
Imagem: Divulgação | Segundo semestre concentra incêndios e brigadas voluntárias independentes são essenciais para prevenção e combate ao fogo.
Junho de 2025 – Entre os dias 1º e 3 de julho, o Fundo Casa Socioambiental realiza o encontro “Brigadas em Rede – Encontro de Fortalecimento e Articulação entre Brigadas Voluntárias e Comunitárias” na Casa Dom Luciano, em Brasília (DF). O evento reunirá mais de 120 brigadistas voluntários e comunitários, além de organizações parceiras de todo o país para dialogar sobre soluções efetivas no combate aos incêndios florestais e na proteção dos biomas brasileiros. Em 2024, o número de focos de incêndio foi de quase 300 mil, um aumento de 46,5% em relação a 2023, segundo o Inpe. Assim, a área queimada no Brasil superou os 30 milhões de hectares. Nesse cenário, além das equipes enviadas pelo governo federal, as brigadas voluntárias foram essenciais para o combate ao fogo.
Em fevereiro deste ano foi instituída a Portaria GM/MMA nº 1.339, publicada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, que declara estado de emergência ambiental em risco de incêndios florestais em determinadas regiões e épocas do ano para mitigar os danos dos incêndios. Dessa forma, o encontro é também uma oportunidade para cobrar o reconhecimento de um trabalho essencial: a atuação de brigadas voluntárias e comunitárias.
Com poucos equipamentos, muita determinação e articulação comunitária, esses grupos realizam ações preventivas, educativas e de combate direto ao fogo, protegendo os biomas brasileiros. Muitas vezes invisibilizadas e subfinanciadas, são estes os grupos responsáveis por evitar que os incêndios destruam florestas, savanas e modos de vida. As brigadas voluntárias e comunitárias são consideradas estratégicas e eficientes por fatores como tempo de resposta e conhecimento do território, fazendo com que a ação rápida e efetiva, evitando que pequenos incêndios se tornem eventos incontroláveis.
Estima-se que o Brasil possui cerca de 400 brigadas voluntárias, sendo 200 já mapeadas pelo Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ). Com organização por vezes incipiente, há necessidade urgente de recursos para treinamentos, logística, EPIs e compra de outros equipamentos como drones e sopradores e outros elementos essenciais para a atuação deste tipo de brigada.
Financiamento da linha de frente
Desde 2021, o Fundo Casa já apoiou 226 projetos em 19 estados e 5 biomas, totalizando mais de R$9,8 milhões em apoios diretos, com ações estruturantes e emergenciais para brigadas de base. Em 2024, criamos um Fundo de Apoio Imediato que destinou R$600 mil para 30 brigadas em campo em apenas três semanas, em alguns casos com apoios chegando em até 48h.
As iniciativas contempladas envolvem estruturação de brigadas, manejo integrado do fogo, mobilização comunitária, proteção de territórios indígenas e ações emergenciais, com participação ativa de organizações indígenas, associações de moradores, agricultores, comunidades quilombolas, extrativistas e ativistas ambientais. Em um momento em que o Brasil assume protagonismo global nas negociações climáticas, é imprescindível garantir reconhecimento e recursos para quem está na linha de frente da adaptação climática.
Com este propósito, o encontro tem como principais objetivos fortalecer as redes de brigadas comunitárias e voluntárias; ampliar o reconhecimento público e político do papel dessas brigadas na proteção dos territórios e no enfrentamento aos incêndios florestais; debater a nova Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo; promover a troca de experiências e saberes entre brigadas de diferentes regiões do país; avançar no debate sobre políticas públicas e financiamento climático para iniciativas locais; valorizar o manejo integrado do fogo como estratégia de conservação e resiliência climática.
“Estamos falando de grupos indígenas, quilombolas, agricultores e comunidades extrativistas que atuam de forma autônoma e eficaz na linha de frente da proteção ambiental. O financiamento climático precisa chegar até eles, se queremos realmente enfrentar a crise climática com justiça e efetividade”, destaca Beatriz Roseiro, gestora de programas do Fundo Casa Socioambiental.
A realização do Brigadas em Rede é Fundo Casa Socioambiental, com correalização da Rede Nacional de Brigadas Voluntárias (RNBV), ISPN, IPAM, Programa COPAÍBAS e da Brigada Feminina Apinajé. Com programação aberta ao público, mediante inscrição no formulário.
Histórias do território: quem protege e como o financiamento transforma
Entre as experiências que estarão no encontro está a da Brigada Feminina Apinajé, da Terra Indígena Apinajé (TO), formada por 29 mulheres indígenas. Lideradas por Maria Aparecida Apinajé, elas aliam saberes ancestrais ao treinamento técnico do Prevfogo/Ibama. Com o apoio do Fundo Casa, conseguiram comprar equipamentos e realizar atividades de queima prescrita e educação ambiental, protegendo aldeias e formando novas guardiãs.
Outro exemplo vem do Distrito Federal: a Brigada Guardiões da Cafuringa, formada por moradores e moradoras da APA da Cafuringa, no Lago Oeste, se organiza desde 2022 para proteger o Cerrado com ações voluntárias. Com pouco orçamento, conseguiram unir a comunidade, agricultores e organizações locais, e mostram como o apoio técnico e financeiro pode ampliar ainda mais sua atuação. A brigada estará disponível para visita e gravações durante o encontro.
Serviço
Brigadas em Rede – Encontro de Fortalecimento e Articulação entre Brigadas Voluntárias e Comunitárias
Casa Dom Luciano, Brasília (DF)
01 e 02 de julho – Atividades fechadas para brigadistas
03 de julho – Evento aberto ao público (250 vagas)
Inscrição obrigatória para participação no dia 03
Site Oficial: https://casa.org.br
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