Encontro Econômico Brasil Alemanha (#EEBA24): 40 anos promovendo o intercâmbio empresarial e o desenvolvimento de competências

softelec
© Christian Kruppa BDI
© Christian Kruppa BDI

Imagem: Divulgação | Por Simone Horvatin, jornalista (MTB 0092611/SP) associada à BDFJ Bundesverband Deutscher Fachjournalisten (Federação de Jornalistas Técnicos da Alemanha), especializada nos setores ambientais e de energias renováveis

Publicidade
Publicidade
STADLER

Wolfsburg, Alemanha | Setembro de 2024 – O Encontro Econômico Brasil-Alemanha (EEBA) chegou à sua quadragésima edição, consolidando-se como um dos principais eventos de diálogo estratégico entre os dois países. Desde sua criação em 1984, o EEBA tem promovido intercâmbios entre líderes empresariais e autoridades governamentais, reunindo embaixadores, industriais e banqueiros. Em um momento de turbulências políticas, econômicas e ambientais no mundo, a edição deste ano ganha ainda mais relevância, reafirmando valores compartilhados entre Brasil e Alemanha, como democracia e respeito aos direitos humanos.

© Christian Kruppa BDI | Autostadt VW, Wolfsburg, Alemanha

O Encontro Econômico Brasil-Alemanha (EEBA) 2024, organizado pela Federação das Indústrias da Alemanha (BDI) e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), ocorreu no Autostadt, sede da Volkswagen AG, em Wolfsburg, Baixa Saxônia. Esta edição do evento destaca-se como uma das principais plataformas anuais para o fortalecimento das relações econômicas entre Brasil e Alemanha, duas das economias mais influentes do mundo. A escolha do Autostadt, um local histórico e símbolo da indústria alemã, sublinha a importância do evento e a busca da Alemanha por fortalecer laços comerciais e de investimento com o Brasil, especialmente no cenário geopolítico atual, a crescente competição global com China e EUA.

O EEBA 2024 ressalta a relevância da parceria entre a quarta maior economia mundial (Alemanha) e o Brasil, o segundo maior país do BRICS em termos de PIB, demonstrando o potencial de colaboração e crescimento mútuo entre essas duas nações.

Neste ano, o evento se destacou pela ênfase em iniciativas e compromissos com a sustentabilidade e o meio ambiente, temas que permeiam praticamente todas as discussões. Com a participação de mais de 450 pessoas, o encontro abordou a necessidade de parcerias mais robustas entre o Brasil, a Alemanha e a Europa, especialmente nas áreas de descarbonização, tecnologias verdes e digitalização. A presença do Brasil no cenário global foi ressaltada, com foco em seu potencial como parceiro estratégico em hidrogênio verde e na cooperação industrial.

Moderado pela renomada jornalista alemã Sonja Álvarez, Chefe Adjunta da revista WirtschaftsWoche, o evento contou com uma programação rica em discussões e painéis. Temas como energias renováveis, mudanças climáticas, inteligência artificial e cadeias de suprimentos resilientes foram explorados por especialistas e líderes do setor.

© Christian Kruppa BDI
© Christian Kruppa BDI | Siegfried Russwurm, BDI; Ricardo Alban, CNI; Gunnar Kilian, LADW e Sonja Álvarez, WirtschaftsWoche

O evento foi aberto por Siegfried Russwurm, presidente da Federação das Indústrias Alemãs (BDI), Antônio Ricardo Alban, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Gunnar Kilian, presidente do Comitê de América Latina da Economia Alemã (LADW) e membro do Conselho de Administração da Volkswagen AG. Os participantes discutiram os desafios enfrentados em tempos difíceis, a importância do foco e da competitividade, e a segmentação de serviços. Eles também mencionaram a complexidade da indústria e a necessidade de uma abordagem coordenada para os desafios econômicos, com ênfase nas exportações e no impacto das políticas brasileiras no comércio global.

