BAIXAR PDF: IPCC lança o Relatório Síntese sobre Mudança Climática 2023 e diz que ações urgentes são necessárias

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O dia 20 de Março marcou o lançamento da última parte do Sexto Relatório de Avaliação (AR6) do Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC), um compromisso de oito anos do organismo científico mais influente do mundo em matéria de mudanças climáticas.
O dia 20 de Março marcou o lançamento da última parte do Sexto Relatório de Avaliação (AR6) do Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC), um compromisso de oito anos do organismo científico mais influente do mundo em matéria de mudanças climáticas.

Imagem: Divulgação | Ações urgentes contra mudança climática são necessárias para garantir um futuro habitável, alerta IPCC

  • Com base nas conclusões de 234 cientistas sobre a ciência física das mudanças climáticas, 270 cientistas sobre impactos, adaptação e vulnerabilidade às mudanças climáticas, e 278 cientistas sobre mitigação das mudanças climáticas, este relatório de síntese do IPCC fornece a melhor e mais completa avaliação científica disponível sobre as mudanças climáticas.
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Março de 2023 – O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) lançou nesta segunda-feira (20/3) o Relatório Síntese sobre Mudança Climática 2023, que traz à tona as perdas e danos que vem sendo causados pela mudança global do clima. O IPCC alerta que os desastres naturais relacionados ao clima estão atingindo especialmente as pessoas mais vulneráveis e os ecossistemas mais frágeis, como os manguezais, áreas costeiras e semidesérticas.

A temperatura média mundial já subiu 1,1 grau Celsius acima dos níveis pré-industriais – uma consequência direta de mais de um século de queima de combustíveis fósseis, bem como do uso desordenado e insustentável de energia e do solo.

A elevação da temperatura aumenta a frequência e a intensidade dos eventos climáticos extremos.

O Painel também alerta que o aumento da temperatura média tende a causar o agravamento da insegurança alimentar e hídrica, em todo o mundo.  

Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) lançou na segunda-feira (20/3) o Relatório Síntese sobre Mudança Climática 2023, após uma semana de sessões em Interlaken, na Suíça. O relatório traz à tona as perdas e danos que vem sendo causados pela mudança global do clima e quais tendências devem continuar no futuro. O IPCC alerta que os desastres naturais relacionados ao clima estão atingindo especialmente as pessoas mais vulneráveis e os ecossistemas mais frágeis, como os manguezais, áreas costeiras e semidesérticas.

A temperatura média mundial já subiu 1,1 grau Celsius acima dos níveis pré-industriais – uma consequência direta de mais de um século de queima de combustíveis fósseis, bem como do uso desordenado e insustentável de energia e do solo. A elevação da temperatura aumenta tanto a frequência quanto a intensidade dos eventos climáticos extremos, que causam impactos cada vez mais perigosos às pessoas e à natureza em todas as regiões do mundo.

O Painel também alerta que o aumento da temperatura média tende a causar o agravamento da insegurança alimentar e hídrica, em todo o mundo.  

O tempo é curto, mas há um caminho claro a seguir

Para que as temperaturas médias sejam mantidas em 1,5 grau Celsius acima dos níveis pré-industriais (meta do Acordo de Paris), serão necessárias reduções profundas, rápidas e sustentadas das emissões de gases de efeito estufa em todos os setores no decorrer desta década, afirma o relatório síntese do IPCC.

As emissões precisam cair imediatamente e ser cortadas quase pela metade até 2030, para que esta meta tenha alguma chance de ser alcançada.

A solução proposta pelo IPCC é o “desenvolvimento resiliente ao clima”, que envolve a integração de medidas de adaptação às mudanças climáticas com ações para reduzir ou evitar as emissões de gases de efeito estufa de forma a proporcionar benefícios econômicos e sociais mais amplos e igualmente distribuídos.

Alguns exemplos de soluções que devem ser adotadas incluem a expansão do acesso à energia limpa, eletrificação com baixa emissão de carbono, a promoção de transporte com zero e baixa emissão de carbono e a melhora da qualidade do ar. Tais medidas geram benefícios diretos para a saúde e qualidade de vida das pessoas.

Além disso, o novo relatório aponta que os benefícios econômicos proporcionados pelas melhorias da qualidade do ar seriam aproximadamente os mesmos, ou possivelmente até maiores, do que os custos de adoção das soluções limpas.

“Os maiores ganhos podem vir da redução do risco climático para comunidades de baixa renda e marginalizadas, incluindo pessoas que vivem em assentamentos informais”, explicou um dos autores do relatório, Christopher Trisos.

“A ação climática acelerada só acontecerá se houver um aumento significativo no financiamento. Financiamento insuficiente e desalinhado está atrasando o progresso”, complementa.

