Do subsolo ao oceano: o ciclo do plástico

Foto: Divulgação | Freepik
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Imagem: Divulgação | Especialistas explicam como as Engenharias podem ajudar a conter a poluição.

Julho de 2025 – A poluição por microplásticos é uma crise ambiental de escala global, com impactos que se espalham por oceanos, águas subterrâneas, solos e até o corpo humano. Atualmente considerada uma das maiores ameaças ao meio ambiente, é estimado que sua presença já soma cerca de 15 milhões de toneladas apenas nos oceanos profundos, com estimativas de até 14 partículas para cada grão de areia no fundo do mar. Os efeitos são amplos e afetam diretamente a biodiversidade marinha, a qualidade da água doce, a saúde pública e a segurança alimentar. Os riscos são diversos. Microplásticos entram na cadeia alimentar ao serem ingeridos por organismos marinhos e se acumulam em tecidos.

“Peixes e outros organismos os ingerem, muitas vezes por engano, na ausência de alimento. O plástico se acumula na carne, e, quando consumimos esses peixes, também ingerimos microplástico”, afirma o geólogo Everton de Oliveira, Ph.D. em Hidrogeologia pela Universidade de Waterloo (Canadá) e diretor do Instituto Água Sustentável.

Já o biólogo Alexander Turra, professor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador da Cátedra da Unesco para a Sustentabilidade do Oceano, chama atenção para outro ponto crítico: “Os plásticos atuam como vetores de poluentes, tanto pelos aditivos usados em sua fabricação quanto pelos compostos que absorvem do ambiente”.

Para os especialistas, o enfrentamento ao problema exige ações e estratégias multidisciplinares. “É preciso integrar o conhecimento técnico com políticas públicas eficazes, educação de qualidade, campanhas de comunicação bem estruturadas e ações locais coordenadas”, defende Oliveira. Turra reforça a necessidade de uma mudança estrutural no modelo de produção e consumo: “É fundamental que a indústria repense sua lógica de produção. Precisamos adotar uma visão de circularidade, desde a matéria-prima até o destino final do plástico”.

Nesse contexto, a Engenharia e a tecnologia assumem papel central. O uso de sensores e sistemas de monitoramento, o desenvolvimento de materiais mais facilmente recicláveis e a implementação de soluções simples como caixas de gordura em residências, são caminhos possíveis. A inovação também tem promovido impacto social direto, com iniciativas como a “moeda plástica”, que transforma resíduos em benefícios para comunidades.

“Ferramentas educacionais, como plataformas de realidade virtual, também têm grande potencial para conscientização ambiental”, acrescenta Oliveira.

Outro fator essencial para reduzir a poluição plástica é a educação ambiental. “A ciência tem o papel de evidenciar o problema, explicar as consequências e apontar soluções. Mas para surtir efeito, o conhecimento precisa ser acessível e conectado com a realidade das pessoas”, afirma Oliveira. Turra complementa: “A cultura oceânica precisa ser valorizada desde cedo, com iniciativas que aproximem a população do tema, como filmes, exposições, podcasts e jogos interativos. É isso que pode transformar comportamentos e engajar a sociedade”.

A entrevista com os especialistas está disponível na íntegra na 16ª edição da Revista CREA São Paulo, publicação gratuita do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP), já disponível no site oficial, assim como as edições anteriores.

Sobre o Crea-SP 

Criada há 91 anos, a autarquia federal é responsável pela fiscalização, controle, orientação e aprimoramento do exercício e das atividades dos profissionais das Engenharias, Agronomia, Geociências, Tecnologia e Design de Interiores. O Crea-SP está presente nos 645 municípios do Estado, conta com cerca de 370 mil profissionais registrados e 95 mil empresas registradas.

Site Oficial: https://www.creasp.org.br

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