A palavra de Siegfried Russwurm

“A Alemanha e a Europa precisam voltar a ser parceiros mais atraentes para o Brasil. O quinto maior país do mundo, com mais de 210 milhões de habitantes, está desempenhando um papel cada vez mais importante no cenário geopolítico e é fortemente cortejado por outros países. A Europa tem muito a oferecer, especialmente em soluções de descarbonização e tecnologias futuras, como inteligência artificial e tecnologias quânticas. Não podemos perder mais tempo com o acordo entre a UE e o Mercosul. O objetivo deve ser concluir as negociações com sucesso até o final do ano. Isso fortaleceria a relação entre o Brasil, a região e a Europa, enviando um importante sinal de determinação aos nossos concorrentes globais, China e EUA. As tarifas sobre 91% dos produtos comercializados seriam eliminadas, o que resultaria em economias anuais de quatro bilhões de euros para as exportações da indústria europeia. Alemanha e Brasil têm muitas oportunidades para avançar juntos na transformação verde e contribuir significativamente para a descarbonização. Poucos países no mundo têm uma matriz energética tão limpa quanto o Brasil, com mais de 93% da eletricidade proveniente de fontes renováveis, comparado a mais de 56% na Alemanha. A cooperação no campo do hidrogênio verde também pode fortalecer ainda mais essa parceria.”

A palavra de Gunnar Kilian

“Um desenvolvimento direcionado das relações econômicas com o Brasil é, neste momento, decisivo para a localização da Alemanha. A maior economia da América Latina oferece, com seu mercado dinâmico em crescimento, o potencial para um fortalecimento sustentável da indústria alemã. Atualmente, o país já é um dos principais destinos de investimento de empresas alemãs fora da Europa, estabelecendo assim a base para um maior engajamento econômico. Esse potencial pode ser ainda mais explorado se a política e a economia estabelecerem as condições adequadas. Um passo crucial nesse sentido poderia ser um acordo para evitar a dupla tributação de empresas. Alemanha e Brasil deveriam retomar as negociações e superar as barreiras técnicas. A redução da carga tributária para as empresas facilitaria decisões de investimento a longo prazo e promoveria a diversificação adicional de nossas economias.”

Antônio Ricardo Alban, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), expressou o desejo de que a Alemanha se apresente de forma mais agressiva no Brasil:

“Temos hoje uma grande oportunidade, que é conviver com a deflação mundial, mas esse período vai passar. Vamos ter de conviver com nossa produtividade e nossa competitividade, para que o equilíbrio econômico nos países possa existir. Por que falamos em mais agressividade de parceiros tão longevos como a Alemanha? Fazendo uma analogia não de carros, mas de barcos. O barco ideal é aquele que tem, no mínimo, 100 horas de uso, porque todas as dificuldades inerentes a algo novo já foram superadas. E temos uma relação com a Alemanha, já como um barco com 100 horas! Em relação a outros países, são barcos novos. Por que não aproveitarmos a grande expertise? Vamos dar preferência àquilo que já existe, mas também inovar. O Brasil não pode ser apenas um simples país exportador de commodities. Queremos ser desenvolvedores de produtos e tecnologias em conjunto, em um modelo B2B, ganha-ganha.

© Christian Kruppa BDI | Ricardo Alban, CNI

Alguns exemplos, como na cadeia produtiva da mineração, mostram que temos tantas competências e capacidades. Na construção pesada então! Quanto know-how o Brasil e a Alemanha têm! A América Latina carece de infraestrutura. Olhe quantas oportunidades existem. Veja também que a economia circular é transversal, principalmente no setor energético. Já não sabemos o que fazer com as pás eólicas e os painéis solares. Existem grandes oportunidades entre nós, que somos parceiros longevos”, conclui Alban.

No painel “Negócios e Política em Diálogo”, um dos destaques foi a participação do Vice-Chanceler e Ministro Federal de Assuntos Econômicos e Ação Climática da Alemanha, Robert Habeck. O Vice-Chanceler participou de uma mesa-redonda com representantes do setor econômico e, nos bastidores do evento, dialogou com o Secretário Executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) do Brasil, Márcio Elias Rosa, e com a Embaixadora Maria Laura da Rocha, Secretária-Geral das Relações Exteriores.