Governos são fundamentais

O relatório destaca o poder dos governos para a redução das emissões de gases de efeito estufa, por meio de financiamento público, demonstração clara de vontade política aos investidores, além da intensificação de medidas políticas eficazes rumo à energia limpa.

Mudanças no setor de alimentos, eletricidade, transporte, indústria, construção e uso do solo são destacadas como formas importantes de reduzir as emissões, bem como mudanças para estilos de vida mais sustentáveis e de baixo carbono, que melhorariam a saúde e o bem-estar das pessoas.

“As transformações têm maior probabilidade de êxito quando há confiança, quando todos trabalham juntos para priorizar a redução de riscos e quando os benefícios e ônus são compartilhados equitativamente”, disse o presidente do IPCC, Hoesung Lee.

“Este relatório síntese ressalta a urgência de tomar medidas mais ambiciosas e mostra que, se agirmos agora, ainda podemos garantir um futuro sustentável habitável para todos.”

Chefe da ONU anuncia plano para acelerar o progresso

Em uma mensagem de vídeo divulgada nesta segunda-feira (20), o secretário-geral da ONU, António Guterres, descreveu o relatório como um “guia de como desarmar a bomba-relógio climática”.

A ação climática é necessária em todas as frentes: “tudo, em todos os lugares, ao mesmo tempo”, disse Guterres, referindo-se ao vencedor do Oscar de melhor filme deste ano.

O chefe da ONU propôs ao grupo das economias mais desenvolvidas, o G20, um “Pacto de Solidariedade Climática”, no qual todos os grandes emissores fariam esforços extras para cortar emissões, e os países mais ricos mobilizariam recursos financeiros e técnicos para apoiar as economias emergentes em um esforço comum para garantir que as temperaturas globais não subam mais de 1,5 grau Celsius acima dos níveis pré-industriais.

Guterres anunciou que está apresentando um plano para aumentar os esforços para alcançar o Pacto por meio de uma Agenda de Aceleração, que envolve líderes de países desenvolvidos comprometendo-se a atingir zero emissões o mais próximo possível do ano de 2040 e os países em desenvolvimento o mais próximo possível de 2050.

A Agenda exige o fim do carvão, emissão líquida zero no setor de eletricidade até 2035 para todos os países desenvolvidos e em 2040 para o resto do mundo, e a interrupção de licenciamento ou financiamento de novas empresas de petróleo e gás, e qualquer expansão da exploração de petróleo e gás.

Segundo o secretário-geral da ONU, estas medidas devem acompanhar as salvaguardas para as comunidades mais vulneráveis, aumentando o financiamento e as capacidades de adaptação a perdas e danos, e promovendo reformas para garantir que os Bancos Multilaterais de Desenvolvimento forneçam mais doações e empréstimos e mobilizem o financiamento privado.

Referindo-se a próxima Conferência do Clima da ONU, a COP28, que será realizada em Dubai entre 30 de novembro a 12 de dezembro deste ano, Guterres disse que espera que todos os líderes do G20 se comprometam com as novas e ambiciosas contribuições determinadas nacionalmente para toda a economia, abrangendo todos os gases de efeito estufa, e indicando suas metas absolutas de redução de emissões para 2035 e 2040.

Olhando em Frente

A AR6 do IPCC deixa claro que os riscos da falta de ação sobre o clima são imensos e que o caminho a seguir exige mudanças a uma escala nunca antes vista. Contudo, este relatório serve também para nos lembrar que nunca tivemos tantas informações sobre a gravidade da emergência climática e os seus impactos em cascata – ou sobre o que precisa de ser feito para reduzir os riscos de intensificação.

A limitação do aumento da temperatura global a 1,5 graus C (2,7 graus F) ainda é possível, mas apenas se agirmos imediatamente. Como o IPCC deixa claro, o mundo precisa de atingir o pico das emissões de GEE antes de 2025, o mais tardar, reduzir quase metade das emissões de GEE até 2030 e atingir emissões líquidas de CO2 zero por volta de meados do século, assegurando ao mesmo tempo uma transição justa e equitativa. Precisamos também de uma abordagem “mão na massa” para garantir que as comunidades que sofrem os impactos cada vez mais nocivos da crise climática tenham os recursos de que necessitam para se adaptarem a este novo mundo. Os governos, o setor privado, a sociedade civil e os cidadãos têm todos de dar um passo em frente para manter o futuro que desejamos. Uma estreita janela de oportunidade ainda está aberta, porém, não podemos perder um segundo.

Baixar PDF Relatório Síntese sobre Mudança Climática IPCC:

Referências

Crédito: UN Brasil

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