Imagem: Divulgação | Por Edinei Carmo Lima, engenheiro e sócio da Vizca Engenharia e Consultoria
Setembro de 2025 – Cinco anos após a revisão do Marco Legal do Saneamento Básico, o Brasil vive uma fase de maior atração de investimentos privados no setor. O volume expressivo de capital contratado e as concessões firmadas indicam um cenário promissor para a expansão dos serviços, com a meta ambiciosa de universalização até 2033. No entanto, apesar do otimismo gerado pelos contratos, a execução dos projetos ainda apresenta desafios que merecem atenção para garantir que os investimentos se traduzam em melhorias concretas no acesso à água e ao saneamento.
Segundo relatório do Instituto Água e Saneamento (IAS), embora cerca de R$ 168 bilhões já tenham sido destinados para investimentos em saneamento, além de R$ 63,7 bilhões arrecadados em outorgas, muitos municípios ainda não dispõem de redes coletoras instaladas. Isso evidencia que o processo de implantação demanda um esforço conjunto e qualificado para transformar os recursos financeiros em infraestrutura funcional e eficiente.
A universalização do saneamento depende da assinatura de contratos e também da capacidade operacional para execução das obras, que envolve planejamento técnico detalhado, conhecimento setorial e gestão adequada. Um dos pontos importantes para avançar está relacionado à formação e qualificação da mão de obra especializada, fator fundamental para garantir a qualidade e a agilidade das obras e da operação dos sistemas.
Além disso, a cadeia de suprimentos e a logística são elementos que impactam diretamente o ritmo das obras, especialmente em regiões mais remotas como Norte e Nordeste, onde a diversidade territorial exige soluções adaptadas a realidades locais. Superar esses desafios demanda uma estratégia integrada que envolva políticas públicas para qualificação profissional, fortalecimento da logística e governança transparente.
A coordenação entre diferentes níveis de governo, órgãos reguladores e operadores privados também é fundamental para que os investimentos sejam convertidos em resultados efetivos. Embora grandes centros urbanos concentrem boa parte dos recursos e profissionais qualificados, é essencial que as pequenas cidades e áreas rurais também recebam atenção para reduzir desigualdades históricas no acesso ao saneamento.
Mais do que os valores aplicados, o indicador definitivo de progresso será a qualidade da água fornecida e o funcionamento efetivo dos sistemas, que impactam diretamente na saúde e bem-estar da população. Para isso, é necessário continuar investindo na capacitação técnica, no aprimoramento da logística, na fiscalização rigorosa e na promoção da equidade territorial. Com esse foco, o Brasil poderá avançar de forma consistente rumo à universalização do saneamento até 2033, transformando compromissos em conquistas concretas para todos os brasileiros.
Edinei Carmo Lima é gerente de projetos e sócio da Vizca Engenharia e Consultoria, onde atua desde 2012. Engenheiro Eletricista, com MBA em Gestão Empresarial. Possui diversas certificações renomadas em gestão de projetos – PMP®, Prince 2 Practitioner Certificate in Project Management, Scrum Foundation Professional Certificate (SFPC) e Green Belt (Six Sigma). Linkedin
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