OPINIÃO DE ESPECIALISTA: Como desmatamento na Amazônia diminui pela metade, enquanto o Cerrado registra aumento expressivo?

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Foto: Site do IPAM Amazônia
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Imagem: Divulgação | Especialista em mudanças climáticas, Carlos Sanquetta, comenta dados recentes do INPE que revelam discrepância na conservação entre os biomas brasileiros e alerta sobre os riscos 

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Fevereiro de 2024 – O primeiro ano de administração do presidente Lula testemunhou uma redução significativa no desmatamento na região Amazônica, por outro lado, o levantamento também constatou o quarto ano consecutivo de aumento na área desflorestada no Cerrado. Os números, referentes ao período de janeiro a dezembro de 2023, foram divulgados recentemente pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

De acordo com os dados, o acumulado de alertas de desmatamento na Amazônia registrou uma queda expressiva de aproximadamente 49,8% em comparação com 2022. Apesar disso, o Cerrado experimentou um aumento alarmante de 43,2% na área desmatada

“Os números revelados pelo INPE refletem a complexidade da situação ambiental no Brasil. Enquanto a Amazônia demonstra progresso na conservação, o aumento contínuo no desmatamento no Cerrado demanda uma ação urgente para preservar a diversidade biológica e equilibrar o ecossistema. A preocupante elevação dos números no Cerrado merece uma atenção especial das autoridades e da sociedade civil”, destaca Carlos Sanquetta, renomado ambientalista e especialista no tema.

Regressão na Amazônia

Os dados indicam uma regressão na Amazônia, após o pico de desmatamento em 2022, que totalizou 10.277,61 km². Em 2023, a área desmatada diminuiu para 5.151,62 km², alcançando a quarta menor quilometragem desmatada desde 2015.

Ao analisar os estados individualmente, o Pará liderou o desmatamento na Amazônia, com 1.903 km², seguido por Mato Grosso, Amazonas e Rondônia.

Aumento Alarmante no Cerrado

Contrastando com a redução na Amazônia, o Cerrado enfrentou um aumento significativo na área desmatada, passando de 5.462,96 km² para 7.828,26 km². Em comparação com os últimos cinco anos, 2023 apresenta o maior valor de desmatamento no bioma.

Em uma análise geográfica, o Maranhão lidera a lista dos estados com a maior área do Cerrado desmatada, totalizando 1.765 km², seguido por Bahia, Tocantins e Piauí.

Um dos temas fortes da COP28, realizada em Dubai no dinal do ano passado, foi o papel da agricultura sustentável e regenerativa na mitigação climática. Segundo o último inventário de emissões de gases de efeito estufa (GEE) publicado pelo governo federal, a Agropecuária e as Mudanças no Uso da Terra (essencialmente desmatamento) representam juntas maid de 60% das emissões de GEE do país. Portanto, para que o Brasil cumpra seus compromissos internacionais ante o Acordo de Paris, será indispensável reverter esse quadro de desmatamento e aumento indefinido de sua fronteira agropecuária. O Brasil precisa produzir mais sim, mas sem ter que desmatar, ou seja, utilizando melhor o seu espaço territorial e otimizando a sua produtividade.

Esses números ressaltam a urgência de medidas efetivas para a preservação ambiental e a importância de uma abordagem equilibrada na conservação dos biomas brasileiros. O diálogo entre especialistas, governos e a sociedade torna-se crucial para garantir um futuro sustentável para o país.

Sobre Carlos Sanquetta

Carlos Sanquetta é pesquisador e professor universitário com 38 anos de experiência profissional, especialista em Mudanças Climáticas e Mercado de Carbono. É Ph.D. em Ecologia e Manejo de Recursos Florestais (Japão) e em Manejo Florestal e Mudanças Climáticas (Portugal). Sanquetta também desenvolve um importante trabalho no cenário internacional como integrante do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês). Além disso, é representante do Brasil na International Organization for Standardization (ISO) e autor de mais de 30 livros e mais de 50 artigos científicos.

Hoje, além de professor titular da Universidade Federal do Paraná (UFPR), cargo que exerce há 29 anos, Sanquetta também atua como educador digital sobre o mercado de créditos de carbono e já soma cerca de 1.500 mil profissionais capacitados para atuar nesse âmbito. Além da experiência acadêmica, o paranaense também atua de forma prática no mercado com a elaboração de inúmeros inventários de emissões de gases de efeito estufa e projetos de créditos de carbono. LinkedIn.

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