Mercado de saneamento vive momento histórico e exige adaptação de toda a cadeia produtiva

Foto: Mercado de Saneamento
Foto: Mercado de Saneamento

Imagem: Divulgação | Com investimentos que dobraram no país, setor precisa se reestruturar para atender às demandas do novo marco legal e da privatização da Sabesp

Junho de 2025 – O setor de saneamento vive um momento de transformação sem precedentes no Brasil. Impulsionado pelo novo marco legal e pela privatização da Sabesp, o mercado dobrou de tamanho e, ao que tudo indica, não há mais espaço para modelos antigos de negócio. Essa foi a principal mensagem da reunião do SINDESAM (Sistema Nacional das Indústrias de Equipamento para Saneamento Básico e Ambiental), que contou com uma apresentação do diretor executivo da Arcadis, Durval Bacellar Júnior, e com a participação de empresários e associados do setor.

Na abertura, a presidente do SINDESAM, Estela Testa, reforçou que tem se mobilizado para atualizar as empresas associadas sobre as oportunidades do mercado e suas novas dinâmicas.

“O mercado está bastante aquecido e diferente. Não veremos mais os projetos no Diário Oficial e nem os lançamentos das concorrentes. Teremos que trabalhar de uma maneira diferente, e o SINDESAM está se esforçando para trazer essas informações com agilidade para os associados”, afirmou.

Na visão de Durval Bacellar, o novo cenário traz oportunidades, mas também exige um novo olhar de toda a cadeia produtiva, desde fabricantes de equipamentos até consultorias e construtoras. Segundo ele, o modelo antigo, em que a empresa pública comprava pelo menor preço e impunha condições comerciais, ficou para trás. Hoje, as companhias privadas precisam de parceiros, e a relação é de “ganha-ganha”. Se um elo não entrega, todo o ecossistema para.

Gargalo no setor

Entre os principais pontos de atenção, Bacellar destacou o gargalo na área de projetos e engenharia. O mercado brasileiro precisaria, no mínimo, triplicar sua capacidade atual de consultoria para atender a demanda prevista entre 2026 e 2027.

“Há uma lacuna geracional. Não formamos engenheiros suficientes nos últimos anos, e isso vai cobrar um preço. Hoje já é difícil achar profissionais qualificados, e essa situação tende a se agravar”, alertou.

O executivo acrescentou que, embora mais preparada para responder rapidamente, a indústria de equipamentos também precisará se reinventar.

“Temos estações de tratamento operando com equipamentos da década de 1970. É impensável continuar assim.”

Ele reforçou que as companhias operadoras começam a perceber que renovar ativos e investir em tecnologias mais eficientes impacta diretamente na redução de custos operacionais e no aumento da performance, e traz ganhos financeiros em poucos anos com a economia de energia e manutenção.

“O momento para vocês é excelente e ele continuará sendo daqui a 5, 6, 7, 8 anos, porque o novo ciclo da melhoria de performance depende diretamente da indústria de equipamentos, e ele estará no auge.”

A nova Sabesp e os players privados

Bacellar também falou sobre o processo de privatização da Sabesp, no qual a Arcadis atuou como consultora técnica da Equatorial, atual controladora da companhia. Para ele, a transição representa uma mudança de mentalidade não só para a Sabesp, mas para todo o setor.

A Sabesp está se reinventando. Está aberta a discutir novas formas de contratação, antecipação de pagamentos e até bônus por cumprimento antecipado de metas. Algo considerado inimaginável até pouco tempo, relatou.

Para os operadores privados, Bacellar fez uma análise realista, informando que eles ainda estão na fase de crescimento acelerado, buscando cumprir os contratos e ampliar receitas. A preocupação com gestão de ativos, modernização e eficiência virá na sequência, num segundo ciclo, quando o mercado se estabilizar.

Ao final do encontro, os empresários presentes fizeram diversos questionamentos sobre as oportunidades abertas neste novo cenário e, principalmente, sobre como estabelecer conexões mais diretas com as concessionárias públicas e privadas. Bacellar respondeu que o caminho passa pela atuação institucional, com aproximação via entidades setoriais como o próprio SINDESAM, além de iniciativas diretas de cada empresa junto aos operadores. Além disso, o diretor executivo da Arcadis reforçou que o mercado está aberto, ávido por soluções e por parcerias, e as empresas que se posicionarem de forma colaborativa, proativa e com propostas bem estruturadas certamente terão espaço.

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