Agência da ONU para Refugiados alerta sobre os impactos das mudanças climáticas nas comunidades de refugiados

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Foto: ACNUR/Ricardo Ara | O Representante do ACNUR no Brasil, Davide Torzilli, e o Assessor Especial do ACNUR para Ações Climáticas, Andrew Harper, realizaram visitas técnicas em bairros impactados pelas enchentes no RS.
Foto: ACNUR/Ricardo Ara | O Representante do ACNUR no Brasil, Davide Torzilli, e o Assessor Especial do ACNUR para Ações Climáticas, Andrew Harper, realizaram visitas técnicas em bairros impactados pelas enchentes no RS.

Imagem: Divulgação | Este é um resumo do que foi dito por Andrew Harper, Assessor Especial do ACNUR para Ação Climática – a quem as citações devem ser atribuídas – na coletiva de imprensa de 28 Junho de 2024 no Palácio das Nações, em Genebra.

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Julho de 2024 – Eventos climáticos extremos devastadores e desastres naturais estão destruindo muitas comunidades onde vivem pessoas refugiadas e outras deslocadas em todo o mundo, agravando sua situação e, em alguns casos, forçando-as a se mover novamente e a recomeçar do zero. É isso que a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) tem observado com uma série de enchentes catastróficas, terremotos, ciclones, tempestades e ondas de calor que afligem cenários de refugiados e deslocamentos internos na África, nas Américas, na Ásia e em outras localidades.

No Brasil, as enchentes devastadoras no estado do Rio Grande do Sul tiraram a vida de mais de 170 pessoas, deslocaram mais de meio milhão (630 mil) e afetaram um total de cerca de 2,39 milhões de indivíduos. Entre os impactados estavam 43 mil refugiados e outras pessoas necessitando de proteção internacional, incluindo venezuelanos, haitianos e cubanos.

Refugiados descreveram às nossas equipes como escaparam da morte, perderam suas casas, pertences e até mesmo seus negócios. Nos arredores da capital do estado, Porto Alegre, uma mãe refugiada contou que sua moradia informal foi levada pelas águas e teve que buscar refúgio em um telhado, esperando por dois dias para ser resgatada.

Embora as águas estejam agora recuando, as consequências ainda estão sendo sentidas. Brasileiros e refugiados que perderam suas casas foram acomodados em abrigos de emergência ou compartilhando casas particulares com muitas outras famílias afetadas. Quase dois meses depois do início das enchentes, muitos estão optando por retornar para suas casas, mesmo em áreas de alto risco e sem condições de vida decentes. Com a aproximação do inverno e a queda das temperaturas, os riscos para a saúde também estão aumentando. As últimas enchentes seguem uma sequência de outros eventos climáticos extremos no país, incluindo incêndios recordes e uma das piores secas já registradas.

O ACNUR está trabalhando com as autoridades brasileiras para fornecer abrigo de emergência, identificar os grupos mais vulneráveis e apoiá-los com aconselhamento e encaminhamentos para assistência documental e proteção social, distribuindo itens de socorro – como esteiras, kits de higiene e utensílios de cozinha – e fornecendo apoio psicossocial e encaminhamentos para outros serviços básicos e especializados. Mas as necessidades são enormes e continuarão a crescer.

Em outros lugares, desastres climáticos também têm atingido regiões no Afeganistão, Bangladesh e África Oriental nas últimas semanas.

Em toda a África Oriental e na região dos Grandes Lagos, centenas de milhares de pessoas refugiadas e deslocadas internas ainda estão sofrendo com os graves impactos das enchentes devastadoras que varreram a região entre abril e maio deste ano. No Burundi, Etiópia, Quênia, Ruanda e Somália – os países mais atingidos – muitas casas de refugiados foram inundadas ou destruídas, e infraestruturas críticas, incluindo estradas, sistemas de drenagem e instalações sanitárias, foram danificadas. Com a perda de suas casas e meios de subsistência, muitos refugiados foram forçados a se mover novamente em busca de segurança.

O ACNUR também está preocupado com o alto risco de enchentes no Sudão e no Sudão do Sul, pois chuvas sazonais intensas estão atualmente em andamento em áreas que abrigam milhares de pessoas que fugiram do conflito mortal que dura um ano no Sudão. No Chade, que acolheu 600 mil refugiados sudaneses desde o início da guerra, chuvas intensas estão atualmente também danificando abrigos precários de refugiados e infraestrutura no leste do país.

Embora ainda haja uma janela de oportunidade momentânea para fortalecer a preparação, a falta severa de financiamento para a assistência humanitária mais básica tanto no Sudão quanto nos países vizinhos corre o risco de agravar a situação.

O ACNUR está no terreno, apoiando governos e parceiros, para fornecer assistência urgente aos mais afetados e melhorar os esforços de preparação. Como a situação deve piorar ao longo do ano, o ACNUR está lançando hoje um apelo por quase US$ 40 milhões para ajudar e proteger 5,6 milhões de refugiados, retornados, deslocados internos e comunidades locais no Burundi, Etiópia, Somália, Ruanda, Sudão do Sul e Sudão. Isso cobrirá itens de socorro de emergência, incluindo abrigo, assistência em dinheiro para ajudar as famílias afetadas pelas enchentes a comprar necessidades, além de reforçar os serviços de água e saneamento em locais de deslocamento e comunidades de acolhimento. O apoio também será destinado à reabilitação e reconstrução de infraestrutura como sistemas de água, estradas de acesso e diques de proteção contra enchentes.

O ACNUR continua a defender junto a todos os países anfitriões e à comunidade internacional a inclusão de refugiados e outras populações deslocadas em esquemas de proteção social, planos de contingência, mitigação de riscos, reconstrução e planos de adaptação. Comunidades de acolhida e governos precisam de apoio e investimentos para garantir que essas populações estejam equipadas para resistir e responder a esses choques quando eles ocorrerem, construir resiliência e começar de novo.

A frequência, intensidade e magnitude desses desastres climáticos são um sinal de alerta para o mundo que não deve ser ignorado. Embora a crise climática impacte todos globalmente, os mais vulneráveis, que menos contribuíram para as mudanças climáticas, são os que mais sofrem suas consequências. O mundo precisa agir agora para garantir que as comunidades mais vulneráveis não sejam deixadas para trás.

Site oficial: https://www.acnur.org/portugues/

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