OPINIÃO DE ESPECIALISTA: Plano de Segurança da Água – Utilizando técnicas validadas para o processo de Avaliação de Risco

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Imagem: PSA Plano de Segurança da Agua
Imagem: PSA Plano de Segurança da Agua

Imagem: Divulgação | Por Roseane Maria Garcia Lopes de Souza, Engenheira Sanitária e Ambiental, diretora da ABES e coordenadora das Câmara Técnicas de Resíduos Sólidos e Saúde Pública para o editorial Opinião de Especialista AMBIENTAL MERCANTIL NOTÍCIAS

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Fevereiro de 2024 – O Plano de Segurança da Água (PSA) é uma peça fundamental na gestão da qualidade da água para consumo humano. O PSA é um documento, baseado na metodologia integrada de avaliação e gestão de riscos que engloba todas as etapas do abastecimento de água desde o manancial até o ponto de consumo, visando desenvolver medidas de controle para assegurar o fornecimento de água segura, garantindo a proteção da saúde pública e a preservação ambiental.

A finalidade primordial do PSA é assegurar que a água destinada ao consumo humano atenda aos mais elevados padrões de qualidade e segurança, diminuindo os percentuais atribuíveis para Carga de Doenças Atribuídas a Más Condições de Água, Saneamento e Higiene.

Ao implementar o PSA, benefícios significativos são alcançados, incluindo a melhoria da qualidade da água, a prevenção de riscos à saúde pública e a garantia da sustentabilidade ambiental.

Podemos dividir o PSA em Orgânico e Inorgânico

PSA Orgânico

  • É aquele que a equipe interna responsável pela elaboração do Plano de Segurança da Água faz parte da estrutura orgânica da organização. Essa equipe integrada ao sistema de abastecimento de água lida diretamente com as atividades diárias do sistema.
  • Pode incluir membros da equipe operacional, gestores de qualidade da água, engenheiros e outros profissionais internos.
  • A ênfase está na incorporação do plano no cotidiano do sistema, com velocidade e agenda ajustadas às atividades regulares, possuindo no máximo ajuda de um consultor externo.

PSA Inorgânico

  • É aquele com a contratação externa de empresas para elaborar o Plano de Segurança da Água.
  • Essa equipe externa é temporária e traz uma perspectiva independente e expertise específica. A contratação de profissionais externos pode trazer uma abordagem rápida e objetiva. Ambas as abordagens têm seus méritos, e a escolha dependerá das necessidades específicas, recursos disponíveis e da cultura organizacional.
  • A abordagem orgânica integra o plano diretamente ao sistema, enquanto a abordagem inorgânica busca expertise externa para uma análise mais abrangente. Essa distinção pode ajudar a definir o método mais adequado para a elaboração do Plano de Segurança da Água em diferentes contextos organizacionais.

Avaliação de Risco

A avaliação de risco é um componente fundamental do PSA, envolvendo a identificação, análise e gestão dos potenciais riscos associados ao sistema de abastecimento de água. Ou seja, é um processo de comparar os resultados da análise de riscos com os critérios de risco para determinar se o risco elou sua magnitude é aceitável ou tolerável para auxiliar na decisão sobre o tratamento de riscos. Essa prática visa antecipar e mitigar possíveis ameaças à qualidade da água, proporcionando um ambiente seguro para o consumo humano.

Para realizar uma avaliação de risco eficaz, é imperativo empregar ferramentas validadas.

Várias são as técnicas consagradas pela ABNT/ISO 31.010, algumas são ilustradas na tabela abaixo:

