
Imagem: Divulgação | Novidade assegura maior transparência na cadeia de fornecimento e facilita acompanhamento do fluxo de materiais recicláveis.
Junho de 2025 – A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST) lançou em São Paulo (SP), dois selos que reforçam parceria para expandir o Recircula Brasil – plataforma tecnológica pioneira na rastreabilidade do plástico, criada pelas entidades, que permite o monitoramento do ciclo do material desde a origem dos resíduos até a reintrodução destes no mercado como novos produtos, garantindo uma economia circular eficiente.
O lançamento ocorreu durante o encontro “Circularidade e Inovação – o Futuro do Conteúdo Reciclado em Produtos plásticos”, evento paralelo oficial do Fórum Mundial de Economia Circular – WCEF2025. Na ocasião, foram apresentados dois selos inovadores: o Selo de Conteúdo Reciclado, voltado para marcas e indústrias que utilizam plástico reciclado em seus produtos, e o Selo de Rastreabilidade, direcionado a empresas recicladoras e transformadoras de plástico que querem oferecer a rastreabilidade de seus produtos aos seus clientes.
O Selo de Conteúdo Reciclado informa a porcentagem de plástico reciclado presente nos produtos. Já o Selo de Rastreabilidade garante ao mercado que as empresas participantes rastreiam, por meio da Plataforma Recircula Brasil, a origem dos materiais plásticos – como resíduos ou resina com conteúdo reciclado – e o destino desses materiais. Essa prática assegura maior transparência na cadeia de fornecimento e facilita o acompanhamento do fluxo de materiais recicláveis e reciclados, gerando valor adicionado aos resíduos, na medida em que traz compliance e segurança jurídica a cadeia produtiva.
Os dois selos são validados por auditorias independentes e possuem as operações lastreadas pela plataforma, o que garante a rastreabilidade da cadeia produtiva e a veracidade das informações divulgadas, inibindo práticas de greenwashing.
Inovação
O presidente da ABDI, Ricardo Cappelli, destaca que a plataforma está totalmente integrada à estratégia de desenvolvimento sustentável do país e às metas da Nova Indústria Brasil (NIB), que tem como objetivo promover uma indústria mais verde, sustentável e inovadora.
“Ao permitir a rastreabilidade com verificação independente e geração de dados confiáveis, o Recircula Brasil oferece segurança jurídica às empresas em cumprimento às futuras exigências de comprovação de índices de reciclagem e de conteúdo reciclado nas embalagens, previstas para a cadeia do plástico. Também garante transparência aos consumidores e, sobretudo, o acesso de produtos brasileiros aos mercados internacionais que executam barreiras não-tarifárias. Ao certificar e dar segurança para os dados relativos à cadeia produtiva de plásticos reciclados, a plataforma promove a descarbonização da economia e fortalece a indústria de transformação, contribuindo para a geração de emprego e renda”, afirma Ricardo Cappelli.
Para Paulo Teixeira, presidente-executivo da ABIPLAST, os Selos de Rastreabilidade e de Conteúdo Reciclado ajudam as empresas a fortalecerem suas estratégias ESG e de circularidade.
“Com essa iniciativa, o setor se antecipa à regulamentação nacional sobre metas de utilização de conteúdo reciclado, estimulando toda a cadeia de valor da reciclagem. Isso cria um ambiente que garante o acesso a informações confiáveis sobre a cadeia de fornecimento, proporcionando compliance e segurança jurídica para acesso a investimentos e mercados externos, além de agregar valor à resina e aos produtos reciclados. Além disso, os dados agregados são estratégicos para o setor, auxiliando na definição de investimentos e políticas públicas”, afirma Paulo Teixeira.
A plataforma de rastreabilidade Recircula Brasil conta com o desenvolvimento, operação e verificação da Central de Custódia, única verificadora de resultados de logística reversa homologada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) no país.
“A verificação dos dados realizada pela Central de Custódia garante que todas as informações validadas na plataforma Recircula Brasil sejam lastreadas em documentos fiscais oficiais, como as Notas Fiscais Eletrônicas, o que assegura total rastreabilidade da origem e do destino dos materiais reciclados. Isso significa que as empresas usuárias da plataforma podem comprovar, de forma transparente e auditável, o conteúdo reciclado presente em seus produtos. Esse modelo de verificação independente, conduzido por uma terceira parte com expertise técnica reconhecida, posiciona o Brasil na vanguarda global da economia circular e oferece um diferencial competitivo real às empresas sérias, separando-as de práticas de greenwashing que, infelizmente, ainda são comuns no mercado”, comenta o CEO da Central de Custódia, Fernando Bernardes.
