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Imagem: Divulgação | Apesar de recicláveis, plástico e vidro enfrentam realidades distintas no Brasil: enquanto o primeiro movimenta uma cadeia mais estruturada e emprega milhares de pessoas, o segundo sofre com baixa atratividade comercial, transporte caro e pouca coleta seletiva.
Agosto de 2025 – A presença visual do plástico no meio ambiente tornou-se um símbolo da cultura do descarte, ofuscando dados técnicos sobre sua real pegada ambiental. Ao mesmo tempo, materiais como o vidro, que apresentam desafios logísticos e econômicos para a reciclagem, permanecem fora do radar da crítica pública. Com base em dados recentes e na metodologia de Análise de Ciclo de Vida (ACV), a cientista e cofundadora da IQX, Silmara Neves, aponta que o debate sobre sustentabilidade dos materiais precisa considerar critérios técnicos, como consumo de energia, uso de água, emissão de carbono e viabilidade logística, em vez de percepções baseadas apenas na aparência dos produtos ou no impacto visual do descarte.
“As sacolas plásticas de polietileno de alta densidade (PEAD) são resistentes, leves e consomem menos recursos para serem produzidas”, explica Silmara. “Elas requerem cerca de um terço da energia de uma sacola de papel, e a produção de uma sacola de algodão pode demandar até 1.500 vezes mais água. Um estudo do governo da Dinamarca, por exemplo, concluiu que seria necessário reutilizar uma sacola de algodão 131 vezes para que ela tivesse menor impacto climático do que uma de plástico.” Para ela, não se trata de defender o uso indiscriminado do plástico, mas de compreender que o problema central está no descarte, e não no material.
Cadeia do plástico mais estruturada, vidro enfrenta gargalos logísticos
No Brasil, cerca de 25,6% dos plásticos pós-consumo foram reciclados em 2023, segundo a Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (Abrema). Esse número é similar à taxa de reciclagem do vidro, que gira em torno de 25%, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro). No entanto, o contraste entre os dois materiais vai além das porcentagens: o plástico possui maior valor agregado, gera empregos em toda a cadeia – da coleta por catadores à indústria de transformação – e viabiliza economicamente a reciclagem em diferentes regiões do país.
Já o vidro, mesmo sendo teoricamente 100% reciclável, enfrenta obstáculos práticos: alto peso, fragilidade, baixo valor de revenda e poucos centros de reciclagem espalhados pelo país. Estima-se que o Brasil gere cerca de 1 milhão de toneladas de resíduos de vidro por ano, mas a maior parte segue para aterros por falta de estrutura de coleta e transporte adequado.
“Além de ser mais caro para transportar, o vidro é pouco atrativo para os catadores e cooperativas, pois rende menos financeiramente e ocupa muito volume”, avalia Silmara.
A cientista defende que decisões relacionadas a embalagens e políticas públicas considerem a Análise de Ciclo de Vida (ACV) como critério técnico. “Não é suficiente parecer ecológico; é preciso ser eficiente do ponto de vista energético, ambiental e logístico. O uso do material certo, na aplicação certa, com estrutura para circular, é o que realmente importa. O plástico reciclável e revalorizado precisa ser parte da solução, não tratado como vilão absoluto.”
Sobre a IQX
Premiada pelo BNDES Garagem como startup de impacto socioambiental, a IQX foi fundada em 2011 pelas cientistas Carla Fonseca e Silmara Neves, e desenvolve soluções inovadoras que aliam desempenho técnico e sustentabilidade na indústria plástica. A empresa está sediada em Valinhos (SP).
Site Oficial: https://www.iqx-inove.com.br
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