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Imagem: Divulgação | Belo Horizonte sedia maior encontro pela conservação privada e fortalecimento das RPPNs.
Agosto de 2025 – Em um ano emblemático para a conservação ambiental — com a celebração dos 25 anos da Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc), dos 35 anos da legislação que institui as Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) e às vésperas da realização da COP30 no Brasil, em novembro, na cidade de Belém (PA) — o VII Congresso Brasileiro de RPPNs superou expectativas e projetou o movimento RPPNista como força legítima da conservação privada no Brasil.
Realizado na capital mineira, o evento marcou o reencontro de centenas de atores da conservação, criando um ambiente de escuta ativa, articulação estratégica e construção coletiva. Por dois dias, Belo Horizonte se transformou na capital brasileira da conservação em áreas privadas, evidenciando o protagonismo das RPPNs na proteção do patrimônio natural. A edição foi promovida pela Fundação Biodiversitas, com apoio da Confederação Nacional de RPPNs (CNRPPN), com o propósito de ampliar o alcance territorial e fortalecer a rede de reservas particulares no país.
Destaques e vozes da conservação
O Congresso contou com a presença de palestrantes de referência no segmento ambiental, como o presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Mauro Pires, que destacou o papel essencial das RPPNs na proteção da biodiversidade brasileira.”Discutimos políticas e mecanismos para fortalecer as RPPNs. O papel do ICMBio é apoiar e valorizar esse trabalho, porque significa conservar a natureza em nosso território. Sabemos que são necessários mais incentivos econômicos e financeiros, mas este trabalho dos RPPNistas é fundamental para garantir o nosso futuro”, ressaltou.
Participaram nomes como Roberto Messias Franco (Fundação Biodiversitas), José Carlos Carvalho (ex-ministro do Meio Ambiente), Mário Mantovani (ANAMMA e Fundação Florestal), Márcia Hirota (Fundação SOS Mata Atlântica), Coronel Rabelo (Instituto Homem Pantaneiro), Pedro Bruzzi (Funatura) e o ator e naturalista Victor Fasano — entre outras vozes que inspiram e transformam o cenário da conservação.
A programação foi marcada por painéis temáticos de grande relevância: políticas públicas para áreas protegidas, atuação do Ministério Público, RPPNs corporativas, desafios do terceiro setor, e perspectivas sobre sustentabilidade.
Além dos painéis, palestras memoráveis trouxeram inspiração e profundidade ao evento. Destacou-se a palestra de Mario Mantovani, marcada por uma energia contagiante, carisma e proximidade com o público. Também foram apresentadas experiências como o planejamento de paisagem, o case das RPPNs urbanas de Curitiba, pesquisas realizadas em reservas privadas, e o estudo do MIB sobre os muriquis-do-norte, espécie criticamente ameaçada.
Um dos momentos mais singulares foi a palestra “Cores da Noite: Novas e Raras Espécies de Louva-a-Deus do Brasil“, apresentada por Leo Lanna e Lvcas Fiat (Projeto Mantis), apoiados pela National Geographic Society. A dupla conduziu o público por uma jornada sensorial, revelando a riqueza da biodiversidade noturna e reafirmando as RPPNs como territórios legítimos de inovação e produção científica.
Sustentabilidade e caminhos possíveis
No segundo dia, o Painel de Sustentabilidade nas RPPNs trouxe luz à valorização econômica das reservas e à busca por soluções que aliem conservação e geração de renda. Participaram instituições como 6Bios, Forest Watch, HotSpot Patrons, Serviço Florestal Brasileiro, SEBRAE Minas, Instituto LIFE e BRDE – Paraná, que apresentaram modelos sustentáveis, mecanismos de certificação e propostas de negócios de impacto.
A discussão reforçou que as RPPNs não devem ser vistas como espaços de preservação passiva, mas como territórios vivos, economicamente viáveis e protagonistas da conservação e prosperidade socioeconômica. O papel dos proprietários de RPPNs — verdadeiros guardiões do patrimônio natural — foi destaque nas trocas de experiências, evidenciando o papel ativo da sociedade civil na proteção da biodiversidade.
Carta de Belo Horizonte e compromisso coletivo
Entre os marcos do Congresso, destacou-se a elaboração da Carta de Belo Horizonte pelo Patrimônio Natural, documento coletivo com diretrizes e compromissos assumidos por participantes RPPNistas e organizações do terceiro setor. A carta reúne demandas estratégicas e será encaminhada a autoridades públicas e lideranças nacionais.
O texto registra que existem atualmente 1.902 RPPNs espalhadas por todos os biomas e unidades federativas, somando mais de 837 mil hectares protegidos. Os signatários denunciam a carência de apoio técnico e financeiro, e também expressam repúdio à aprovação da Lei 2.159/2021 — apelidada de “Lei da Devastação” — considerada uma ameaça concreta ao patrimônio natural brasileiro.
A carta reafirma o papel das RPPNs na formação de corredores ecológicos, segurança hídrica, mitigação das mudanças climáticas e na produção científica, consolidando o Congresso como espaço legítimo de mobilização e resistência frente aos retrocessos ambientais — em sintonia com os desafios globais e o protagonismo brasileiro na COP30.
A união de diversos setores
A sinergia entre setor privado, instituições públicas e sociedade civil foi essencial para a construção de soluções compartilhadas e para garantir a pluralidade do Congresso. Empresas como Seguros Unimed, Vale, Anglo American, Cenibra, Veracel, AngloGold Ashanti, ALCOA, Usina Coruripe e Usina Santo Ângelo atuaram como parceiras estratégicas, patrocinando e contribuindo para um ambiente de diálogo qualificado.
O apoio institucional também envolveu organizações como Minas Tênis Clube, ICMBio, Sesc, Siamig Bioenergia, Sindiextra, Sebrae, Unimed Aeromédica, IBÁ e Instituto Ecofuturo, todas alinhadas à visão de fortalecimento da conservação em territórios privados.
Destacou-se ainda a contribuição do Ministério Público Federal e dos MPs de Minas Gerais, Bahia, Alagoas e Espírito Santo, cuja atuação tem sido determinante na promoção da justiça socioambiental, viabilizando compensações por meio de TACs e apoiando diretamente a criação de RPPNs.
A presença de parceiros públicos como SEMAD-MG, IEF-MG, SEMAD-GO, Fundação Florestal (SP), INEA-RJ, SEMA-BA, Ministério do Meio Ambiente e ICMBio reforçou a legitimidade institucional do evento. Organizações da sociedade civil como ARPEMG, Charrua, APNRJ, Funatura, SPVS, Fundação Grupo Boticário, Reluz, Instituto Biotrópicos, Instituto Araguaia, entre outras, evidenciaram a força colaborativa do setor ambiental.
Legado e mobilização para o futuro
“O VII Congresso Brasileiro de RPPNs não apenas reafirmou o lugar das reservas na agenda nacional, como reacendeu o senso de comunidade, propósito e mobilização em torno da conservação em terras privadas — passo firme rumo à COP30 e ao futuro da biodiversidade brasileira”, finalizou Jorge Velloso, superintendente da Fundação Biodiversitas, uma das organizadoras do evento.
A realização foi conduzida pela Confederação Nacional de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (CNRPPN) e pela Fundação Biodiversitas, que expressam seu profundo agradecimento a todos os participantes. O movimento RPPNista sai deste encontro mais fortalecido, articulado e preparado para os desafios que virão.
Site Oficial: https://www.rppn.org.br
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