Plataforma pioneira
O Recircula Brasil foi reconhecido como modelo de excelência na rastreabilidade e no combate à poluição plástica pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA-ONU) e, sob o gerenciamento da ABDI, o projeto será adaptado e expandido para outros setores, promovendo a rastreabilidade e a comprovação da circularidade nas suas cadeias produtivas, uma evolução importante anunciada durante a 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 29).
O novo convênio também amplia o escopo da plataforma de rastreabilidade, lançada no segundo semestre de 2024. As melhorias incluem o desenvolvimento de novas funcionalidades, aprimoramento da experiência do usuário e integração com outros elos da cadeia de reciclagem. Entre os novos participantes, destacam-se cooperativas e grandes marcas, além de recicladores e transformadores já cadastrados.
Até o momento, foram rastreados 304 fornecedores de resíduos ou resina plástica com conteúdo reciclado, localizados em 11 estados brasileiros, com destaque para Santa Catarina (SC), Rio Grande do Sul (RS), Paraná (PR) e São Paulo (SP). Da massa total de entrada de material, 62,5% é fornecido pelo comércio atacadista, 14,8% pela indústria de transformação e 4,3% por cooperativas. A Plataforma também já mapeou cerca de 1,5 mil clientes das empresas usuárias, distribuídos em 20 estados brasileiros. Em termos de massa de saída, o setor alimentício é o maior destino dos produtos com conteúdo reciclado, representando 42,3% do total, seguido pelo setor industrial (41,1%) e moveleiro (8,8%).
‘Circularidade do plástico’
Promovido pela ABIPLAST, Central de Custódia e em parceria com a ABDI, o encontro na capital paulista reuniu representantes do governo e da indústria para debater os principais desafios e oportunidades da circularidade do plástico, com foco no conteúdo reciclado, nas demandas regulatórias e nas metas corporativas de sustentabilidade.
A diretora de Economia Sustentável e Industrialização da ABDI, Perpétua Almeida, destacou o Recircula Brasil como pioneiro em rastreabilidade no Brasil.
No evento, Almeida falou ainda da importância dos selos lançados. “Os selos vão trazer mais transparência na cadeia de fornecimento e facilitar o acompanhamento do fluxo de materiais recicláveis. Isso gera valor e trazer compliance e segurança jurídica a cadeia produtiva”, disse.
De acordo com o presidente executivo da ABIPLAST, Paulo Teixeira, os selos podem ser solicitados, pelas empresas usuárias do Recircula Brasil. Segundo o secretário nacional de Meio Ambiente, Adalberto Maluf, o Recircula Brasil tem potencial de ser o principal sistema de rastreabilidade do Governo Federal em alguns anos.
“O próximo passo seria ter essa plataforma nacional de prestação de contas da logística, que inclui todos os dados e atores para garantir que a gente tenha em um único portal dados para prestação de contas para as indústrias e, ao mesmo tempo, maior garantia para o poder público”, afirmou.
O diretor de Novas Economias do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Lucas Ramalho, ressaltou a importância da plataforma para fomentar a competitividade na indústria.
“Com o Recircula Brasil, a gente consegue promover competitividade para o produto brasileiro, não só pelo preço, não só pela qualidade, mas usando o vetor ambiental como um elemento de diferenciação da competitividade brasileira, a exemplo do que a Europa está fazendo com o Mecanismo de Ajuste de Carbono nas Fronteiras (CBAM)”.
A gerente de Nova Economia e Indústria Verde da ABDI, Talita Daher, a assessora especial da Agência e líder do projeto “ABDI na COP”, Neide Freitas, e a diretora do Departamento de Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores (MRE), embaixadora Maria Angélica Ikeda, também participaram do encontro.
Sobre a ABDI
A ABDI formula e executa ações que contribuem para o desenvolvimento do setor produtivo nacional. Sua missão é promover a transformação digital dos negócios por meio do estímulo à adoção e à difusão de tecnologias, a novos modelos de negócios e à política de neoindustrialização, com atenção especial à economia sustentável e à indústria verde. A Agência atua na interface entre governo e empresas para qualificar políticas públicas e ações estratégicas voltadas ao aumento da competitividade e da produtividade da economia brasileira frente aos desafios da era digital.
Site Oficial: https://www.abdi.com.br
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