Indústria global ‘Fast Fashion’ deve crescer US$ 291 bi até 2032: impactos ambientais são avaliados

Fast fashion Divulgação: Freepik
Fast fashion Divulgação: Freepik

Imagem: Divulgação | No mês do Meio Ambiente, o stylist Adailton Junior propõe soluções baseadas na moda circular, como o upcycling e os brechós, e alerta para o papel central do consumidor nas transformações do setor.

Junho de 2025 – A Uniform Market divulgou que a Indústria da Moda ‘Fast Fashion‘ deve atingir US$ 291 bilhões até 2032, segundo o último relatório ‘Environmental Impact of Fast Fashion Statistics‘. O setor deve registrar um superaquecimento na taxa de crescimento anual composta (CAGR) pelos próximos sete anos – avaliada em 10,7%

Em paralelo à intensificação das pautas ambientais que ocorrem no início do mês de junho como o ‘Dia do Meio Ambiente‘ (5) e o ‘Dia dos Oceanos‘ (8), o volume de detritos da indústria têxtil vem alertando os especialistas. Em 2025, a Uniform Market reportou mais de 40kg de resíduos têxteis gerados por pessoa ao ano, variando entre países ricos e pobres. 

O número reafirma a preocupação dos estudiosos, já que a indústria ‘Fast Fashion‘ é responsável por 10% da pegada de carbono anual total, superando as emissões de todos os voos internacionais e transporte marítimo combinados. Além disso, o consumo de recursos naturais vem se intensificando. Se em 2015, o consumo de água para a produção têxtil beirava os 141 bilhões de m³; em 2025, essa estatística pulou para 170 bilhões de m³

Preocupado com esse cenário, o stylist e diretor criativo da marca AREIAAdailton Junior, ressalta que a ‘moda sustentável‘ não é apenas uma tendência é um desafio reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU). Alinhado às diretrizes internacionais, Adailton elenca três pilares para reduzir os impactos do Fast Fashion: moda upcycling, a criatividade de brechós e a responsabilidade dos consumidores

“É necessário romper com o modelo linear e descartável que impacta a indústria da moda, baseado na produção acelerada e o descarte imediato. Sustentabilidade não se resume ao uso de tecidos orgânicos, mas envolve a reestruturação de toda a cadeia, do design à distribuição. O upcycling reduz resíduos ao reintegrar materiais descartados ao processo produtivo. Os brechós assumem a segunda etapa, estendendo o ciclo de vida das peças dentro da lógica da economia circular, e o consumidor final atua como agente regulador ao orientar a demanda por práticas de menor impacto. São três frentes complementares que, em sinergia, oferecem uma resposta efetiva à crise ambiental do setor”, afirma.

Na visão do especialista, a moda upcycling representa uma ruptura na cadeia de resíduos – crucial para amenizar os impactos da Indústria Fast Fashion. Levando em consideração que menos de 1% das roupas velhas são transformadas em novasAdailton explica que o fenômeno ‘upcycling’ reaproveita materiais descartados pela indústria tradicional, como algodão orgânicolinhoviscose malhas mistas, além de retalhos industriais e tecidos técnicos, como poliéster de alta gramatura e outros derivados do petróleo – náilon e spandex.

Mais do que evitar descartes, o upcycling propõe uma revisão do design a partir da escassez, tornando o processo criativo eficiente e ambientalmente responsável. Atrelado ao reaproveitamento da matéria-primaAdailton destaca o papel fundamental dos brechós na construção da moda circular, dessa vez, com foco no reaproveitamento do produto final

“Apesar do estigma, há brechós especializados em alta-costura, streetwear, peças dos anos 2000 ou coleções de estilistas independentes. Quando compramos uma roupa em brechó, reduzimos as demandas por novas produções, evitando que uma peça seja descartada para se decompor na natureza. Propondo uma reflexão como stylist e diretor criativo, materiais derivados do petróleo, como o poliéster, costumam levar 200 anos para se decompor. Alinhando o upcycling ao brechó, a moda circular dialoga com múltiplas matérias e com o consumidor final”, elucida. 

Apesar das tentativas do próprio setor em conter o impacto ambiental, Adailton reflete que o consumidor final, por vezes, se revela uma incógnita. Prova disso é que 94% da Geração Z apoiam roupas sustentáveis, mas em contrapartida, 62% compram em lojas ‘fast fashion‘ mensalmente – e 17% semanalmente, segundo a Sheffield Hallam University. Diante desse cenário, o stylist reforça que nenhuma mudança será duradoura sem a participação ativa do consumidor.

“A forma como cada pessoa consome moda impacta diretamente a engrenagem do setor e pode influenciar decisões de marcas e fabricantes. É o consumidor quem dita as regras do jogo. Escolher com consciência, pesquisar a origem das peças, consumir menos e cuidar do que já se tem são atitudes que geram impacto real. A moda sustentável começa dentro do guarda-roupa. Cada peça reaproveitada significa menos uso de água, menos emissão de carbono e menor pressão sobre os recursos naturais. Esses aspectos, daqui pra frente, devem se refletir ainda mais em cada decisão de compra”, conclui. 

Site Oficial: https://www.uniformmarket.com

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