© Christian Kruppa BDI | Robert Habeck, Vizekanzler, Bundesminister für Wirtschaft und Klimaschutz

Ministro Habeck: “O Brasil é um parceiro estratégico e há muitos anos é o principal parceiro comercial da Alemanha na América do Sul. Muitas empresas alemãs investem com sucesso no Brasil há décadas. O Encontro Econômico Brasil-Alemanha, com numerosos representantes empresariais de ambos os países, está agora na sua 40ª edição. No entanto, ainda existe um enorme potencial para expandir nossas relações econômicas, especialmente na transformação para uma economia verde e sustentável, nas energias renováveis e reservas de matérias-primas. O fato de o Brasil ser o país parceiro da Hannover Messe 2026 é uma expressão do interesse mútuo.”

Encerramento o painel “Negócios e Política em Diálogo”, Jorge Viana, presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), e Jochen Köckler, presidente da Deutsche Messe AG, assinaram um memorando de entendimento. Este documento oficializa a escolha do Brasil como país parceiro da Hannover Messe 2026, a maior feira de tecnologia industrial do mundo, sublinhando o papel estratégico do Brasil nas energias renováveis e na transformação digital.

©Christian Kruppa – BDI | Jochen Köckler, presidente da Deutsche Messe AG e Jorge Viana, presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex)

Além disso, um memorando de entendimento foi assinado por Jorge Viana, presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), e Jochen Köckler, presidente da Deutsche Messe AG, oficializando o Brasil como país parceiro da Hannover Messe 2026.

O embaixador brasileiro na Alemanha, Roberto Jaguaribe, destacou a importância da parceria entre os dois países ao afirmar que a Hannover Messe 2026 como uma vitrine para as energias renováveis do Brasil, fundamentais para a transição para uma economia de baixo carbono.

Do Brasil, como speakers, participaram: Mariana Lisbôa, Diretora Global de Assuntos Corporativos, Suzano; João Pedro Taborda, Vice-Presidente de Assuntos Governamentais – Europa e Ásia Central da Embraer; Márcio de Lima Leite, Presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA); Jorge Lima, Secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo; Ludmila Nascimento, Diretora de Energia e Descarbonização da Vale; Márcio Santos, Co-Presidente, Seção Brasileira da Comissão Mista Germano-Brasileira de Cooperação Econômica, Comista.

©Christian Kruppa – BDI | Stephan Weil, Niedersächsischer Ministerpräsident

O primeiro dia do evento foi encerrado com uma recepção oferecida pelo Primeiro-Ministro da Baixa Saxônia, Stephan Weil, em nome do governo estadual, reforçando a hospitalidade local.

Oportunidades de negócios e parcerias bilaterais

O segundo dia do EEBA foi de especial importância para empresários brasileiros e alemães. As mesas-redondas, denominadas “Pontos de Conexão”, promovidas pela Sociedade Alemã de Cooperação Internacional (GIZ) e pela Câmara de Comércio e Indústria de Hannover (IHK), possibilitaram o encontro entre oferta e demanda em áreas estratégicas. Entre os temas abordados estiveram “Energias Renováveis e Recursos Naturais”, “Digitalização e Indústria 4.0” e “Talentos e Mão de Obra Qualificada”, criando um ambiente propício para o desenvolvimento de novas parcerias.

Tradicionalmente, o Brasil é o principal parceiro comercial na América do Sul. Com mais de 1.000 empresas alemãs, é um dos maiores locais de indústria e economia alemã no mundo. Recentemente, o Brasil voltou a figurar entre as 10 maiores economias do mundo. Com suas significativas reservas de matérias-primas e seu enorme potencial para energias renováveis, ele desempenha um papel fundamental na diversificação da economia alemã, na transição para uma economia sustentável e na proteção climática global.

GIZ e BMWK apoiam SENAI Ceará e TÜV Rheinland Akademie GmbH para desenvolver capacitação técnica em segurança e saúde ocupacional no manuseio de H2V

©FIEC | SENAI Ceará

A Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), por meio do SENAI Ceará, assinou uma carta de intenções com a TÜV Rheinland Akademie GmbH para desenvolver capacitação técnica em segurança e saúde ocupacional no manuseio de Hidrogênio Verde (H2V) em zonas portuárias brasileiras. O acordo é parte do programa H2Uppp, coordenado pela Agência Alemã de Cooperação (GIZ) e financiado pelo Ministério da Economia e Ação Climática da Alemanha (BMWK).

