Imagem: Divulgação #4 | Por Isabelle Carvalho Gonçalves, Advogada, Mestra em ciências jurídico ambientais pela Universidade de Lisboa e especialista em direito constitucional, atuando no Direito Ambiental com um viés internacional aos aspectos ESG (Environmental, Social e Governance) e Mudanças Climáticas. É colunista do nosso editorial AMBIENTAL MERCANTIL ESG.
Junho de 2023 – O Brasil possui um enorme potencial para o aproveitamento de energias renováveis, devido suas características geográficas, climáticas e a diversidade de recursos naturais, o que permite a diversificação de suas fontes de energia. Atualmente, a composição da matriz energética renovável brasileira inclui diversas fontes como:
- Energia Hidrelétrica: A energia hidrelétrica é a principal fonte de energia renovável no Brasil. O país é rico em rios e possui vastos recursos hídricos, o que possibilita o desenvolvimento de usinas hidrelétricas. Grandes usinas, como Itaipu e Belo Monte, contribuem significativamente para a matriz elétrica brasileira.
- Energia eólica: O Brasil possui um grande potencial para a energia eólica, principalmente nas regiões litorâneas e em áreas com ventos fortes. Parques eólicos estão em operação em várias partes do país, contribuindo para a matriz elétrica com sua geração limpa. A região Nordeste, em particular, é reconhecida como uma das áreas mais propícias para a energia eólica no Brasil.
- Energia solar: O Brasil também tem um grande potencial para a energia solar, especialmente nas regiões de clima tropical e subtropical. A energia solar é aproveitada através de usinas fotovoltaicas e sistemas de geração distribuída, como painéis solares instalados em residências e edifícios comerciais.
- Biomassa: Devido à sua grande produção agrícola e agroindustrial, o Brasil possui uma abundância de biomassa, que inclui bagaço de cana-de-açúcar, resíduos florestais e resíduos agrícolas. Esses resíduos podem ser aproveitados para a geração de eletricidade, calor e biocombustíveis, contribuindo para a matriz energética renovável do país.
Além dessas fontes principais, o Brasil também tem investido em outras formas de energia renovável, como a energia de ondas e marés. No entanto, essas fontes ainda são em estágio inicial de desenvolvimento no país.
No âmbito das mudanças climáticas, as energias renováveis desempenham um papel fundamental na sua proteção devido às suas características intrinsecamente mais sustentáveis e de baixa emissão de carbono.
Isso porque, ajudam a reduzir significativamente as emissões de gases de efeito estufa, pois geralmente as energias renováveis, como a solar, eólica, hidrelétrica e biomassa, possuem emissões muito baixas ou nulas de gases de efeito estufa durante a geração de eletricidade.
Ao substituir as fontes de energia baseadas em combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e gás natural, as energias renováveis ajudam a reduzir significativamente as emissões totais de gases de efeito estufa, que são a principal causa das mudanças climáticas.
Outro ponto relevante, é a redução do impacto na qualidade do ar, tendo em vista não emitirem poluentes atmosféricos nocivos durante a geração de energia, ao contrário das fontes de energia fósseis, que liberam dióxido de enxofre, óxidos de nitrogênio e partículas finas. Isso contribui para a melhoria da qualidade do ar, reduzindo os riscos à saúde humana e a ocorrência de problemas respiratórios e cardiovasculares.
A diversificação da matriz energética por meio do aumento do uso de energias renováveis reduz a dependência de combustíveis fósseis e a vulnerabilidades associadas a flutuações nos preços do petróleo e gás natural. Isso promove um aumento da resiliência energética, além de evitar os impactos econômicos negativos causados pelas oscilações nos preços das commodities.
Soma-se a isso, o impulsionamento à inovação e ao desenvolvimento tecnológico, pois estimula a inovação em áreas como armazenamento de energia, eficiência energética e infraestrutura de rede, criando oportunidades econômicas, empregos verdes e estimulando a competitividade industrial.
Por fim, o aumento da matriz renovável desempenha um papel importante na adaptação às mudanças climáticas.
Por exemplo, a energia solar pode ser utilizada para alimentar sistemas de bombeamento de água e dessalinização, fornecendo água potável em áreas afetadas pela escassez hídrica relacionada às mudanças climáticas. Além disso, a energia renovável descentralizada pode ser uma solução resiliente para comunidades isoladas ou vulneráveis em regiões propensas a eventos climáticos extremos.
Em suma, as energias renováveis ajudam a mitigar as mudanças climáticas ao reduzir as emissões de gases de efeito estufa, melhorar a qualidade do ar, aumentar a resiliência energética, impulsionar a inovação tecnológica e facilitar a adaptação às mudanças climáticas.
Ao adotar uma matriz energética mais limpa e sustentável, é possível alcançar um futuro de baixo carbono e proteger o clima do planeta.
Vale ressaltar que o potencial brasileiro para energias renováveis vai além do aspecto técnico, englobando também questões econômicas, políticas e regulatórias. É necessário um ambiente favorável para investimentos e incentivos que estimulem o crescimento das energias renováveis no país.
Sobre a colunista
Isabelle Carvalho Gonçalves é Advogada, Mestra em Ciências ciências-jurídico ambientais pela Universidade de Lisboa e especialista em direito constitucional.
Escreve como colunista e colaboradora do editorial AMBIENTAL MERCANTIL ESG, na sua coluna exclusiva “ESG E MUDANÇAS CLIMÁTICAS”. Contato via Linkedin.
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Crédito:
AMBIENTAL MERCANTIL ESG | Por Isabelle Carvalho Gonçalves, colunista e colaboradora