Pesquisadores da UFSCar desenvolvem tecnologia limpa para uso em filtros de ar condicionado e em ambientes hospitalares

Foto: Filtro de ar condicionado de carro contendo nanofibras - Imagem: Laboratório de Caracterização Estrutural da UFSCar
Foto: Filtro de ar condicionado de carro contendo nanofibras - Imagem: Laboratório de Caracterização Estrutural da UFSCar

Imagem: Divulgação | Spray com nanofibras curtas, licenciado por empresa-filha da Universidade, será produzido para uso em sistemas de filtragem

Abril de 2025 – Pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) desenvolveram uma tecnologia de aplicação simples capaz de aumentar a eficiência de filtros em ambientes que exigem alto controle de qualidade do ar, como hospitais e veículos automotivos. A invenção consiste em um spray que forma uma camada de nanofibras sobre o meio filtrante, ampliando a retenção de partículas microscópicas sem prejudicar o fluxo de ar. O projeto foi conduzido por Paulo Augusto Marques Chagas, durante seu pós-doutorado no Departamento de Engenharia Química (DEQ) da UFSCar, sob coordenação de Mônica Lopes Aguiar, docente do DEQ. As nanofibras são produzidas por eletrofiação, técnica que transforma uma solução polimérica – à base de acetato de celulose, derivado natural da celulose – em fibras ultrafinas por meio de um campo elétrico.

“O processo lembra um fio sendo puxado no ar”, explica Chagas. A solução é colocada em uma seringa e, ao se aplicar uma diferença de potencial elétrico entre a agulha e uma superfície coletora, o líquido é esticado até formar fibras com diâmetro nanométrico – milhares de vezes mais finas que um fio de cabelo. “Essas fibras se acumulam de forma desordenada, formando um ‘tecido não-tecido’. Depois, esse material é fragmentado em um equipamento semelhante a um liquidificador, gerando os componentes usados no spray”, complementa o pesquisador.

A principal vantagem da formulação é a facilidade de aderência a diferentes superfícies, criando uma camada que melhora a retenção de partículas, sem exigir a troca do filtro original. “Além disso, elas podem ser funcionalizadas com compostos bactericidas ou antifúngicos, o que amplia seu potencial de uso em sistemas de ventilação de transporte coletivo e outros ambientes que exigem alta qualidade do ar”, ressalta Aguiar.

Em testes laboratoriais, o spray demonstrou capacidade de capturar até 99% das partículas pequenas incluindo poluentes e alguns vírus que filtros tradicionais não conseguem reter com eficiência. A tecnologia foi protegida por pedido de patente e licenciada para a InNano Tecnologia, empresa-filha da UFSCar fundada pelo próprio pesquisador, com apoio da Agência de Inovação (AIn) da Universidade. Com o licenciamento já realizado, a InNano Tecnologia iniciará a produção em larga escala, atendendo empresas interessadas em aplicar as nanofibras curtas não só em filtros, embalagens e máscaras, mas também em sistemas avançados de liberação controlada de substâncias.

“A expectativa é que a tecnologia contribua com estratégias de melhoria da qualidade do ar em diferentes contextos, combinando inovação, sustentabilidade e aplicabilidade prática”, finaliza Chagas.

Site Oficial: https://www.ufscar.br

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