Por que os créditos de reciclagem, sozinhos, não resolvem: é hora de falar sobre o impacto socioambiental real

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Imagem: Divulgação | Enquanto marcas buscam soluções de sustentabilidade com baixo custo, as cooperativas de catadores e a reciclagem no Brasil seguem desestruturadas.

Agosto de 2025 – Um modelo que promete sustentabilidade, mas entrega pouco. Assim podem ser descritos os sistemas baseados apenas em créditos de reciclagem — prática que tem ganhado espaço, mas que não traz resultados concretos. Esse modelo permite que uma marca “compense” o volume de embalagens que colocou no mercado comprando certificados emitidos por operadores da cadeia de reciclagem. Isso acontece sem garantir rastreabilidade adequada e remuneração realmente justa para catadores e cooperativas, sendo uma saída de baixo custo, mas não estruturante.

No Brasil, mais de 90% das embalagens recicladas passam pelas mãos de catadores. Ainda assim, a remuneração para esse elo da cadeia permanece distante do ideal e as estruturas de coleta e triagem continuam frágeis. Soluções como a compensação via créditos de reciclagem, em que empresas compram certificados como forma de se isentar da responsabilidade direta pela logística reversa, têm agravado essa realidade. Infelizmente essa iniciativa não ajuda a estruturar de forma contínua o setor.

Isso acontece porque existem algumas brechas legais que permitem, por exemplo, que uma embalagem mista de alumínio e plástico seja “compensada” apenas como uma embalagem plástica. Ou que uma embalagem de um tipo específico de plástico seja “compensada” com outro tipo desse resíduo. Também há outro grande problema: os casos de emissão duplicada de créditos (ou seja, um mesmo volume de resíduo gera diferentes créditos) não são raros. Muitos documentos ainda não passam por uma auditoria ou fiscalização adequada, com ausência de transparência sobre a origem dos materiais reciclados. Além disso, o modelo raramente inclui investimentos concretos e com valores justos que podem ser aplicados em melhorias duradouras em infraestrutura, capacitação ou renda para catadores e cooperativas.

“O crédito de reciclagem, na teoria, teria um papel importante. Mas, hoje, parece ter virado um atalho com baixo custo para marcas que querem parecer sustentáveis. A grande questão é que ele não muda a vida de quem está na base, não fortalece a cadeia e, muitas vezes, sequer garante que aquele resíduo tenha sido reciclado. Existem muitas fragilidades nesse modelo”, explica Alexandre Gallana, CEO da Yattó, startup brasileira especialista em economia circular e logística reversa. Segundo o especialista, o mercado precisa de uma regulação mais firme e de critérios claros sobre o que constitui uma compensação ambiental justa e efetiva.

“Para ultrapassar essa barreira, hoje existem algumas iniciativas diferentes com resultados práticos, que garantem rastreabilidade completa, investimentos diretos e estruturantes e geração de renda extra para os profissionais, como programas de logística reversa personalizados de acordo com as particularidades de cada marca. É possível aliar metas ambientais com impacto socioeconômico e quem realmente quer fazer parte da solução deve ir além da compensação e olhar para o impacto social e ambiental com seriedade”, completa Gallana.

Diante desse cenário, é urgente repensar as estratégias empresariais de sustentabilidade, especialmente aquelas voltadas à circularidade e à logística reversa. Mais do que cumprir metas ou atender exigências legais, é necessário investir em iniciativas estruturantes, que gerem transformação real no setor e para a vida dos profissionais envolvidos. A construção de uma cadeia de reciclagem sólida, justa e transparente depende de escolhas conscientes, e as corporações têm um papel fundamental nesse processo. Sustentabilidade de verdade exige compromisso com impacto positivo.

Sobre a Yattó

Fundada em 2015 por Luiz Grilo, Alexandre Gallana e Leonardo Lopes, é uma parceira estratégica para empresas que buscam transformar seus modelos de negócio, tornando-os mais circulares e sustentáveis. Com soluções completas e personalizadas, facilita o retorno de resíduos pós-consumo ao ciclo produtivo e certifica conteúdo reciclado, promovendo a circularidade de recursos e o alinhamento com metas ESG e ODS. Atua em todas as etapas, do planejamento à operação, oferecendo rastreabilidade e transparência total. Trabalha com empresas de médio e grande porte como Danone, Cargill, entre outras, gerando impacto ambiental positivo e benefícios socioeconômicos nas comunidades envolvidas. Reconhecida por sua atuação no setor, acumula importantes conquistas, como o Ranking 100 Open Startups (de 2021 a 2024), o título de Melhor Startup do Brasil pela AMCHAM em 2023, o 1° Prêmio Suíço de Sustentabilidade e Inovação 2023 e o Environmental Awareness Award 2023, entre outros.

Site Oficial: https://yatto.com.br

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