Restauração é chave para reverter degradação e garantir resiliência hídrica no Pantanal

Até 2023, 59% da paisagem já foi modificada pelas atividades humanas e 67% das pastagens estavam degradadas. Imagem: André Dib/WWF-Brasil
Até 2023, 59% da paisagem já foi modificada pelas atividades humanas e 67% das pastagens estavam degradadas. Imagem: André Dib/WWF-Brasil

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Imagem: Divulgação | Estudos mostram que restaurar áreas degradadas nas Cabeceiras do Pantanal é o caminho para termos mais água, menos perda de solo e segurança produtiva.

Julho de 2025 – Com as chuvas cada vez mais irregulares nas Cabeceiras do Pantanal, devido aos impactos das mudanças e variabilidades climáticas, garantir a disponibilidade e a qualidade de água depende de ações imediatas. Três estudos realizados pelo WWF-Brasil em parceria com a Aegea, lançados em junho de 2025, evidenciam que ações de restauração, além de recuperarem áreas degradadas, melhoram a infiltração de água no solo, reduzem o assoreamento de rios e garantem mais água de qualidade para a população da paisagem, além de evitarem prejuízos econômicos. O diagnóstico é importante e urgente. Até 2023, 59% da paisagem já foi modificada pelas atividades humanas e 67% das pastagens estavam degradadas.

Os estudos conduzidos abordaram três frentes principais: a primeira analisou como diferentes coberturas vegetais contribuem para a redução da erosão hídrica e aumento da infiltração da água no solo; a segunda avaliou o custo-benefício da restauração de áreas degradadas nas bacias dos rios Jauru, Taquari e Miranda; e a terceira investigou a relação entre a precipitação e a vazão dos rios dessas mesmas bacias com a perda de superfície de água no Pantanal.

A restauração da vegetação nativa e práticas agropecuárias mais responsáveis trazem benefícios concretos. Os dados apontam que cada real investido em restauração e conservação do solo, gera até 8 vezes mais benefícios econômicos, como, por exemplo, o aumento da produtividade agrícola e diminuição dos custos de tratamento de água. Além disso, indicam que concentrar os esforços de restauração em uma mesma área ou região identificada como prioritária é mais econômico e traz mais benefícios à população.

O objetivo dos estudos é mostrar que ter vegetação no solo não representa perda da área produtiva, mas sim um investimento com retorno econômico — especialmente quando se consideram custos com adubação, tratamento de água e perda de produtividade em áreas degradadas. Áreas com vegetação nativa, assim como pastagem com boa cobertura de gramíneas e arborizadas, geram muitos benefícios para a paisagem, especialmente na proteção e manutenção dos recursos hídricos das Cabeceiras, que têm influência direta na resiliência hídrica do Pantanal.

“Os estudos mostram o que já víamos no campo. Que ter vegetação no solo é essencial para garantir água, produtividade e viabilidade para agropecuária. Os dados deixam evidente que investir em restauração custa menos do que remediar os danos depois”, explica Veronica Maioli, especialista em Conservação no WWF-Brasil.

Os resultados obtidos pelos estudos oferecem subsídios valiosos para orientar ações práticas no campo e apoiar estratégias de atuação de diferentes atores na paisagem, como proprietários rurais, empresas e a população em geral. Entre as evidências levantadas, destaca-se que a restauração da vegetação nativa reduz significativamente os riscos de erosão e enchentes, melhora a qualidade da água e gera retornos financeiros positivos, além de preservar a saúde dos corpos hídricos.

Pastagens bem manejadas e arborizadas podem reduzir em até 40% a perda de água e em até 59% a perda de solo, em comparação com áreas degradadas, como solo exposto. Além disso, o investimento em restauração e em boas práticas agropecuárias que conservem o solo mostra-se economicamente vantajoso: cada R$ 1 aplicado pode gerar até R$ 8 em retorno, tornando essa uma estratégia eficaz tanto para a resiliência ambiental quanto para o desenvolvimento sustentável da região.

A realização dos estudos contou com o apoio da Aegea, e foi fundamental para viabilizar a produção de conhecimento técnico e científico sobre a região. A iniciativa reforça o quanto é essencial que o setor privado apoie ações que geram evidências e orientam decisões mais estratégicas, sustentáveis e eficazes.

“O apoio ao WWF-Brasil reforça o compromisso da Aegea com soluções para o enfrentamento dos desafios impostos ao saneamento nas regiões onde atuamos. O restauro da paisagem na área das Cabeceiras do Pantanal é muito valioso para nós como uma empresa de saneamento, garantindo maior resiliência hídrica num cenário onde o regime de chuvas é cada vez mais incerto. Prezar pela qualidade da água, reduzindo custos no tratamento e na distribuição, e protegendo um dos maiores patrimônios naturais do país, é como gostamos de encarar a sustentabilidade nos negócios”, comenta Édison Carlos, Presidente do Instituto Aegea.

“As chuvas são influenciadas por diferentes fatores e eventos climáticos. Os estudos mostram que, frente às variações do clima e à crescente transformação da paisagem, a tendência é de diminuição das chuvas e, consequentemente, das vazões dos rios. Nesse cenário, as Soluções Baseadas na Natureza, como a restauração da vegetação nativa e a conservação do solo, desempenham um papel fundamental para amortecer e minimizar os impactos de eventos extremos, promovendo a infiltração da água, a redução da erosão e a manutenção (ou aumento) da recarga de água subterrânea, que mantêm o fluxo dos rios na época de estiagem.”, comenta Maria Eduarda Coelho, analista de Conservação no WWF-Brasil.

Sobre o WWF-Brasil

O WWF-Brasil é uma ONG brasileira que há 28 anos atua coletivamente com parceiros da sociedade civil, academia, governos e empresas em todo país para combater a degradação socioambiental e defender a vida das pessoas e da natureza. Estamos conectados numa rede interdependente que busca soluções urgentes para a emergência climática.

Site Oficial: https://www.wwf.org.br

Sobre a Aegea

A Aegea atua por meio de ativos de saneamento em todas as regiões do Brasil. Com um crescimento sustentável, a Companhia saltou de seis municípios atendidos em 2010 para mais de 760 em 2025, distribuídos em 15 Estados, beneficiando mais de 33 milhões de pessoas. Em 2023, a Aegea ampliou sua atuação em mais uma frente do saneamento com a gestão dos resíduos sólidos urbanos iniciando suas atividades na região do Cariri, no Ceará, reforçando o seu compromisso com a sustentabilidade e com ações que geram impacto positivo para a população, principalmente a mais vulnerável, e o meio ambiente. A posição de referência que a Companhia ocupa, e essa evolução, foram possíveis devido ao seu modelo de negócio, que tem como base eficiência e expertise operacional, disciplina financeira e alinhamento aos princípios ESG.

Site Oficial: https://www.aegea.com.br

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