustentável e um futuro mais limpo e saudável para o Brasil.

Enfrentar esses desafios requer uma abordagem integrada, envolvendo o governo, o setor privado, as organizações da sociedade civil e a população em geral. É necessário implementar políticas e investimentos adequados, aliados à conscientização e mudança de comportamento, para avançar na erradicação dos lixões e melhorar a saúde dos catadores no Brasil.

Para alcançar esses objetivos, é fundamental investir em infraestrutura, como a construção de aterros sanitários, e implementar sistemas de coleta seletiva, logística reversa e economia circular. Além disso, é essencial promover a inclusão social dos catadores, apoiando a organização em cooperativas, garantindo condições de trabalho dignas, acesso a benefícios sociais e programas de capacitação profissional.

A superação desses desafios não apenas contribuirá para a erradicação dos lixões, mas também para a promoção da igualdade social e a preservação do meio ambiente. A conscientização da população sobre a importância da gestão adequada de resíduos e o incentivo à redução, reutilização e reciclagem são elementos-chave para promover uma cultura de sustentabilidade. O governo deve desempenhar um papel de liderança na formulação de políticas públicas efetivas, na implementação de regulamentações ambientais mais rigorosas e na alocação de recursos adequados para enfrentar esse problema. Ao mesmo tempo, o setor privado pode contribuir por meio do desenvolvimento de práticas sustentáveis em suas operações e da colaboração com iniciativas sociais e ambientais.

Juntos, podemos trabalhar para erradicar os lixões, garantir a saúde e a dignidade dos catadores e construir um futuro mais sustentável e justo para o Brasil.

Sobre a autora

Foto: Roseane Maria Garcia Lopes de Souza, Engenheira Sanitarista e Ambiental

Eng. Roseane Maria Garcia Lopes de Souza possui graduação em Engenharia Sanitária pela Universidade Federal do Pará. Pós-graduação em Engenharia Ambiental pela Faculdade de Saúde Publica da USP. Pós-graduação em Pericia e Auditoria Ambiental pelo IPEN. Atualmente e engenheira do Centro de Vigilância Epidemiológica, Coordenadora da Câmara Técnica de Saúde Pública e de Resíduos Sólidos da ABES-SP. Secretaria executiva do Centro de Referência de Segurança da Água – Capitulo Brasil.

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