©FIEC | SENAI Ceará

O projeto “Aprimoramento e garantia de padrões de segurança para o Hub de Hidrogênio Verde no Complexo Industrial e Portuário do Pecém” visa qualificar trabalhadores do Porto do Pecém e da cadeia de valor do H2V, utilizando normas de segurança internacionais. A cooperação entre a TÜV Rheinland, SENAI Ceará e GIZ busca contribuir para a transição energética e promover a capacitação para o crescente mercado de hidrogênio verde.

A cooperação entre a TÜV, enquanto instituição líder alemã de serviços técnicos para inspeção, certificação de sistemas técnicos e treinamentos, com o SENAI, enquanto organização brasileira especialista em inovação industrial e formação profissional, juntamente com a GIZ, representa a união dos esforços entre Brasil e Alemanha para a transição energética global e preparação adequada ao mercado de hidrogênio verde.

Relação comercial entre Brasil e Alemanha

A Alemanha desempenha um papel fundamental na economia brasileira, sendo um dos principais parceiros comerciais e um investidor significativo. A Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK Brasil) representa oficialmente os interesses da economia alemã no Brasil há 108 anos. Sua atuação se concentra no fortalecimento e diversificação dos negócios de seus associados, na atração de investimentos para o Brasil, na ampliação do comércio bilateral e na promoção da cooperação entre os dois países. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores do Brasil e a AHK Brasil, a Alemanha é atualmente o 4º maior parceiro comercial do Brasil e o 1º entre os países da Europa. Dados atualizados do Banco Central do Brasil e do Ministério das Relações Exteriores indicam que a Alemanha ocupa a 8ª posição entre os maiores investidores no Brasil. Muitas dessas empresas têm uma longa trajetória no país, com algumas operando há mais de um século. Entre elas, destacam-se: Volkswagen, Daimler (Mercedes-Benz), BMW, Siemens, Bosch, Bayer, BASF, ThyssenKrupp, Continental, Allianz, Stihl e Faber-Castell.

Bahia sediará próximo EEBA, em 2025

O Encontro Econômico Brasil-Alemanha 2024 reafirmou seu papel central no fortalecimento das relações bilaterais, destacando a importância da colaboração entre os dois países em um mundo em constante transformação. A próxima edição acontecerá em Salvador, Bahia, em 2025.

2025 | DATA A SER CONFIRMADA

AMBIENTAL MERCANTIL presente neste evento internacional

© Simone Horvatin – Arquivo Pessoal

O evento contou com a presença da jornalista Simone Horvatin, (MTB 0092611/SP) e membro da BDFJ (Federação de Jornalistas Técnicos da Alemanha). Especializada em setores ambientais e de energias, vive há 24 anos na Alemanha. Formada em Letras, com MBA em Negócios pela Universidade Mackenzie em São Paulo, e Economia pela IHK Akademie de Munique. Jornalista po vocação, criou em 2016 a plataforma de conteúdo, notícias e marketplace mais ambiental do Brasil:  Ambiental Mercantil (2023: mais de 900.000 visitantes únicos). No LinkedIn possui uma vasta rede de contatos profissionais (85.000 aproximadamente) entre Brasil e a Alemanha. Conecte-se.

REPRODUÇÃO PROIBIDA: Esta matéria é exclusiva do canal AMBIENTAL MERCANTIL NOTÍCIAS. A reprodução, parcial ou total, do conteúdo ou das imagens por outros veículos, sem a devida menção ou atribuição dos créditos (incluindo jornalista, plataforma e link para esta matéria), é estritamente proibida.

Temas Relacionados

ANUNCIE COM A AMBIENTAL MERCANTIL
AMBIENTAL MERCANTIL | ANUNCIE NO CANAL MAIS AMBIENTAL DO BRASIL
About Ambiental Mercantil Notícias 5736 Articles
AMBIENTAL MERCANTIL é sobre ESG, Sustentabilidade, Economia Circular, Resíduos, Reciclagem, Saneamento, Energias e muito mais!