Em chamas: focos de calor saltam de 2.677 no segundo trimestre para 25.441 nas áreas protegidas da Amazônia Legal

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Relatório da Synergia aponta focos de calor na Amazônia. Foto: Bruno Kelly/Amazônia Real. Wikimedia Commons
Relatório da Synergia aponta focos de calor na Amazônia. Foto: Bruno Kelly/Amazônia Real. Wikimedia Commons

Imagem: Divulgação

  • O crescimento de focos de calor em Unidades de Conservação e Terras Indígenas cresceu 850% do segundo para o terceiro trimestre de 2022
  • Desmatamento e ocupação ilegais são as prováveis causas do aumento desses focos, conforme aponta levantamento da Synergia Socioambiental
  • Apa Triunfo do Xingu, área mais afetada, registou 35 focos de incêndios a cada 24 horas no último trimestre
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Novembro de 2022 – A Amazônia Legal está em chamas mais uma vez. Unidades de Conservação e Terras Indígenas, que por definição são protegidas, chegaram a registrar 35 focos de incêndio por dia, conforme mostra um levantamento feito pela Synergia Socioambiental. No terceiro trimestre deste ano, o número de focos de calor aumentou 850% em relação ao trimestre anterior, saltando de 2.677 para 25.441 no acumulado do ano.

O levantamento que vem acompanhando a evolução do cenário durante todo o ano mostra que em três das cinco Unidades de Conservação (APA Triunfo do Xingu, Flona Jamanxim e Resex Jací-Paraná) com maiores focos de calor em 2021 apresentaram, agora, números muito superiores ao total registrado em 2021. O mesmo ocorreu na Terra Indígena Parabubure, onde se registrou 508 focos de calor no trimestre versus 417 em todo o ano de 2021, como mostra a tabela abaixo.

Crédito: Divulgação

Desmatamento

Esse aumento do número de focos de calor coincide com altas taxas de desmatamento na área da Amazônia Legal. Se no primeiro trimestre de 2022 o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) registrou número recorde de alerta de desmatamento dos últimos 4 anos (3.413 alertas), no segundo trimestre de 2022, o número de alertas mais que triplicou em relação ao primeiro (11.626 alertas). O que parecia não ter como piorar, pirou: no terceiro trimestre o número foi ainda maior, foram 26.800 alertas de desmatamento em todo território da Amazônia Legal. Ao todo foram emitidos 41.248 alertas de desmatamento, totalizando 22.896 Km2, dentro da Amazônia Legal. 

“Vemos que 2022 já superou 2021 em quantidade de focos de calor e caminhamos para o mesmo cenário trágico de 2020”, segundo Marcos Vinícius Quizadas de Lima, especialista de geoprocessamento da Synergia e responsável pela compilação e análise dos dados.

O relatório Focos de Calor mostra que foram registrados nos meses de julho, agosto e setembro deste ano o montante de 25.441 focos de calor, que representam 850% de aumento em relação ao trimestre anterior (abril, maio, junho de 2022).  

Segundo Lima, esse aumento pode estar ligado às invasões e atividades agrícolas ilegais em áreas protegidas. Além disso, outro fator que costuma provocar aumento de focos é o descontrole de queimadas realizadas fora das áreas protegidas e que, no período de pouca chuva, pode acabar saindo do controle e atingindo esses territórios no entorno.  

Crédito: Divulgação

O terceiro trimestre têm sido o mais crítico entre os períodos analisados pela Synergia. Ao correlacionar os dados utilizados no estudo, percebe-se que há uma relação direta entre o surgimento de focos de calor e os alertas de desmatamento observados pelo Programa Deter do INPE, na maioria das áreas protegidas da Amazônia Legal. A segunda Terra Indígena com mais focos de calor dentro de suas delimitações foi a TI Apyterewa, com 721 focos teve 85Km2 de alertas de desmatamento, já a Unidade de Conservação com mais focos foi a APA Triunfo do Xingu com 3.214 focos e 780 Km2 de alertas. 

“Trabalhamos com a hipótese de que a intensificação da ocupação dessas áreas protegidas, bem como o uso do fogo sem fiscalização e técnicas adequadas para áreas de plantio e abertura de acessos, resultou nesse aumento exponencial na quantidade de focos de calor na região. A situação de fragilidade dos órgãos de fiscalização e controle podem, também, ter promovido ainda mais a vulnerabilidade dessas áreas. Por isso, reiteramos a necessidade de se investir em políticas de fortalecimento, fiscalização e controle do desmatamento imediatamente, pois algumas áreas protegidas parecem estar chegando em um processo de consolidação da ocupação e degradação em que os impactos podem ou já são irreversíveis”, finaliza Lima. 

Faz parte do relatório da Synergia a evolução anual dos registros de focos de calor em áreas protegidas (UCs e TIs) na região da Amazônia Legal, conforme abaixo.  

Crédito: Divulgação

O Relatório Focos de Calor da Synergia pode ser acessado na íntegra em https://www.synergiaconsultoria.com.br/.

Sobre a Synergia

Fundada em 2005 por Maria Albuquerque, a Synergia é uma consultoria socioambiental que atende os setores público e privado, oferecendo soluções em gestão e prevenção de crises, desenvolvimento social, relações territoriais e gestão de conhecimento. Atua em todo o território nacional, atendendo às demandas dos segmentos de mineração, siderurgia, indústria petroquímica, gestão pública, agronegócio, agroindústria, saneamento, energia e gestão hídrica.

A consultoria possui o certificado internacional de qualidade ISO:9001, conquistado em 2013, graças à sua capacidade de planejamento, elaboração e execução de programas sociais, urbanos e ambientais. Já atuou em mais de 127 projetos no Brasil e em Moçambique, envolvendo mais de 1.2 milhão de pessoas. É associada ao Instituto Ethos e membra na modalidade participante do Pacto Global das Nações Unidas.

Site oficial: https://www.synergiaconsultoria.com.br

Crédito:
Imprensa | Synergia Socioambiental

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