TÉCNICASUTILIZAÇÃO
Estudo de Perigos e Operabilidade (HAZOP)Técnica qualitativa baseada no uso de palavras-guias as quais questionam como a intenção do projeto ou as condições de operação podem não ser atingidas a cada etapa do projeto, processo, procedimento ou sistema.
Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC)Fornece uma estrutura para identificar perigos e pôr em prática controles em todas as partes pertinentes de um processo para proteger dos perigos e manter a confiabilidade da qualidade e segurança de um produto, de modo que possa assegurar que os riscos sejam minimizados por controles ao longo do processo.
Técnica Estruturada “E Se” (SWIFT)É um estudo sistemático, baseado em trabalho em equipe, que utiliza um conjunto de palavras ou frases de ‘comando’ que é usado pelo facilitador dentro de uma oficina de trabalho para estimular os participantes a identificar riscos, combinando frase do tipo “e se” em combinação com comandos para investigar como um sistema, item de instalações, organização ou procedimento será afetado por desvios de comportamento e operações normais.
Análise da Confiabilidade HumanaTrata do impacto de pessoas sobre o desempenho do sistema e pode ser utilizada para avaliar as influências de erro humano no sistema, podendo ser utilizada qualitativamente ou quantitativamente.
Análise Bow Tie Maneira esquemática simples de descrever e analisar os caminhos de um risco desde as causas até as consequências. É utilizada quando a situação quando o foco estiver mais em assegurar que existe uma barreira ou controle para cada caminho de falha. É útil quando há caminhos claros independentes levando à falha.
Matriz de Probabilidade/ConsequênciaMeio de combinar classificações qualitativas ou semiquantitativas de consequências e probabilidades, a fim de produzir um nível de risco ou classificação de risco. É utilizada para classificar os riscos, fontes de risco ou tratamentos de risco com base no nível de risco. É comumente utilizada como uma ferramenta de seleção, quando muitos riscos foram identificados.
Tabela de Técnicas consagradas pela ABNT/ISO 31.010

As ferramentas e técnicas de avaliação de risco que podem ser utilizadas para realizar um processo de avaliação de riscos ou auxiliar no processo de avaliação de riscos vai depender graus de profundidade e detalhe que a organização pretender e, algumas vezes pode ser necessário empregar mais de um método de avaliação para melhor desempenho.

Em resumo, o Plano de Segurança da Água é uma medida essencial para garantir água potável segura. O uso de técnicas validadas de avaliação de risco é imperativo para alcançar os objetivos do PSA, e a presença de profissionais qualificados é fundamental para o sucesso desse processo. Ao integrar esses elementos, podemos construir sistemas de abastecimento de água robustos, seguros e em conformidade com os mais altos padrões de qualidade.

Por fim, o sucesso na implementação do PSA depende, da expertise da equipe e da inclusão de um profissional de gestão de risco. Este indivíduo desempenha um papel crucial na seleção e aplicação das ferramentas de avaliação de risco, garantindo a eficácia e relevância do PSA no contexto específico do sistema de abastecimento de água.

Sobre a autora

Roseane Maria Garcia Lopes de Souza, Engenheira Sanitarista e Ambiental
Roseane Maria Garcia Lopes de Souza, Engenheira Sanitarista e Ambiental

Eng. Roseane Maria Garcia Lopes de Souza possui graduação em Engenharia Sanitária pela Universidade Federal do Pará. Pós-graduação em Engenharia Ambiental pela Faculdade de Saúde Publica da USP. Pós-graduação em Pericia e Auditoria Ambiental pelo IPEN. Atualmente e engenheira do Centro de Vigilância Epidemiológica, Coordenadora da Câmara Técnica de Saúde Pública e de Resíduos Sólidos da ABES-SP. Secretaria executiva do Centro de Referência de Segurança da Água – Capitulo Brasil. Linkedin.

TRILOGIA DA POTABILIDADE DE ÁGUA NO BRASIL

TRIOLOGIA DA POTABILIDADE DA ÁGUA NO BRASIL: PASSADO, PRESENTE E FUTURO

A Trilogia sobre a Potabilidade de Água no Brasil: Passado, Presente e Futuro foi elaborada pela Eng. Roseane Maria Garcia Lopes de Souza e colaboradores especialistas, que analisam a Portaria GM/MS nº 888/2021 de 04/5/2021 (que dispõe sobre a alteração do anexo XX da Portaria de Consolidação GM/MS nº 5 de 28/9/2017) e apresentam suas considerações, dúvidas e preocupações à respeito.

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