Associação Sul Brasileira de Empresas Florestais une esforços e busca soluções para enfrentar a crise do tarifaço

Homens em reunião empresarial, discutindo sustentabilidade e meio ambiente em ambiente de escritório moderno.
Equipe de profissionais destacando sustentabilidade e responsabilidade ambiental em reunião de negócios.

Imagem: Divulgação | Ação do governo federal é vista como tímida diante da emergência setorial, que já se reflete em fechamento de fábricas e desemprego.

Setembro de 2025 – O setor florestal da Região Sul é um dos mais prejudicados pela tarifa de 50% aplicada pelo governo norte-americano. A Associação Sul Brasileira de Empresas Florestais (ASBR), formada pela Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE Florestas), a Associação Catarinense de Empresas Florestais (ACR) e a Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor), promoveu um encontro em Campo Alegre (SC) para compartilhar experiências e buscar soluções conjuntas. O consenso é de que as empresas estão reagindo e se adaptando, mas precisam de ação diplomática do Brasil para mitigar os prejuízos trazidos pela nova tarifa dos Estados Unidos.

Os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul representaram 86,5% do total exportado pelo Brasil aos Estados Unidos em 2024 pelo setor florestal. Juntos, os três estados do Sul exportaram US$ 1,37 bilhão em produtos de madeira, conforme dados da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham). 

O presidente da APRE, Fabio Brun, afirmou que as três associações da Região Sul já trabalham juntas em várias dimensões, principalmente na defesa do setor florestal. “Essa foi uma oportunidade de unir as três associações numa reunião mais técnica, discutindo não apenas a questão da tarifação dos Estados Unidos, mas de ouvir o representante da ASBR em Brasília e sua atuação, bem como as principais dificuldades que o setor vai enfrentar daqui em diante.”

As três associações da Região Sul convergiram que a única forma de enfrentar o problema da super tarifa é por ação do governo federal. “Ainda não existem indicadores desse esforço. O que está claro é que as empresas estão reagindo e se adaptando para buscar soluções de mercado, que não passem apenas pelo enxugamento de pessoal”, afirma Brun.

O presidente da ACR, José Mario Ferreira, destacou temas prioritários para Santa Catarina, com possíveis reflexos nos estados vizinhos: “No campo geopolítico, a Região Sul já começa a sentir os efeitos das tarifas de importação dos EUA, com fechamentos de fábricas e demissões. A incerteza ainda persiste em relação ao futuro. Nosso foco permanece na defesa do Código Florestal de Santa Catarina e do Código Florestal Federal. Apesar de estarem consolidados há mais de 13 anos, ambos seguem sob constantes ataques, gerando insegurança jurídica para a silvicultura catarinense. 

Já o presidente da Ageflor, Daniel Chies, disse que o encontro foi uma reafirmação do compromisso e união das três associações, fortalecendo institucionalmente a ASBR. “Essa reunião demonstrou, sobretudo, a importância e a necessidade de juntarmos esforços institucionais e políticos na defesa dos interesses e das pautas prioritárias para o setor de base florestal”, assinalou.

Fernando Castanheira Neto, consultor da ASBR em Brasília, tem desempenhado papel estratégico. Com a missão de conectar os interesses regionais às decisões que se desenrolam no Congresso e no Executivo, levou as pautas que impactam diretamente o setor no Sul do país para a capital federal.

“Sou responsável por fazer essa ponte entre a defesa do interesse do setor e a agenda de Brasília. A maior parte do que acontece nos estados decorre de orientações federais, seja por legislação, seja por decisões judiciais”, explicou Castanheira.

Segundo ele, a união das três associações regionais fortalece a representatividade e amplia a capacidade de diálogo com o poder público, principalmente em nível federal. Um dos principais pontos de atenção em Brasília tem sido o chamado “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos, que atinge fortemente os produtos florestais brasileiros.

Castanheira critica a postura do governo federal diante do tema. “Vemos pouca reação do governo brasileiro. Não há uma negociação clara com os norte-americanos, e isso tem impacto direto no setor. Defendemos que cada segmento seja tratado de forma específica em mesas de negociação, mas não vemos essa mobilização por parte de Brasília”, ressaltou.

Nesse sentido, a ASBR conseguiu aprovar uma proposta de moção na Câmara Setorial de Florestas Plantadas do Ministério da Agricultura e Pecuária, solicitando ao governo federal que apresente as ações que o ministério, responsável pela condução da política agrícola para florestas plantadas, está fazendo com relação ao setor.

Segundo ele, a ausência de articulação coloca o setor florestal em posição de fragilidade, mesmo sendo um dos mais afetados pela medida. Daí a importância da articulação realizada durante o encontro. “A reunião foi importante porque retomou uma discussão consistente sobre o fortalecimento da Associação Sul Brasileira. O setor precisa se organizar, especialmente diante das particularidades do Sul, como o plantio de pinus, a expansão do eucalipto e as dificuldades de licenciamento“, afirmou.

Sobre a APRE Florestas

A Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE Florestas) representa aproximadamente metade da área total de plantios comerciais no estado. As principais organizações de ensino e pesquisa formam o conselho científico da APRE, conferindo à entidade representatividade e embasamento técnico para o desenvolvimento das ações em prol do setor florestal. Desde 1968, a atuação política, apartidária, faz da APRE a porta-voz do setor no diálogo com as esferas públicas, organizações setoriais, formadores de opinião e sociedade no desafio de promover e fortalecer ações produtivas do setor florestal paranaense.

Site Oficial: https://apreflorestas.com.br

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